Por Aloísio Vander
Coluna Espírita
Coluna Espírita | Deixai vir a mim as crianças
Na minha infância, criança não entrava em conversa de adultos. Aos oito de idade, gostava de ficar no meio do meu pai e seus amigos contadores de casos. Eu ficava ali no meio, muito excitado com a conversa, mas não podia dizer nada. Era falta de respeito.
Hoje em dia não é mais assim; criança pode falar. Aliás, deve falar e ser ouvida. Elas têm muito a dizer a nós adultos.
Também sobre este tema, o Espiritismo tem algo de importante a dizer. Na questão 379 de “O Livro dos Espíritos”, Alan Kardec inquiriu os Imortais se o Espírito encarnado numa criança poderia ser tão ou mais evoluído que o Espírito encarnado em um adulto. A resposta foi afirmativa. Sim, o Espírito que anima uma criança pode ser mais evoluído que o Espírito que anima o seu pai ou seu avô.
Exemplo clássico é Jesus, em relação a Maria e José. Ele, aos 12 anos, deixou atônitos os doutores do Templo de Jerusalém ao externar seus conceitos sobre os temas mais profundos em filosofia, religião, metafísica e outros. Francisco de Assis também era mais evoluído que seus pais. Sócrates era filho de pais medíocres...
A observação nos diz que os exemplos acima não são os mais comuns. O comum mesmo é vermos pais e filhos em patamares evolutivos bem próximos, tanto moral, quanto intelectualmente.
O mais importante é ressaltar o que diz a questão 385 da obra mencionada: “Os Espíritos só entram na vida corporal para se aperfeiçoarem, para se melhorarem. A delicadeza da idade infantil os torna brandos, acessíveis aos conselhos da experiência e dos que devam fazê-los progredir. Nessa fase é que se lhes pode reformar os caracteres e reprimir os maus pendores. Tal o dever que Deus impôs aos pais, missão sagrada de que terão de dar contas.
Assim, portanto, a infância é não só útil, necessária, indispensável, mas também consequência natural das leis que Deus estabeleceu e que regem o Universo.”
Aí está. Ouvir os filhos. Dialogar com eles. Propor, explicar, não importa a pouca idade. Evangelizá-los, então, é necessidade fundamental. Somente assim, teremos uma Humanidade mais justa e fraterna. Jesus deixou isso muito claro, ao pronunciar a inolvidável sentença: “Deixai vir a mim as crianças, e não as impeçais, porque de tais é o reino de Deus.”
Aloísio Vander
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