Entrelinhas

Sobre o fruto do espirito

“Assim, toda a árvore boa produz bons frutos, e toda a árvore má produz frutos maus. Não pode a árvore boa dar maus frutos; nem a árvore má dar frutos bons. Toda a árvore que não dá bom fruto corta-se e lança-se no fogo. Portanto, pelos seus frutos os conhecereis.” (Mateus 7:17-20)

16/03/24 - 09:00

Por Juninho Sinonô


Dada a minha imaginação fértil, passei boa parte da infância intrigado sobre qual seria a melhor das frutas. Se você também veio de um lar cristão, é certeiro que já ouviu alguma coisa relacionada sobre a analogia das pessoas e das árvores.
Em suma, Jesus ensina que assim como brota bons frutos da árvore de qualidade, será com aqueles de boa índole. Suas ações representariam o conteúdo do seu ‘tronco’ e das suas ‘raízes”.
O que ele dizia era que, para saber o que passa no coração e pensamentos de alguém, basta analisar os seus atos, vontades e desejos, já que os “frutos” brotam de dentro para fora. Por isso, uma árvore ruim de essência, jamais será capaz de produz um fruto bom.
Interessante, mas bastante vago, já que parâmetros aleatórios podem divergir de acordo com a vontade e o interesse de cada um. Por isso a minha confusão de criança, por não sabe qual seriam os frutos a buscar.
Foi quando, na juventude, descobri que não são “os”, mas “o” fruto, e que Paulo, provavelmente por ter sido abordado por algum garotinho curioso da época, com a mesma dúvida que a minha, tratou logo de descer da árvore e sair da esfera metafórica:
“Mas o fruto do Espírito é: o amor, o gozo, a paz, a longanimidade, a benignidade, a bondade, a fidelidade, a mansidão, o domínio próprio; contra estas coisas não há lei" (Gálatas 5:23).7
Pronto! Esse é o fruto ideal a ser buscado, o fruto do espirito. Por conseguinte, serão bons aqueles que conseguirem a façanha de alinhar a conduta a todas essas características apontadas.

Mas sendo apontadas nove virtudes, porque o versículo está no singular?
Surge aí outra condição para a existência desse fruto, que pode ser equiparada a fertilidade do solo onde será plantado: o equilíbrio.
Para que sejam “saborosas”, essas virtudes devem ser praticadas de forma conjunta e simultânea. Não basta a predominância de apenas uma ou algumas, se as outras não coexistirem. 
Do que adianta o amor sem a bondade, o gozo sem a longanimidade ou a paz sem o domínio próprio?
São partes compostas de um único fruto, assim como a casca, o suco, a poupa e a semente. Se alguma parte apodrece, todo o resto é contaminado.
Interessante perceber que os apontamentos feitos pelo apostolo Paulo atualmente são receitados pela medicina convencional, comportamental e psicológica, para a busca da boa qualidade de vida. 
São estímulos tanto para a interação no meio social quanto para o âmbito individual mediante o alcance da autoestima e da realização pessoal, senão vejamos:
O amor, a longanimidade, a benignidade, a bondade e a fidelidade são posturas a serem tidas com os outros. Elas expressam o respeito, a tolerância, a paciência, a compaixão e a caridade com as pessoas.
Já o gozo, a paz, a mansidão e o domínio próprio são cuidados consigo mesmo, e dizem respeito ao autoconhecimento. Nos instrui a ter contemplação inclusive nas pequenas coisas, mantermos a paz como condição interna, por não termos como determinar o resultado do que não está sob nosso controle e acima de tudo, mantermos o domínio das emoções em qualquer circunstância.
Agora sim, a clareza permitiu descascar esse abacaxi no formato de dúvida. Essa era a cereja do bolo que faltava, para que a compreensão ficasse mamão com açúcar, transformássemos esse limão em uma limonada e plantássemos o pé na jaca na busca daquilo que realmente possibilitará a boa safra, afinal de contas, em se tratando de frutos, sempre colhemos o que plantamos.
 

Juninho Sinonô

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