Quem passa pela MG-238, estrada que dá acesso à Jequitibá e Baldim, está acostumado a ver as indústrias que movimentam a região: Iveco, Ambev e Ompi, entre outras. Porém, no último mês, uma movimentação diferente pode ser vista do lado direito da pista, sentido Jequitibá. Um grande canteiro de obras, com tratores e máquinas realizando a terraplanagem do que, em breve, será a nova fábrica de embalagens da Ambev na cidade, com investimentos da ordem de R$ 1 bilhão.
A história por trás da vinda da nova fábrica para Sete Lagoas, porém, é cercada de reviravoltas e jogadas políticas. Inicialmente a fábrica seria construída em Mariana, em 2017, por meio de um acordo com o Governo do Estado, que na época via a nova fábrica como uma compensação econômica pelas perdas de empregos em decorrência da tragédia da Samarco.
"Em maio daquele ano o então secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo e presidente da ACI de Sete Lagoas, Bruno Violante, visitou, junto com o então prefeito Leone Maciel, a fábrica da Ambev em Sete Lagoas. Em junho ele teve a notícia de que Mariana receberia a fábrica da Ambev", conta Heloísa Diniz Frois, superintendente executiva da ACI Sete Lagoas.
Prefeitura e ACI, então, iniciam as discussões junto ao Instituto de Desenvolvimento Industrial de Minas Gerais (Indi) com o objetivo de dissuadir o Estado de apoiar a ida da fábrica para Mariana e trazê-la para Sete Lagoas. "Nessa reunião, a presidente do Indi, Cristiane Serpa, deixou claro que se fossem mantidos à Ambev os mesmos benefícios oferecidos por Mariana, a decisão final ficaria a cargo da empresa", conta Heloísa. A partir daí houve uma verdadeira corrida para que Sete Lagoas tivesse uma Lei Ambiental Municipal de grau 3, imprescindível para a indústria instalar aqui sua nova unidade, além de diversas outras licenças ambientais junto ao Governo do Estado. As secretarias de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente, então, iniciam um trabalho conjunto, enquanto buscaram junto à Cemig um projeto de geração e transmissão de energia para a área pré-escolhida para implantação da indústria, em frente à atual fábrica.
Meio Ambiente
De acordo com o secretário municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade, Nadab Abelin, a obra está com as devidas licenças ambientais. "A fábrica de latas da Ambev obteve anuência do Município no dia 30 de janeiro do ano passado. A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) emitiu licença ambiental no dia 13 de dezembro. Já o Conselho Municipal de Conservação e Defesa do Meio Ambiente (Codema) validou o pedido de supressão arbórea, a pedido da Ambev, em 20 de dezembro", informa.
"Atualmente a Superintendência Regional de Meio Ambiente da Semad realiza os procedimentos para o licenciamento dos empreendimentos classificados nos níveis 2,3,4,5,6,7... de pequeno a grande impacto ambiental. Estamos buscando junto à Semad trazer essa competência para o Município, primeiramente, até o nível 4. Em resumo, é dar autonomia ao município, que hoje já emite a anuência para instalação do empreendimento, para licenciar e fiscalizar o emprendimento local. Significa, para as empresas, uma redução de no mínimo 50% do tempo previsto para o licenciamento", explica o secretário.
O SETE DIAS tentou contato com a Bios, empresa responsável pelo licenciamento ambiental da obra, mas ninguém quis comentar. A reportagem também fez contato com a assessoria de imprensa da empresa paa saber sobre prazo de conclusão da obra e geração de empregos mas, até o fechamento da edição, não obteve retorno.
Marcelo Sander
