Quando a previsão do tempo falha

15/12/17 - 12:42

No último fim de semana, todos os sites meteorológicos previram chuva, sobretudo no sábado, 9, quando os índices pluviométricos seriam os maiores do período. Quem dependia profissionalmente do tempo firme, se precaveu e cancelou eventos, como a Feira da Família no Shopping Sete Lagoas e as apresentações teatrais da Preqaria Cia de Teatro, marcadas para a feira do Boa Vista, na manhã de domingo, 10. Em vão. Não só a chuva não veio como fez sol durante todo o fim de semana em Sete Lagoas.

 

Perderam os feirantes, que deixaram de vender seus produtos, os artistas, que deixaram de mostrar sua arte, o produtor, que arcou com os prejuízos financeiros, e o público, que perdeu um espetáculo de alta qualidade. "A gente fica refém da chuva nessa época do ano. Tivemos que mudar datas e locais algumas vezes por conta da chuva e perdemos público com isso. Trocamos de última hora as praças por igrejas e colégios. Então, um público que seria de 500 pessoas, passa para 100", lamenta o diretor teatral João Valadares, da Preqaria Cia de Teatro. 

 

Em busca de respostas para entender essa falha na previsão do tempo, o SETE DIAS mais uma vez recorreu ao pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo, Daniel Guimarães. "Os modelos de previsão - o nome já indica que é previsão - trabalham com simulações de deslocamentos de camadas atmosféricas e são sujeitos à alterações frequentes. Quanto mais distante o período de previsão, maior a chance de erros. As previsões que estamos acostumados a ver na TV são feitas à noite com duração de poucas horas porque normalmente falam das condições esperadas para o dia seguinte", explica Daniel.

 

Segundo o pesquisador, de modo geral, as previsões têm um elevado percentual de acerto, mas erros podem acontecer. "Normalmente as previsões estão associadas à um intervalo de confiança que dá a probabilidade de acerto. Os modelos são ajustados a partir de observações da atmosfera e erros na medição podem acarretar sérios problemas no processo de modelagem", justifica.

 

Outra questão fundamental, de acordo com ele, é que os modelos fazem previsões para uma determinada área e não para um local específico. "Se um modelo tem a área de previsão com resolução espacial de 20 km por exemplo, pode ser que a chuva tenha ocorrido fora da área urbana ou até no município vizinho", comenta.

 

O pesquisador revela que o caso de Sete Lagoas é ainda mais complexo, pois muitas vezes o município fica no limite entre as áreas onde existe previsão de chuva ou estiagem, principalmente quando as frentes frias têm origem polar. "Nesse caso, as chuvas atingem o sul do Brasil, São Paulo, Rio de Janeiro e parte de Minas Gerais, incluindo o Triângulo Mineiro, Sul de Minas e Região Metropolitana de BH, podendo chegar ou não a Sete Lagoas", completa.

 

Previsão

O portal meteorológico Meteoblue prevê certa estiagem de chuvas ao longo da semana. Ainda haverá precipitações nesta sexta e sábado, dia 15 e 16. De segunda a quinta a água dá uma trégua, mas deve voltar paulatinamente a partir de sexta, aumentando de intensidade até segunda, dia 25. O Natal deverá ser, portanto, chuvoso. Ao longo das próximas duas semanas as mínimas devem variar entre 17º e 20º e as máximas entre 26º e 29º.

 

Marcelo Sander

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