Pretendentes aguardam por crianças para adoção em SL

29/05/17 - 13:30

As filhas Caroline (esquerda) e Tayane com seus pais, Maria Regina e Giovani
As filhas Caroline (esquerda) e Tayane com seus pais, Maria Regina e Giovani

Desde 1996, em todo 25 de maio é comemorado o Dia Nacional da Adoção. Segundo o Conselho Nacional de Justiça, existem no Brasil 46 mil crianças e adolescentes vivendo em abrigos. Destes, apenas 7.493 estão no Cadastro Nacional de Adoção, ou seja, 16,3% do total. Os números são ainda piores se contarmos apenas as crianças totalmente disponíveis para adoção: 4.826 (10,5% do total). Por outro lado, há 39.447 pretendentes a pais habilitados.

 

Juizado

 

Em Sete Lagoas, de acordo com o departamento de Assistência Social do Juizado da Infância e da Juventude, o cenário é semelhante. Em toda a comarca, que compreende os municípios de Sete Lagoas, Jequitibá, Santana de Pirapama, Baldim, Funilândia, Inhaúma, Cachoeira da Prata e Fortuna de Minas, no momento simplesmente não há crianças para adoção, enquanto 60 pessoas estão na fila como pretendentes. O prazo de adoção varia de caso a caso mas, em média, leva entre oito meses e um ano, desde que o pretendente entregue toda a documentação exigida e possua os critérios mínimos necessários. 

 

O departamento conta com as assistentes sociais Maria Cristina de Lima e Rosângela Torres, além da psicóloga Simone Sani Silva e da estagiária Layla Figueiredo Silva. As decisões são tomadas pela juíza Dra. Daniela Diniz. Sete Lagoas possui três abrigos públicos, as repúblicas Bem Viver, 1, 2 e 3, que atualmente mantêm 18 crianças. “Há muita rotatividade. A maioria dessas crianças e adolescentes ainda está em processo de reintegração familiar, mas podem entrar na lista para adoção a qualquer momento”, diz Rosângela Torres. Uma questão que se impõe, segundo a assistente social, é a preferência dos pretendentes, na maioria das vezes, por crianças até 4 anos de idade. “Isso dificulta a adoção. Este ano, por exemplo, apenas três crianças foram adotadas, sendo que duas delas vieram de outra comarca”, revela.

 

A decisão

 

A diretora de auto-escola Maria Regina Ribeiro, casada com Giovani Márcio Ribeiro há 13 anos, é mãe adotiva de Tayane e Caroline. Na impossibilidade de engravidar, ela e o marido recorreram à adoção. “Sou evangélica e conheci uma menina que me incentivou à adoção, pois ela era adotada e sempre quis ser mãe. Por problemas de saúde eu não poderia ter”, conta. 

 

Maria Regina entrou com o pedido em 2014, foi habilitada em 2015 e em 2016 saiu a adoção. “Em setembro do ano passado peguei a guarda provisória das meninas. Tayane com sete anos e Caroline com cinco anos”, lembra a diretora, que não tem filhos biológicos. “Elas já vieram sabendo de todo o processo de adoção. Sempre falo a verdade e explico tudo que elas me perguntam”, diz a mãe. 

 

De acordo com Maria Regina, as irmãs são as “queridinhas da família”. “Todos os parentes as receberam com muito amor e carinho”, recorda. Ela, porém, se queixa da burocracia e demora do processo. “No Brasil o processo muitas vezes é burocrático, nos exige muito. As famílias preferem adotar recém-nascidos, o que dificulta. Já na adoção tardia, o processo é bem rápido”, afirma.

 

Indescritível

 

Há muitos fatores que motivam alguém, independentemente de gênero, condição social ou estado civil, na decisão de percorrer as trilhas da adoção, mas quem adota tem a certeza de que todas as pedras não estavam no caminho por acaso. “Um dos momentos mais esperados e emocionantes é quando a Vara da Infância te informa que existe uma criança com seu perfil desejado e você tem o interesse em conhecê-la pessoalmente. As emoções são indescritíveis e com certeza ficarão guardadas em um cantinho muito especial da minha lembrança”, conta Maria Regina, que acredita na adoção como um processo de construção que precisa de paciência e apoio. “Todos nós devemos ser adotados, seja pela familia biológica ou adotiva. Só assim construiremos um mundo melhor”, completa.

 

Grupo de Apoio

 

Em Sete Lagoas há um Grupo de Apoio à Adoção (GAA), chamado “Amor Pra Toda a Vida”, criado pela produtora cultural Elaine Loures, que também passa pelo processo de adoção. Para quem desejar conhecer, ajudar ou participar do grupo, basta entrar em contato pelas redes sociais: Facebook: @amorpratodavidasetelagoas ou pelo telefone: (31) 99130-2791. No site gaabh.org.br/quer-adotar também é possível tirar várias dúvidas sobre adoção. Para saber mais sobre o tema, o telefone da Assistência Social do Fórum de Sete Lagoas é (31) 3779-5953.

 

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Equipe de Assistência Social do Juizado da Infância e Adolescente de Sete Lagoas, a partir da esquerda: a psicóloga Simone Sani Silva, a estagiária Layla Figueiredo Silva e as assistentes sociais Rosângela Torres e Maria Cristina de Lima

 

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Marcelo Sander

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