O que não te mata de especializa

Os que conhecem sobre os contos históricos, provavelmente já ouviu a menção da linhagem cronológica de Abrãao, Isaaque e Jacó.
Contudo, nem todos sabem que o primogênito de Abrãao não foi Isaque e sim Ismael, o filho ilegítimo que ele teve com a serva de sua esposa de nome Agar, a pedido da própria Sara, sua mulher.
Sara até então não conseguia engravidar e em respeito aos princípio e tradições da época, achou na sua serva a melhor maneira de garantir a descendência de seu esposo.
Porém, pelo fruto de um milagre, em tenra idade, Sara engravidou, e o que antes era a solução se tornou um problema. Sem a menor piedade, ela fez com que Agar e o filho fosse mandados embora ao deserto, levando apenas as roupas do corpo, pão, agua e a sorte que os acompanhasse.
Ao ponto de, após longa peregrinação ao ermo, sem saber para onde ir, Agar sucumbiu diante a falta de alternativas e, sem forças físicas e emocionais, sentou na espera da morte.
Ainda sim continuava mãe, e por não aceitar ser testemunha da aflição de filho Ismael, afastou-se na “distância de um tiro de arco e flecha”, metragem suficiente para que não ouvisse o choro de fome e sede da criança.

“Então Deus abriu os olhos de Hagar e ela pôde enxergar uma fonte de boas águas. Correu até lá, encheu seu odre e deu para Ismael beber. (Genesis 21: 19)
Porém, por pior que possa parecer o cenário, sempre haverá um caminho de salvação.
Essa é a lição da história.
Diante tanto sofrimento e penúria, as lágrimas de Agar não a permitiram enxergar que havia escolhido como local de sua desistência em persistir justamente um poço que tinha dentro a fonte de águas boas.
Por mais que o fardo pareça insustentável, haverá um lugar, um caminho ou um alguém que servirá de salvação.  É assim e sempre vai ser.
A condição é que tenhamos capacidade, mesmo diante todas as frustrações e dificuldades, de conseguir enxergar onde está a nossa fonte de agua boa. 
Por vezes o sofrimento é tamanho, que ofusca a percepção e nos faz morrer de sede, ainda que debruçados sobre ela.
“Deus esteve com o menino; ele cresceu, habitou no deserto, e tornou-se um flecheiro. Ele viveu no deserto de Parã, e sua mãe conseguiu-lhe uma esposa da terra do Egito. (Genesis 21: 20 e 21)
O dito popular diz que “o que não mata, fortalece”. Dependendo da forma como a dificuldade é recebida, o aprendizado vai bem além do fortalecimento.
A mesma distância “de um tiro de arco e flecha” que outrora serviu como mensura para afastar a criança junto ao silêncio da sua morte, tornou o parâmetro da sua vida, quando fez dele um exímio arqueiro, que passou a usar  a flecha para brindar os seus longínquos anos de vida. 
Ismael se tornou um grande caçador, habilidoso com arco e flecha. A mesma criança moribunda superou aquele momento, que o fez criar forças e tornar homem prospero, pai de tribos, que morreu aos 137 anos de idade.