Prefeito de Sete Lagoas é criticado por guarda e manda punir funcionário, segundo jornal O Tempo

09/01/19 - 09:30

Prefeitura se defendeu, em nota.
Prefeitura se defendeu, em nota.

Segundo matéria publicada nesta quarta-feira, 9, na coluna A.Parte, do jornal O Tempo, de Belo Horizonte, o prefeito Leone Maciel teria solicitado a punição de um guarda civil municipal após o servidor fazer críticas à administração municipal nas redes sociais. 

 

Em uma série de postagens em datas distintas, o guarda Geraldo de Assis Moreira Júnior criticou a gestão de Leone devido aos atrasos no pagamento de salários. De acordo com o servidor, a dívida da prefeitura com o funcionalismo público tem acarretado diversos problemas e fez com que as comemorações de fim de ano dos trabalhadores fosse prejudicada.

 

"A gente trabalha, não falta ao serviço, para chegar ao final do mês e não receber nada. Passamos o Natal e o Ano-Novo com dificuldades. Sou assalariado, vivo do meu salário, e o prefeito não aceita que eu reclame. O salário de outubro foi pago com atraso. Já o de novembro e o dezembro ainda não foram pagos", escreveu o servidor.

 

Em uma publicação encontrada pelo Aparte na rede social do guarda municipal, datada de 27 de dezembro de 2018, o funcionário público atribui a falta de pagamentos ao inchaço da máquina pública. "Servidores da prefeitura de Sete Lagoas. Devido à má (má não, péssima gestão), este ano não teremos mais salários. Que em 2019 as políticas sejam melhores, com gente competente. Até os mais leigos e céticos estão vendo que é devido ao inchaço da máquina pública. A vaca foi e atolou literalmente no brejo. O descaso e a falta de respeito foram marcas registradas dessa administração", publicou o guarda na postagem.

 

No dia 3 deste mês, o comandante da Guarda Municipal de Sete Lagoas, Fabrício Dênis Soares, expediu um comunicado a Moreira Júnior pedindo que ele explicasse os motivos que o levaram a fazer as publicações. A solicitação foi um pedido direto do prefeito. "A notificação veio por meio de outro guarda que estava no meu turno, não por meus gestores imediatos. Não concordei com isso e, por isso, não assinei o recebimento", afirmou o servidor do município.

 

Em nota, a assessoria de imprensa da Prefeitura de Sete Lagoas informou que "os ataques via redes sociais foram em direção à administração pública e, por lei, tais procedimentos devem ser apurados pelos órgãos de controle interno da administração". O Executivo também alegou que “tais registros, em tese, atingiram a dignidade do cargo de prefeito”. Segundo a nota, a ação do guarda municipal, "supostamente, transgrediu o regimento interno da corporação, o Estatuto do Servidor Público e, em tese, até o Código Penal Brasileiro ao fazer ataques diretos a sua chefia, já que o prefeito é o chefe da Guarda Municipal".

 

No caso de instauração de processo administrativo, a prefeitura informou que o servidor pode estar sujeito a advertência, suspensão ou até mesmo exoneração do cargo, dependendo da apuração dos fatos. Sobre a entrega do comunicado ter sido feita a Moreira Júnior por outro guarda municipal, o Executivo justificou que a entrega não foi realizada pela chefia imediata por um desencontro em escalas de trabalho.

 

A prefeitura calcula que deixou de arrecadar R$ 121 milhões devido à falta de repasses constitucionais por parte do governo de Minas, ainda na gestão de Fernando Pimentel (PT). Com isso, até o momento, apenas os servidores públicos com vencimentos de até R$ 1.200 receberam o salário de novembro integralmente. “O pagamento do 13º salário e o mês de dezembro, que vence esta semana, ainda estão sem previsão”, informou a administração.

 

Marcelo Sander via Bruno Menezes (O Tempo)

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