Fintech criada em Sete Lagoas promete inovar setor de crédito

30/10/18 - 09:59

Mercado excessivamente regulado, oligopólio com poucas e grandes empresas e falta de tecnologia. Tudo isso inviabilizaram por quase 18 anos uma ideia promissora que acaba de sair do papel pelas mãos e mentes do empresário Kefferson Jardim (Grupo Paranet) e do professor da FGV do Rio de Janeiro Marcus Quintella. Trata-se da NetCrédito, uma fintech que integra pessoas e empresas às instituições financeiras (bancos e financeiras), de forma fácil, rápida e inovadora. O SETE DIAS conversou com os sócios, que acabam de colocar mais uma startup de Sete Lagoas no mapa brasileiro da inovação. 

 

O que é uma fintech?

Fintech é um termo que surgiu das palavras financial (financeiro) e technology (tecnologia). É uma startup (empresa inovadora de base tecnológica em estágio inicial) que trabalha para inovar e otimizar serviços do setor financeiro com soluções disrruptivas e o conceito de baratear e democratizar o segmento.

 

Como surgiu a NetCrédito?

Ela foi idealizada em 2000, mas devido ao mercado financeiro ser muito fechado e, com as forças dos grandes oligopólios, não era possível implementar tal projeto naquele momento, pois as pessoas não entendiam a ideia proposta. Assim, a NetCrédito surgiu da observação do mercado financeiro, no qual as pessoas ou empresas que precisam buscar crédito ficam limitadas aos bancos onde possuem conta. Então, entendemos que o mercado não apresentava uma ferramenta para oferecer crédito em um único lugar, com a melhor taxa, baseado no cadastro informado e não em uma taxa padrão. A NetCrédito evita que a pessoa tenha de ir em outra instituição financeira para abrir uma conta e levar toda documentação. Basta fazer um só cadastro, sem custo algum, e, assim, solicitar seu empréstimo ou financiamento. O cliente escolhe a taxa da instituição que lhe interessar e a transação é realizada conceitualmente 100% online, permitindo uma maior agilidade, sem deixar de lado toda a segurança necessária. 

 

O que a NetCrédito tem de diferencial em relação a outras startups semelhantes?

A NetCrédito não é uma financeira como 95% das startups desse segmento. Desejamos proporcionar aos clientes, pessoas físicas ou jurídicas, uma oportunidade de conhecer taxas diferentes, a partir do seu cadastro. Não existe uma taxa padrão, pois as taxas são definidas de acordo com o perfil de cada cliente, além de permitir um comparativo das taxas, dando opção para o cliente escolher o que melhor lhe atende. Nosso modelo de negócio é gerado no ganho de pequenos percentuais pagos pelas instituições financeiras pelos contratos fechados. No modelo tradicional, o cliente precisa ir às instituições financeiras, realizar um cadastro detalhado, abrir uma conta e, para cada análise, terá impacto em seu score, ou seja, um modelo desgastante e oneroso que nem sempre reflete em melhores taxas.

 

Já houve propostas de investimento ou venda?

Sim, já recebemos várias propostas de investimentos e de compra, porém, não foram propostas justas, pois como a plataforma não tinha sido ainda lançada no mercado, o valuation da NetCrédito ficava muito baixo das expectativas e os mesmos interessados, após o lançamento, já sinalizaram interesse em negociar. Nosso objetivo é realizar o MVP (mínimo produto viável) com investimento próprio e, após essa fase, começar a analisar as propostas de investimentos.

 

O que já tem de MVP rodando e faturando?

A plataforma foi lançada em 24 de setembro de 2018 e o MVP foi definido com foco em uma região específica de Minas Gerais, em poucas cidades. Os resultados já alcançados superam totalmente as expectativas, pois com pouco tempo e baixo investimento, já foi ultrapassada a região planejada, atingindo 50 cidades em todo o Brasil, com uma taxa e conversão acima das nossas expectativas. Dessa forma, a plataforma começou a faturar antes do esperado.

 

Como pensam em expandir a empresa?

Vamos expandir o negócio focando em soluções simples que proporcionem aos clientes confiança e resultado. Para isso, estamos buscando parcerias com instituições financeiras que apresentem as melhores oportunidades para o mercado, além de estarmos construindo novas funcionalidades que entendemos ser extremamente disruptivas, sempre focados na democratização e redução do custo do crédito. Na segunda fase do projeto, vamos buscar uma atuação nacional. O crédito no Brasil ainda é muito caro, pois é concentrado em cinco bancos que dominam mais de 80% do mercado. O Banco Central tem realizado movimentos para descentralizar essa concentração com algumas resoluções, o que irá permitir às fintechs terem uma atuação muito mais forte para baratear o custo do dinheiro no Brasil

 

Os sócios

Kefferson Jardim é formado em Eletrônica pela ETE, Polo de Tecnologia de Santa Rita do Sapucaí, bacharel em Direito pelo Centro Universitário Unifemm e especialista em Direito Digital, pós-graduado em Direito de Processo Civil com MBA em Controladoria e Auditória. Empresário, é sócio das empresas StharParanet Tecnologia, Agência i2, Sym Brasil Tecnologia, WSiteBrasil, e Marcas Brasil on-line. Membro da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico, diretor da CDL Sete Lagoas e vice-presidente da CDL Pará de Minas.

 

Marcus Quintella é doutor em Engenharia de Produção, mestre em Transportes, pós-graduado em Administração Financeira e engenheiro civil. Consultor em estruturação de negócios de transportes na FGV Projetos. Sócio-diretor da Marvin Consultoria e Treinamento. Foi diretor de engenharia da Odebrecht TransPort Participações e diretor técnico da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU). Professor de Finanças e coordenador de vários cursos de pós-graduação da FGV. Foi professor do mestrado em Transportes do IME e de Dinanças do IBMEC. Autor dos livros "Finanças Corporativas e Análise de Projetos de Investimento" e "Empreendedorismo e Gestão de Negócios".

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