Entrevista Elson Copafer - 'Se eleito, vou dividir meu salário entre cinco entidades filantrópicas'

08/05/20 - 13:54

O empresário Elson Copafer afirmou que não é pré-candidato a prefeito este ano, que vai  apoiar Emílio Vasconcelos e dispensará o salário de vereador – que será doado, caso eleito

 

Considerado polêmico, o empresário Elson Copafer não vai disputar a Prefeitura de Sete Lagoas este ano, mas vai participar ativamente das eleições. “O povo não votava em empresário porque diziam que, se eleito, o mesmo iria roubar. Isso é bobagem! Empresário não quer roubar nada de ninguém. Quem quer crescer na vida através da política é quem não adquiriu nada, é popular no bairro e resolve se tornar vereador”, afirmou. Ele considera que a imprensa deve ser uma aliada e o que estiver de errado deve ser revelado. “Quem boicotar projetos relevantes – por picardia política – terá o nome revelado. A mídia e comunidade vão saber. É assim que funciona”, completa Copafer.

Confira entrevista:

 

 

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Empresário durante instalação de ponte na Goiabeiras

 

Você é pré-candidato a prefeito na eleição deste ano? 

Não serei pré-candidato a prefeito. Fui para o partido do Emílio Vasconcelos, o PSB, daí está descartada a possibilidade de uma candidatura a prefeito. Mas sou pré-candidato a vereador. 

 

Por que desistiu de ser prefeito? 

Candidatei uma vez, com investimento total de R$ 23 mil na campanha de 2016, e obtive quase 2.400 votos. Foi o voto mais “em conta”, se comparado o enorme investimento dos demais candidatos na ocasião. Não vou mais investir meu patrimônio em campanha política e nem vou aceitar que alguém banque minha candidatura ao Executivo. Esse tipo de coisa sai caro depois, é colocar a cidade não mão de um investidor que vai querer tirar proveito de Sete Lagoas posteriormente. A população precisa entender isso. Ouço muito a família também. Não sou rico, o patrimônio que conquistei é da empresa. Não sou louco de jogar tudo em uma campanha política.

 

Por que a opção em apoiar o pré-candidato a prefeito Emílio Vasconcelos? 

Vejo nele, após muita conversa, uma pessoa sincera e que vai tentar pela quarta vez ser prefeito de Sete Lagoas. Acredito que ele realmente quer fazer algo por nossa cidade. O passado do pai dele também conta, não foi um prefeito ruim. Fez muita coisa. Muitas pessoas denigrem a imagem do Emílio, mas todos temos telhado de vidro – é bom lembrar disso sempre. Vejo uma vontade muito grande dele em administrar a cidade, o considero mais experiente e preparado. Mas pode ter certeza: eu vou fiscalizá-lo, não deixo coisa errada passar batido. Corrupção não faz parte do meu dicionário. 

 

Então a luta será por uma cadeira no Legislativo? 

Se eu vier candidato a vereador e for eleito, tenho um compromisso certo já: vou dividir meu salário entre cinco entidades, que serão divulgadas na ocasião. Não farei disso plataforma política, mas não quero salário de vereador. Único recurso do Legislativo que precisarei será da verba de gabinete, para bancar a estrutura de trabalho. Não quero nem carro e combustível bancado pela Câmara. Não preciso disso, tenho minha empresa, minha aposentadoria e sempre banquei os custos de se ter um veículo. Os colegas vereadores deveriam fazer o mesmo.

 

Qual sua percepção da cidade, Sete Lagoas poderia estar melhor? 

Com certeza. A arrecadação do município é fantástica. O que estão fazendo com nossa cidade é uma sacanagem: estão administrando somente para pagar o funcionalismo, tapar buracos e fazer capina de ruas. A cidade está num marasmo só. O atual prefeito, Duílio de Castro, gosta de fazer propaganda que antecipou salário, mas isso é obrigação. Quem trabalha tem que receber. Ele não é um bom gestor. É muito pouco o que estão fazendo, e não vem de hoje. Vivenciamos essa rotina de pagar funcionário, tapar buraco e limpar ruas há muito tempo. A política precisa ser mais séria. O povo precisa aprender a votar também.

 

Como avalia o Legislativo setelagoano? 

Nossa Câmara Municipal é omissa. Fazem alguma coisinha durante dois anos e nos dois anos seguintes se dedicam a fazer campanha política, visando a próxima eleição. Quem está lá sabe que de 1.500 a 2 mil votos estão eleitos e trabalham em cima desses números. Maioria dos vereadores utiliza a Câmara como meio de vida, e isso é errado. Ali não é lugar para enriquecimento próprio, ser vereador não é profissão. Fora as promessas vazias: quem executa é o prefeito, função de vereador é legislar e fiscalizar. Não serei político profissional. 

 

Como pretende ajudar Sete Lagoas? Quais os desafios do próximo prefeito? 

Sete Lagoas poderia se tornar um grande polo calçadista e do segmento de confecções. Temos os exemplos de Nova Serrana e Divinópolis, respectivamente. Temos uma rodovia que nos liga a todo o país, o aeroporto de Confins está a menos de 40 km, estamos a 70 km de Belo Horizonte, ou seja, temos o que oferecer, mas nada disso é explorado. Sete Lagoas precisa diversificar o ramo de atividades, trazer os empresários de calçados e confecções – para ficar só nestes exemplos – para de fato conhecer a cidade e seus potenciais. Mas ninguém tem cabeça para isso, essa classe política que aí está não é empreendedora. O desafio é acordar Sete Lagoas. Temos recursos para isso.

 

Quais trabalhos já realizado voltado para a população? 

Doei recentemente uma ponte para o bairro Goiabeiras - no final da Norte Sul, sentido Belo Vale - com investimento próprio de R$ 45 mil. Antes existia lá uma pinguela. Durante três anos mantive uma clínica móvel, com atendimento gratuito, em parceria com a Igreja Adventista. O trabalho parou em 2017, mas nosso objetivo é voltar em parceria com universidades. Prestávamos atendimento de controle de pressão arterial, da taxa de glicose, nutrição e outros. Vamos atrás de parceria para a clínica voltar a rodar nos bairros.

 

 

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Copafer e família: "filhos são meu maior patrimimônio"

 

QUEM É?

Natural de Divinópolis, mas morador de Sete Lagoas desde 1971, Elson Ferreira da Silva tem 60 anos e é filiado ao PSB. Casado, tem dois filhos. Foi candidato a prefeito em 2016 e teve 2.384 votos. Ele é fundador e diretor da empresa Copafer, que tem 33 anos de mercado e é especializada em material reciclável, autopeças e ferragens em geral.

 

Celso Martinelli

 

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