Nossa História - O Serpaf

26/04/22 - 12:16

Amauri Artimos da Matta

A história do Serviço de Promoção ao Menor e à Família (SERPAF), criado em 1968, passa por Helena Bartholomeu Rodrigues Branco. Já a história de Helena Branco – em favor dos menores abandonados e de suas famílias – se inicia quando, em 1963, assumiu a Presidência do Núcleo da LBA de Sete Lagoas, nomeada por Berenice Catão de Magalhães Pinto, então Presidente da LBA Estadual. A Legião Brasileira de Assistência (LBA) foi fundada em 28-08-1942, pela primeira-dama Darcy Vargas, com o objetivo de ajudar as famílias dos soldados enviados à Segunda Guerra Mundial. Com o fim da guerra, tornou-se uma entidade de assistência às famílias necessitadas em geral. Há um ditado popular que diz: “Por trás de um grande homem, há sempre uma grande mulher”. Intertextualizando-o, na tentativa de resumir o pensamento de Helena Branco, que tanto fez na direção da LBA local e depois no SERPAF, poderíamos dizer: “Por trás de um menor abandonado, há sempre uma família desestruturada”. Ou seja: se o menor vive em um ambiente familiar impróprio, a chance de fugir para a rua e perder-se  é muito grande. Por isso, além de ajudar a criança e o adolescente, é preciso dar assistência à sua família, sem o que não se alcançará o resultado pretendido.     

Diversos eram os problemas que afligiam as famílias mais pobres,  e delas vinham os menores carentes atendidos no SERPAF: alcoolismo, uso de drogas mais pesadas, abandono das famílias pelos pais, brigas, ignorância, moradias insalubres, prostituição, promiscuidade, vícios em jogos, violências, salários baixos, insegurança, dentre outros. Como consequência, os meninos e as meninas ficavam expostos a toda sorte de violência: maus-tratos, estupros, agressões – caso não pedissem esmola ou roubassem – iniciação sexual prematura e solidão. Na rua, para onde fugiam ao se sentirem violentadas ou abandonadas, as crianças acabavam por usar drogas – como “cheirar cola” – ou por serem vítimas de violência policial. 

O sucesso do SERPAF, assim, está em cuidar dos menores e de suas famílias. São inseparáveis. Dona Helena Branco, no livro “Uma experiência que deu certo”, resume, em 1990, as inúmeras ações desenvolvidas no SERPAF: a) para os menores: alimentação de 1.430 menores (1 a 18 anos); Maternal; 1º e 2º períodos do Jardim de Infância; Pré-escolar; aulas escolares estaduais do 1º grau (exclusiva para os menores); reforço escolar (os meninos voltam para casa com os deveres escolares prontos, além de serem orientados nas matérias em que eles têm dificuldades); educação para a vida, para o lar e para a família; educação sexual; boas maneiras; clube dos engraxates; clubes dos lavadores de carros; recreação; esporte; educação física; marcenaria; artesanato de cipó; artesanato em madeira; serviços de manicure, de pedicure e de cabeleireiro; de “office boy”; de reparador de eletrodomésticos; mecânica de bicicleta; datilografia; trabalhos manuais em geral; tapeçaria; tecelagem; trabalhos em sucatas; formação de mão de obra (menores a partir de 12 anos); b) para os adultos: formação de mão de obra em várias áreas; corte e costura; clube de mães; clube de pais; formação familiar; encontro de casais; visita às famílias de nossos menores; aulas de formação em geral para o clube de mães e de pais; mutirão para construção de casas populares; financiamento de material de construção; registro civil; alcoólatras anônimos; ala’non; ala’tin; convênio com a Fundação Hilton Rocha para tratamento e cirurgia de olhos”; ajudas comunitárias; reciclagem para todos os funcionários do SERPAF; preparo das crianças para a primeira comunhão; atividades em todas as datas comemorativas do ano, com festividade e a participação das famílias de nossos menores; cursos sistemáticos de trabalhos domésticos, para as mães e para as irmãs de maioridade de nossos menores” (pág. 99). Helena Branco nasceu no dia 22-11-1910 e faleceu em 08-07-1997. Deixou esse grande legado para a cidade e a bela obra continua, agora sob a direção de Adriane Penna, sua neta, e de uma equipe para lá de competente! “Banco de talentos”, “Por oportunidades”, “Jovem aprendiz”, “11 Passos para a transformação”, “Escola parceira” e “Ponto de cultura” são algumas das ações atualmente desenvolvidas. Vale a pena visitar o “site” do SERPAF e conhecê-las! Trabalho bonito, de formação cidadã, que merece ser lembrado como mais um capítulo de nossa história!

AMAURI ARTIMOS DA MATTA é Promotor de Justiça aposentado, diretor do Grupo Mão Amiga e presidente do Coral Dom Silvério

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