Na série de entrevistas que esse jornal vem apresentando com pessoas pré-candidatas nas eleições de 2020, chamou atenção a realizada com um empresário que admitiu ser pré-candidato a vereador. No caso dele, ficou marcado mais especificamente pela afirmativa de que, “se eleito, vou dividir meu salário entre cinco entidades filantrópicas”.
Para quem almeja iniciar uma carreira pública, em minha opinião, já começou mal.... Essa é uma velha cantilena, típico populismo assistencial, prática perniciosa e ultrapassada, infelizmente ainda muito comum no meio político.
Esquece-se o pré-candidato que os salários de um vereador provêm dos impostos pagos por toda a sociedade. Assim, previstos legalmente, que os salários sejam de valores justos e, principalmente, que os nobres eleitos dweles façam jus, exercendo, como contrapartida, o mandato com discernimento, honestidade e transparência.
Os recursos despendidos pela população no pagamento de impostos devem retornar para ela própria, como um todo, sem distinção, sob a forma de, pelo menos,w atendimento às suas necessidades básicas de saúde, educação, transporte e segurança decentes.
Deve-se lembrar que o mandato que lhe concedemos não outorga a político nenhum o direito de “dividir” o salário com terceiros, muitas vezes escolhidos a seu bel prazer, sem critérios claros de seleção e, tampouco, de fiscalização da aplicação desses recursos.
Nesse caso, se eleito, seria mais coerente o entrevistado abrir mão de seu salário de vereador e, quanto ao louvável sentimento de filantropia, poderia praticá-la fazendo uso dos rendimentos de sua vida privada e empresarial.
Juarez Fernandino
