Água fornecida pelo SAAE é comparada com esgoto

27/04/17 - 13:30

Foto: Diego Henrique
Foto: Diego Henrique

No momento em que passa por uma prematura transição no seu comando, o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) voltou a ser bombardeado na Câmara Municipal. Aluísio Barbosa, empossado no dia 1º de janeiro, foi substituído na presidência por Arnaldo Nogueira na última segunda-feira, 17, e, por isso, nenhum representante da autarquia compareceu ao Legislativo na terça-feira, 18, quando foram apresentadas provas da péssima qualidade da água fornecida para moradores dos bairros Montreal e Luxemburgo.

 

 

O vereador Milton Martins (PSC) chegou a convidar Aluísio Barbosa para participar da reunião ordinária, mas a ausência, no dia 11 de abril, foi justificada por sua instável posição no cargo de presidente. Porém, esta semana, mesmo sem a presença do novo presidente, graves denúncias foram apresentadas em plenário. O foco foi a água fornecida para moradores na região leste da cidade. Um vídeo da água chegando à caixa d’água e em torneiras da casa de Rose de Fátima, na rua Resedas, no Montreal, indignou os parlamentares. “É uma água com aspecto e cheiro de esgoto. Há três anos convivemos com esta situação”, comentou. “Já fizemos abaixo-assinado, mas não adianta, o SAAE não faz nada”, emendou outra moradora identificada apenas como Lúcia. O vereador Milton Martins alega que o SAAE merece penas previstas no Código de Defesa do Consumidor por estar cobrando por água de qualidade tão baixa. “A água não é de graça e sim comercializada. O Procon deveria atuar neste sentido. Os moradores estão até calmos. Se fosse comigo já tinha queimado pneu em rua e protestado na porta da autarquia”, disparou.

 

 

O vereador de primeiro mandato Beto do Açougue (PSD), comerciante no Luxemburgo, revelou que encontrar água de má qualidade nas torneiras do bairro é um problema histórico. “Lá no bairro não tem como lavar roupa branca. Já foram feitos abaixo-assinados, mas nenhuma solução é apresentada”, disse. O vereador João Evangelista (PSDB) também revelou sua indignação. “São problemas crônicos e não conseguimos respostas do SAAE. Isso é simplesmente uma covardia”, disse.

 

 

SAAE RESPONDE

 

 

Procurado pelo SETE DIAS, o SAAE, por meio de uma nota de esclarecimento, explicou que os poços que abastecem os bairros fazem parte do Sistema Monte Carlo e CDI e apresentam características minerais específicas, recebem tratamento ao passar por um filtro, além da cloração. “As tubulações dos sistemas que abastecem as regiões citadas são antigas e quando o mesmo volta a funcionar, após paralisação para manutenção, podem ocorrer problemas de desincrustação na rede de abastecimento, causando o aumento de cor e turbidez. Tratam-se de problemas pontuais e de rápida resolução”, diz o comunicado. 

 

 

O SAAE ainda garante que “diariamente são executadas descargas na rede de abastecimento para evitar que maiores transtornos - como a coloração, turbidez e qualidade da água – afetem o sistema de abastecimento”. “A água fornecida pelo SAAE é monitorada diariamente através de coletas nas redes de abastecimento, reservatórios e na saída do tratamento dos sistemas, seguindo um roteiro de coleta de água préestabelecido envolvendo todos os bairros da zona urbana e rural”, completa. A autarquia ainda reconhece que problemas foram detectados em parte da região atendida pelo Sistema ETA Rio das Velhas. “Assim que atingi-da a capacidade total de operação da ETA Rio das Velhas, o sistema atual de abastecimento, através de poços tubulares profundos do Sistema CDI e Monte Carlo, serão desativados. Informamos ainda que essas medidas estão sendo tomadas em caráter de urgência para sanar definitivamente os problemas”, esclarece. Segundo o SAAE, a ETA CDI, uma aposta da administração passada, não conseguiu alcançar os índices de qualidade estabelecidos pelas autoridades competentes e reguladoras.

 

 

Renato Alexandre

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