Com déficit mensal de R$ 15 mil, Apae/SL corre o risco de fechar

21/03/17 - 14:55

Cartaz na entrada da clínica informa sobre paralisação do atendimento
Cartaz na entrada da clínica informa sobre paralisação do atendimento

 

 

Desde 2006 em todo 21 de março é celebrado o Dia Internacional da Síndrome de Down. A data sempre foi motivo de comemoração, já que um de seus principais objetivos é a conscientização das pessoas sobre a importância da luta pelo bem-estar, igualdade de direitos e inclusão dos portadores. Em Sete Lagoas não existiu motivo de festa. A Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), entidade de referência no atendimento de alunos com Down e outras deficiências, passa por sua pior crise, o que provocou a paralisação no setores administrativo e, principalmente, no de atendimento clínico, esta semana.

 

A Apae de Sete Lagoas é uma referência em Minas Gerais. Com 47 anos de atuação, atende atualmente a 682 alunos em situações diversas. A entidade recebe recursos da Prefeitura por meio do Sistema Único de Saúde (SUS) e também com a cessão de pessoal que trabalha em sala de aula. O Governo do Estado também apoia com modestos recursos. O problema é que a conta não fecha.

 

José Luiz Thomé preside a Apae pela segunda vez e recorda que a penúria financeira da associação se arrasta há anos. “A balanço não fecha. Hoje temos um déficit mensal de R$ 15 mil e uma dívida acumulada de R$ 208 mil. Os débitos incluem despesas correntes como contas de água, luz, combustível e com fornecedores diversos e também folha de pagamento”, detalha.

 

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Os servidores contratados iniciaram a paralisação na última segunda-feira, 20. Protestos na porta da Apae estão sendo realizados diariamente e ganham o apoio de pais dos alunos. Entre as reivindicações estão o pagamento do 13º Salário referente a 2016, readequação dos repasses do SUS e melhoria na política pública para as pessoas com deficiência. “A Apae não vai fechar”, está sendo o principal grito dos manifestantes. José Luiz Tomé não condena o posicionamento dos funcionários e torce para que o movimento provoque resultados positivos. “Se não houver um aumento nos repasses e um apoio maior da comunidade, as perspectivas são péssimas. Sem esta força a possibilidade de fechamento existe mesmo”, afirma.

 

 

Atualmente a Apae recebe R$ 95 mil por mês do SUS, sendo R$ 57 mil do Governo Federal, R$ 13 mil do Governo do Estado e os demais R$ 25 mil de contrapartida da Prefeitura. Dinheiro utilizado diretamente no trabalho administrativo e na clínica médica que oferece diversas especialidades de consulta e tratamento. Neste trabalho estão envolvidos fisioterapeutas, psicólogas, neurologistas, ortopedistas, terapeutas, assistentes sociais, fonoaudiólogos, psiquiatras e outros. “O atendimento vai muito além da sala de aula. Infelizmente muitas pessoas não conhecem os serviços que são prestados”, afirma Flávia Campelo, coordenadora da clínica.

 

Os alunos continuam as atividades na sala de aula, mas a demanda clínica e de assistência social está momentaneamente paralisada. “Infelizmente é uma situação que provoca impacto. Muitos alunos necessitam de uma reabilitação contínua e ininterrupta. O resultado positivo pode ser prejudicado”, lamenta Flávia Campelo. Ela recorda que sempre houve atraso em salários, mas o momento confirma um “patamar institucional bem grave”. “Sempre passados por estes atrasos, mas o atendimento era mantido. Sentimos muito pelos usuários que são vítimas da falta de investimentos e das péssimas políticas públicas na área”, completa. 

 

Manifestação

Servidores da Apae e pais de alunos realizam nesta quinta-feira, 23, uma manifestação na porta da Prefeitura a partir das 8 horas. O objetivo é tentar convencer o prefeito Leone Maciel (PMDB) a aumentar os repasses para a entidade.  “Sabemos que o prefeito assumiu a prefeitura em sua situação difícil, mas o potencial econômico do município ainda é muito forte. Queremos sensibilizar não só o prefeito, mas também a sociedade civil em prol dessa causa”, avalia José Luiz Tomé. O movimento de quinta-feira pode ser um importante passo para o fim da paralisação. “Depois vamos avaliar, com segurança, se continuamos o movimento ou não”, assegura Flávia Campelo.

 

Renato Alexandre

 

 

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