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Flávio de Castro: Aristocracia do brejo

05/12/18 - 13:40

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Em respeito ao momento de crise, a Câmara Municipal adiou a solenidade de inauguração da nova sede, que seria no último sábado, no aniversário da cidade. Teria sido um bom motivo, em boa data. Inadvertidamente, a Câmara acusou o golpe. Se fosse uma solenidade pública, aberta a todo cidadão, com banda, bênçãos e discursos, que conflito haveria com o momento de crise? Mas, não: a solenidade seria um coquetel para apenas 300 pessoas. O mundo acabando e a Câmara festejando. Aí, sim, um acinte! Como no Baile da Ilha Fiscal: a monarquia indo a pique e a aristocracia lá, comendo faisão.

 

Aristocracia é uma boa analogia. É uma questão cultural. Um resquício da corte carioca. As autoridades brasileiras tendem sempre a se sentir aristocratas. Dias atrás, a revelação do número de funcionários do STF deixou o país boquiaberto. É de fato uma corte do século XIX. O luxo de presidentes e governadores, muito além das questões de segurança, é um exagero. Medidas as proporções, os privilégios de vereadores vão além de qualquer bom senso: verbas adicionais, carros alugados, gasolina de graça. Nada disso é normal! Em países muito mais evoluídos do que o nosso, em cidades muito mais importantes do que a nossa, juízes, deputados, prefeitos vão ao trabalho de metrô. São trabalhadores!

 

É preciso desnaturalizar esse modelo de aristocracia do brejo. Quando se compara esse padrão, seja de vereadores ou de juízes do STF, com a pobreza do país, ele soa ridículo. Autoridades precisam ser vistas e viverem como trabalhadores. Por isso mesmo, por exemplo, não parece correta a ideia de que a vereança seja um cargo honorífico, sem salário. De forma alguma! Só rico será vereador, trabalhador jamais poderá sê-lo. Vereador deve receber salário digno por um trabalho de dedicação integral e não por um “bico”. Salário e só! Sem penduricalhos, sem gasolina para dar volta à terra, sem bailes exclusivos. Festa? Que pague do próprio bolso!

 

É uma questão de valor. Nós temos um sistema político que é caro. Um sistema político que movimenta muito dinheiro e que passou a idolatrar o dinheiro. Essa idolatria é a porta de entrada da corrupção. É preciso pensar num sistema austero. Em “momento de crise” ou não.

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