Formação acadêmica integrada à cidade

16/01/17 - 08:03

No final do ano passado, um ponto de ônibus na Avenida Marechal Castelo Branco chamou a atenção dos sete-lagoanos. A surpresa não foi apenas em razão desses abrigos serem raros na cidade, mas pelo fato dele ter sido projetado e construído, com tecnologia sustentável, não pela Prefeitura, mas por alunos do curso de Arquitetura e Urbanismo do UNIFEMM. E, sobretudo, por alunos iniciantes, ainda no 2º período. Ao comentar esse fato, o coordenador do curso e colunista do SETE DIAS, Flávio de Castro, foi direto: “Não existe acaso! O projeto do grupo Ecodesign reflete o pensamento do curso de Arquitetura e Urbanismo do UNIFEMM. Desde o primeiro dia, propomos aos nossos alunos discutir arquitetura, necessariamente, integrada à cidade. O ponto é um objeto arquitetônico com visão urbana, preocupado com valores de sustentabilidade e com a ocupação do espaço público”.

Implantado há apenas dois anos, o curso do UNIFEMM inovou por sua ênfase em cidade e por incorporar ferramentas de geoprocessamento. Os trabalhos desenvolvidos, nesses quatro semestres, já sinalizam o acerto dessa decisão, em que a produção arquitetônica tem um ganho decorrente da maior capacidade de análise espacial dos alunos. “O ensino tradicional de arquitetura sobrevaloriza o objeto arquitetônico. Essa é uma visão ultrapassada. O curso do UNIFEMM busca um equilíbrio, trabalhando a edificação sempre no contexto urbano. Isso, na prática, aponta para o alargamento do campo de atuação profissional”, explica Flávio de Castro.

 

 

Da arquitetura ao urbano, 

do urbano à arquitetura

O curso tem levado os alunos a transitarem, permanentemente, da escala do objeto para a escala urbana e vice-versa. Já a primeira disciplina de projeto tem trabalhado o tema da habitação dentro de contextos urbanos reais como a Rua Santa Juliana ou o bairro Santa Rosa. A segunda, com Unidade Básica de Saúde, com um programa de espaços e em um terreno informados pela Prefeitura. A ideia é nunca trabalhar com situações hipotéticas, mas sempre em contextos sociais, ambientais e urbanos reais, locais e regionais, e instigar os alunos a conhecerem, analisarem e reagirem a esses contextos particulares.

Em sentido inverso, disciplinas, em tese, urbanísticas, como Ambiência Urbana e Sustentabilidade, têm provocado os alunos a estudarem contextos urbanos para, ao final, proporem intervenções também arquitetônicas, como, por exemplo, em projeto de humanização do boulevard da rodoviária.

Nesse objetivo, o geoprocessamento tem agregado um conhecimento fundamental. No último semestre, os alunos do 4º período, na disciplina de Prática Simulada de Análise Espacial, estudaram a drenagem urbana de Sete Lagoas, com levantamentos físicos e análise de sustentabilidade das cinco principais bacias que drenam a área urbana. “O geoprocessamento favorece uma melhor percepção do espaço urbano, em toda sua complexidade, contribuindo para que arquitetos urbanistas sejam agentes de melhoria efetiva da qualidade de vida da cidade”, comenta Gisela Avellar, coordenadora do curso de Geoprocessamento do UNIFEMM.

imagem

 

Centro de referência em cidade média

Assim como um curso de Medicina, sabidamente, fortalece a área médica e de saúde de uma cidade, a perspectiva é que um curso de Arquitetura e Urbanismo com as características do UNIFEMM forme uma massa crítica que dê uma nova dinâmica ao debate local sobre política urbana. 

“Com o número e a qualidade dos arquitetos que Sete Lagoas tem, é difícil explicar porque as questões urbanas têm tido tão pouca relevância na cidade. Nossa pretensão é a de desempenhar um papel catalítico, dando novo vigor à exploração de novas formas de exercício profissional e ao debate sobre política urbana, em cidades como a nossa. Isso fortalece o lugar do UNIFEMM como um centro de referência em temas relativos a cidades médias”, avalia Flávio de Castro.

 

Agenda 2017: Cine Rivello

Neste 1º semestre de 2017, o curso de Arquitetura e Urbanismo do UNIFEMM coloca um novo tema público em sua agenda: a proposta é que o 5º período, na disciplina de Projeto de Arquitetura de Interiores, explore novas possibilidades de uso para o espaço do antigo Cine Rivello. “É um jogo de ganha-ganha. Sete Lagoas nos oferece um espaço de trabalho extraordinário, nós retribuímos pautando esse tema e contribuindo para superação do impasse que tem onerado tanto a família proprietária quanto a cidade. É uma maneira criativa de estudar arquitetura de interiores, associada a preservação de patrimônio cultural e ao estudo de viabilidade econômica de novos negócios”, conclui Flávio de Castro.

imagem

 

Por Renanto Alexandre

Veja Mais