Show do Thiaguinho: centenas de clientes ainda não receberam dinheiro de volta

27/10/16 - 14:17

Ex-sócios Genilson
Ex-sócios Genilson "Vagalumes" e Dimas Campos divergem sobre responsabilidades

De um lado, fãs insatisfeitos. De outro, ambos os produtores se dizendo vítimas do ex-sócio. Em comum, todos alegando prejuízos financeiros devido à não realização do show que o cantor Thiaguinho faria no Shopping Sete Lagoas no dia 22 de julho deste ano. Desde então poucos conseguiram reaver o dinheiro dos ingressos adquiridos. "Comprei dois ingressos para o show. Fomos informados que haveria o reembolso mas até agora nada. Os produtores divulgaram telefones de contato mas nunca atendem. No Procon Municipal, me mandaram procurar um grupo de pessoas na mesma situação e entrar no Pequenas Causas", indigna-se o servidor público Rodrigo Faria. "O Genilson criou um grupo no WhatsApp com mais de 30 consumidores. Ele e o Dimas ficam brigando lá mas não dizem quando vão nos reembolsar", cobra Rodrigo. A consultora Ellen Marques, participante do grupo, comprou três ingressos no total de R$ 120. "Fui no Vagalumes logo depois da Exposete e, depois de quase duas horas esperando, só consegui receber o reembolso de um ingresso. Como comprei na Unopar, o Genilson disse que o Dimas é quem tem que devolver o dinheiro, mas ainda não consegui receber", diz. 

 

Genilson "Vagalumes", um dos produtores, acusa o ex-sócio e também produtor do show Dimas Campos de desaparecer sem dar maiores explicações. "O Dimas sumiu, desapareceu, estou sozinho para pagar a devolução dos ingressos. Ele alega que investiu R$ 10 mil no show mas eu tenho uma dívida de R$ 60 mil pra pagar, incluindo os ingressos e os fornecedores", lamenta Genilson. Segundo o produtor, Dimas teria dito que, como o show deu problema, não iria mais trabalhar com shows e que só devolveria os valores dos ingressos adquiridos na Unopar, parceira do evento. "É porque o cunhado dele trabalha lá", afirma Genilson. Dimas era empresário do grupo de pagode Samboleiros, que faria o show de abertura na ocasião. "Fiquei chateado do Dimas falar mal de mim nas redes sociais. Infelizmente foi uma sociedade que deu errado e ele está correndo da responsabilidade", lamenta Genilson. "O show está no meu nome. A dívida de palco, camarote, banheiro químico...", enumera.

 

Tentativa

Com inúmeras reclamações em seu perfil na internet, Genilson diz que vem tentando arrecadar recursos para quitar a dívida. Tanto que no último domingo, 23, tentou realizar outro show com Thiaguinho, desta vez em Vespasiano. "É uma tentativa. Se der certo, pago o que der pra pagar, mas vou dar preferência pra quem comprou o ingresso", explica. Segundo ele, foi oferecido transporte ida e volta a R$ 14 para quem comprou o ingresso de Sete Lagoas e quisesse ir ao show de Vespasiano. "Eu continuo fazendo eventos na cidade. Já o Dimas apagou todos os perfis dele nas redes sociais, trocou de número. Meu nome que ficou queimado nisso. Não quero fazer show grande mais. No máximo pagodinho de domingo", lamenta o produtor. O show em Vespasiano também não aconteceu.

 

O SETE DIAS conseguiu fazer contato com Dimas, que é despachante. "Eu não sumi. Continuo morando no mesmo lugar. O problema é que eu entrei na parceria com R$ 10 mil e a promessa do Genilson era de me devolver esse valor mais um percentual sobre o show. Esses R$ 10 mil eu sei que perdi. Era o risco do negócio, mas não tenho nenhuma outra dívida", alega. Segundo Dimas, o valor pago por ele serviu de garantia inicial para a contratação do show, já que Genilson não teria recursos para dar a entrada e confirmar a data do evento. "Entrei nessa pra ajudar. Também paguei mais de R$ 2 mil de seguro, consegui a parceria da Unopar. O show todo estava no nome dele. Estou pagando os ingressos vendidos na Unopar só porque eu os coloquei nessa", defende-se.

 

Central dos Eventos

Além da Unopar, outro ponto de vendas foi a Central dos Eventos. Rodrigo Faria alega que comprou dois ingressos de camarote na Central dos Eventos do Shopping Sete Lagoas e, segundo ele, a empresa não se responsabiliza. "Mas me cobraram uma taxa de serviços. Sei dos meus direitos e quero meu reembolso", alega. Na Central, a informação obtida pelo SETE DIAS com a assessora jurídica da empresa, Atainar Lages, foi a de que os valores estão sendo devolvidos. "Nenhum cliente será lesado. Já tem processo judicial para que a produção passe o valor para a Central dos Eventos devolver. A taxa de serviço também está sendo discutida com o Procon e o Ministério Público. A cobrança é legal, mas o reembolso será integral, incluindo a taxa de serviço", garante a advogada. De acordo com o diretor da empresa, Júlio Ramos Clementino, a Central dos Eventos ainda possui entre 10% a 15% dos valores arrecadados com a venda de ingressos. "Esses valores se referem às compras feitas às vésperas do show. O restante já havia sido repassado aos produtores. Somos uma empresa com mais de 12 anos de mercado, temos credibilidade. Mas não podemos devolver 'picado'. Faremos o reembolso total assim que o Genilson nos devolver tudo o que repassamos para ele", informou. 

 

Procon

No Procon de Sete Lagoas foram registrados 22 processos individuais contra os produtores do show. Em alguns casos, os reclamantes mostraram quatro ingressos do evento. O órgão de defesa do consumidor do município já recebeu os organizadores do show e também representantes da Central de Eventos, mas nenhum acordo foi realizado. De acordo com a advogada do Procon, Mirela Abreu Carvalho de Oliveira, um processo administrativo foi aberto e os organizadores receberão uma multa que ainda terá valor definido. “Não existe possibilidade desta muita não ser aplicada. O dano aos consumidores já foi mais do que comprovado”, explica. O Procon orienta a quem comprou os ingressos e não obteve o reembolso a entrar com uma ação no Juizado Especial da Comarca. Para facilitar o andamento do processo, o órgão aponta uma ação coletiva como a melhor saída. Enquanto isso, centenas de consumidores continuam sem saber quando e se receberão de volta seu dinheiro.

 

Marcelo Sander

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