Assassinato de vereador de Funilândia é cercado de mistério

28/07/20 - 13:00

A Polícia Civil investiga o assassinato do vereador Hamilton Dias de Moura (MDB), que foi encontrado morto dentro de um carro, em frente à Estação de Metrô do bairro Vila Oeste, na Região Oeste de Belo Horizonte, na quinta-feira passada (23). Além de ocupar uma cadeira na Câmara Municipal de Funilândia, Hamilton também era diretor do Sindicato dos Motoristas e Empregados em Empresas de Transporte de Cargas, Logística em Transporte e Diferenciados de Belo Horizonte e Região (Simeclodif), que tem sede no bairro Barroca, também na capital mineira. 

 

O irmão do vereador, Daniel Dias de Moura, lamentou no site G1 a morte de Moura e acredita que o assassinato possa ter motivação política. Segundo a Polícia Militar, a vítima estava no banco do motorista, com várias perfurações por arma de fogo. A motivação do crime ainda é desconhecida. A polícia investiga em diferentes frentes.

 

O Simeclodif se pronunciou por meio de nota, que levanta suspeita: "Sua morte está vinculada ao clima hostil e perverso, no Brasil, contra lideranças dos movimentos populares, sindicais e sociais, com pelos menos um assassinato a cada semana. Franco, sincero e duro no debate, Hamilton Moura era o que Mao Tse Tung dizia, um bufálo de criança, pois não guardava rancores e era capaz de recompor o diálogo mesmo após embates aguerridos e tensos".

 

Abaixo, íntegra do artigo divulgado no site do Simeclodi em homenagem ao vereador e presidente do sindicato. O caso ganhou repercussão nacional: 

 

“Uma vida ceifada na covardia"

 

O dirigente sindical, presidente do SIMECLODIF, e vereador em Funilândia-MG, Hamilton Dias de Moura, foi assassinado covardemente em Belo Horizonte, na tarde desta quinta-feira(23).

 

Um ato vil e traiçoeiro, contra um lutador social que dignificou todos os espaços de militância onde atuou, que não foram poucos.

 

Sua morte está vinculada ao clima hostil e perverso, no Brasil, contra lideranças dos movimentos populares, sindicais e sociais, com, pelos menos um assassinato a cada semana.

 

LUTADOR SOCIAL DAS CAUSAS POPULARES

 

Franco, sincero e duro no debate, Hamilton Moura era o que Mao Tse Tung dizia, um bufálo de criança, pois, não guardava rancores e era capaz de recompor o diálogo mesmo após embates aguerridos e tensos.

 

Só não compactuava com a desonestidade e muito menos com quem explorava e enganava trabalhadores e trabalhadoras. Neste aspecto, Hamilton era sempre radical. Nunca exitou em enfrentar adversários que usassem sindicatos em proveito próprio, jamais se curvou aos interesses dos patrões sanguessugas nas entidades que dirigiu, dedicou-se às lutas populares contra a opressão e a exploração capitalista, ousou lutar por uma País mais justo, livre do jugo escravocrata que ainda domina as relações de classe em âmbito nacional.

 

Essa luta, a luta do povo, era o seu alimento, a sua energia. E sabia transmitir e incentivar. Mesmo sem formação acadêmica, dedicou-se aos estudos de forma autodidata e se fez conferencista, extraindo da sua vasta experiência elaborações teóricas e práticas para os conteúdos disseminados em palestras no Brasil e no Exterior.

 

Sua fidelidade à classe operária, sua dedicação ao ideal da revolução social, seu entusiasmo em lutar com o povo marcava o entusiasmo da sua militância política.

 

DIRIGENTE SINDICAL QUE REUNIA OUSADIA, CORAGEM E DEDICAÇÃO

 

No movimento sindical dedicou-se, com afinco, aos aspectos da organização e da formação ideológica dos dirigentes sindicais, demarcando um princípio: capital e trabalho são duas formas sociais que não se misturam, a opção pelo mundo do trabalho, a dedicação à causa proletária não admite conviver com o pés em duas canoas. Por isso era radical. Não admitia a conciliação criminosa de dirigentes que vendiam os direitos de trabalhadores e trabalhadoras, pelos quais se desdobrava em busca de condições dignas de trabalho e melhores salários.

 

Por isso tinha inimigos, pois não escondia as suas posições e não recuava frente aos poderosos, enganadores, exploradores, pelegos e a malta de parasitas que se enriquece explorando o trabalho alheio.

 

Essa sua postura de combatente digno, de lutador social com princípios sólidos, com certeza, está no centro do seu assassinato traiçoeiro. Crime por encomenda, execução sumária, sem chances de defesa, pois, não tiveram coragem de enfrentá-lo frente à frente.

 

Hamilton Moura era um guerreiro das causas populares e era consciente dos riscos que enfrentava, mas, não tinha maldade, era um lutador que, também, sabia ser duro sem perder a ternura. Por isso foi pego desprevenido, de tocaia.

 

Mas, a sua luta não foi em vão. O seu exemplo será uma referência para muitos outros "hamiltons", que vão continuar carregando a sua bandeira.

 

Seu nome nome será lembrado, sempre, como sinônimo de luta e determinação na defesa dos interesses do povo, dos trabalhadores e trabalhadoras, especialmente entre os motoristas profissionais do transporte urbano, do transporte de cargas, dos motoristas de ambulâncias, dos ajudantes aos quais dedicou grande parte da sua vida.

 

Hamilton Dias de Moura, covardemente assassinado, um crime que precisa e será elucidado, com a devida punição dos responsáveis, continuará vivo, na forma como descreveu Camões, como aqueles homens destacados que, "pelas suas obras valorosas, da lei da morte vão se libertando".

 

SEU LEGADO ESTARÁ SEMPRE PRESENTE

 

Ele estará presente entre os companheiros de diretoria no Simeclodif, a sua última grande obra, que darão continuidade ao seu trabalho; será sempre lembrado pelos seus amigos e companheiros espalhados em diversas entidades sindicais em todo o País; sua história está escrita nas atividades partidárias, a últimas delas como vereador em Funilândia; além de continuar vivo na saudade e na lembrança dos seus familiares.

 

Consternados, com indignação e revolta frente à essa covardia, unimos as nossas vozes em um só grito: HAMILTON DIAS DE MOURA, PRESENTE”.

 

Celso Martinelli

 

 

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