O zumbido insistente dos pernilongos vem tirando o sono de moradores de Sete Lagoas. A infestação ocorre em diversas regiões e até foi assunto de questionamentos da Comissão de Saúde a Meio Ambiente da Câmara Municipal. O departamento responsável pelo combate aos insetos vive com uma estrutura precária, mas, na medida do possível, realiza ações para tentar exterminar os visitantes indesejados.
Jane Aparecida Rocha, moradora do bairro Jardim Arizona, tenta encontrar uma explicação para a presença tão incômoda em seu apartamento no terceiro andar de um prédio. “Diziam que os pernilongos não subiam tão alto. Esses são diferentes, aparecem todo dia. É preciso ficar com janelas fechadas para conseguir dormir”, explica. Muita gente tenta buscar uma solução caseira para o problema. Repelentes, inseticidas e a tradicional raquete elétrica são as principais armas contra a infestação. “Já teve semana que vendi 30 raquetes. É o brinquedo da moda”, comenta o vendedor Daniel Ribeiro. O equipamento custa entre R$ 16 e R$ 20.
O vereador Gilson Liboreiro (PSL), presidente da Comissão de Saúde e Meio Ambiente do Legislativo, levou o assunto para o plenário. Ele apresentou à reportagem um ofício em que solicita da Secretaria Municipal de Saúde o combate ao mosquito por meio do veículo conhecido como “fumacê”. “Temos recebidos denúncias e reclamações sobre esta infestação que atinge a cidade inteira”, justifica.
Gilson Liboreiro também mostrou um ofício de resposta recebido da Secretaria Municipal de Saúde, assinado pela Superintendente de Vigilância Epidemiológica, Sueli Barbosa dos Santos Lacerda. O documento esclarece ações contra o pernilongo realizadas desde 2013. Segundo informações, foram catalogados todos os cursos de água (córregos e seus afluentes) que são grandes criadouros de mosquitos. “Atualmente estamos realizando a aplicação de inseticida (controle químico) e larvicida (controle biológico). Essa ação contribui para o controle da população de pernilongo Culex e deve ser concomitante com o controle mecânico”, explica.
Nivaldo Santos, referência técnica no controle de vetores, é funcionário efetivo do Ministério da Saúde, mas, desde 2011, está cedido ao município e coordena os trabalhos de combate ao pernilongo Culex (comum) e ao Aedes aegypti. Apesar de comandar uma pequena equipe e com uma estrutura precária, ele confirma que o trabalho de combate está sendo realizado em várias regiões da cidade. “Nossa equipe realiza ações de manhã e à tarde. Estamos atacando pontos críticos onde é grande a infestações do mosquito”, comentou.
O Programa Municipal de Manejo Ambiental cuida diretamente das ações. A meta inicial é cuidar de 36 quilômetros de córregos que cortam a área urbana do município. “Além disso, temos que trabalhar nas lagoas e galerias de água pluviais”, completa. Porém, a utilização do veículo “fumacê” neste momento está descartada. Nivaldo Santos afirma que o equipamento, de responsabilidade do Governo de Minas, só é disponibilizado nos momentos do ano quando o risco de proliferação do Aedes aegypti aumenta. “O equipamento que utilizamos são os termonebulizadores, para aplicação de produtos em córregos, lagoas e passagens de água pluviais”, reforça.
Nivaldo Santos tem uma previsão otimista para os próximos dias. Não pelo resultado do combate, mas pela chegada da chuva. Segundo ele, a proliferação dos pernilongos é maior no tempo seco. “Quando não chove, os depósitos não são lavados, o que aumenta a proliferação dos mosquitos”, justifica.
Renato Alexandre