Em Sete Lagoas, iniciativa privada reage pelo esporte

O empresário Hudson Maciel, proprietário da Bazar Esporte, ficou sensibilizado com a situação do Basquete Sete Lagoas, que não disputou competição por falta de uniforme, e vai patrocinar, juntamente com a marca Finta, o material esportivo. Ele viu a notícia na edição passada do SETE DIAS e procurou a redação para intermediar o contato. Ainda com treinos suspensos pela Procuradoria Geral da Prefeitura de Sete Lagoas, reunião no Unifemm na próxima segunda (18) busca ginásio da instituição como uma possível alternativa para as atividades não continuarem paradas

15/10/21 - 12:37

Hudson Maciel (à frente) com os atletas Vitor, Yran e Pedro: equipe vai escolher uniforme. Foto: Celso Martinelli
Hudson Maciel (à frente) com os atletas Vitor, Yran e Pedro: equipe vai escolher uniforme. Foto: Celso Martinelli

Celso Martinelli

Na semana passada, o SETE DIAS revelou que as equipes do Basquete de Sete Lagoas - que atualmente contam com a colaboração financeira de pais de alunos para pagar o professor, além de ajuda com a aquisição de bolas – tiveram os treinos suspensos por determinação da Procuradoria Geral do Município. O impasse para bancar o esporte, bem como a manutenção do mesmo, fez com que a situação fosse denunciada na Ouvidoria da Prefeitura.  Para piorar, o Sete Lagoas Basquete, que vem treinando forte desde que autorizado pelas autoridades sanitárias, não disputou a Copa Contagem Sub-21, em setembro, porque não tinha uniforme. 

A situação sensibilizou o empresário Hudson Maciel, proprietário da loja de artigos esportivos Bazar Esporte. Em contato com o SETE DIAS, ele afirmou que a empresa patrocinaria o Basquete Sete Lagoas. “A Bazar Esporte foi fundada em 10 de janeiro de 1952 pelo meu saudoso pai Roberto Maciel e desde sua inauguração ele buscou incentivar o esporte em Sete Lagoas e região. Vários foram os patrocínios a equipes, em diversas modalidades, e na gestão dos filhos Hudson e Mônica, a partir de 1975, este incentivo não se perdeu”, afirmou.

Para que os alunos não sejam prejudicados, já que os treinos continuam suspensos pela Procuradoria Geral do Município até que haja uma solução para a manutenção do Basquete, reunião foi agenda na próxima segunda-feira (18), no Centro Universitário Unifemm. Na pauta, a possível utilização do ginásio da instituição. Confira, a seguir, entrevista com o empresário Hudson Maciel:
 
A tradição de apoio ao esporte é antiga?
Como exemplo, posso citar o caso do nosso Democrata em 1969, que esteve próximo do desaparecimento, e meu pai, Roberto Maciel, junto com vários conselheiros, salvaram o clube saldando na época dívidas no montante de NCR$ 50.000,00 e, através da Bazar Esporte, patrocinou a equipe, permitindo participar do campeonato daquele ano. Várias equipes e eventos fazem parte da longa lista dos patrocinados pela Bazar Esporte em sua trajetória: além do próprio Democrata, o Bela Vista, o Ideal, o Huracan, equipes dos Campeonatos do Clube Náutico, Copa Marcelo Cecé, Copa Eldorado, Copa 2001 e a Copa AABB, entre muitas outras. Com recursos próprios, custeamos a reforma do prédio da Liga Eclética Desportiva Setelagoana e também patrocinamos os uniformes dos juízes na primeira gestão da então presidente Leia Dias.

Por que vai patrocinar o Basquete Sete Lagoas? 
É uma tradição da Bazar, dentro do possível, patrocinar o esporte em geral. A direção da loja ficou muito sensibilizada com a matéria publicada no Jornal Sete Dias da edição passada, onde os pais dos jovens atletas da equipe do Sete Lagoas Basquete estavam realizando uma “vaquinha” para aquisição do uniforme e disputar a Copa Contagem Sub-21, que já passou. A direção da loja, no intuito de ajudar na manutenção do basquete de Sete Lagoas, entrou em contato com o treinador da equipe, Carlos Alberto, que informou da necessidade. A Bazar Esporte, conjuntamente com apoio da marca FINTA, irão patrocinar a equipe com todo o material esportivo necessário. Isto nos traz um grande orgulho, pois é destas equipes que surgem os grandes atletas, além de dar à juventude oportunidade de conhecer o espírito de equipe e família. Assim também, através da Bazar Esporte, o nome de Sete Lagoas é levado ao cenário esportivo estadual e nacional. E não será por falta de patrocínio que o basquete em Sete Lagoas vai interromper sua história.

A relação com o Turismo também é de família, o seu pai foi o primeiro
Secretário de Turismo de Sete Lagoas? 

Como primeiro secretário de turismo de Sete Lagoas, meu pai, Roberto Maciel, tinha vários projetos, mas não pode conclui-los por ter falecido muito cedo (em 1975). Mas os primeiros passos na exploração da Gruta Rei do Mato, a construção da estrada que dá acesso ao alto da Serra de Santa Helena, carnaval de rua e feiras de artesanatos na praça Tiradentes e no cais da Lagoa Paulino foram uma das iniciativas que o meu pai, como secretário, realizou na gestão do então prefeito Alberto Moura 1971/1972.

É também uma de suas paixões e uma das saídas para a cidade?
Posso dizer que o potencial turístico da cidade Sete Lagoas poderia hoje ser melhor explorado, pois vários são vários sem divulgação. Poderíamos ter um local na entrada da cidade dedicado aos visitantes com um mapa dos locais turísticos, restaurantes, hotéis e outras informações. Tenho conhecidos em Belo Horizonte e cidades vizinhas que já me informaram de excursões feitas ao município e o único local visitado foi a Lagoa Paulino. 

O que falta para Sete Lagoas deixar de ter apenas potencial turístico e, de fato, fazer do setor um negócio rentável?  
Acredito que deveria ser deixado de lado a política e a Prefeitura Municipal, através de uma autarquia, associada a empresas do setor e pessoas interessadas, ter uma política para 8 a 10 anos de incentivo à exploração do turismo. É preciso ter um calendário anual de festas e eventos, trazendo desta forma segurança aos investidores e aos turistas que poderão se programar com antecedência. Desta forma, poderíamos ter um setor com geração permanente de empregos.

Quais seus projetos como empresário, político e cidadão sete-lagoano?
Como empresário, quero continuar minha trajetória à frente da minha empresa e, sempre que possível, ajudar no engrandecimento da nossa cidade, aproveitando assim todo o legado deixado pelo meu saudoso pai, onde me inspiro na frase deixada por ele: “Hoje eu sou o chefe, amanhã será o meu filho”. Como político, tive a experiência de colocar meu nome em duas oportunidades à disposição dos eleitores de Sete Lagoas e ambas foram suficientes para aprender que na política sou somente um eleitor. Como cidadão sete-lagoano nato, procuro ajudar no que posso, e torço pela minha cidade e por todos que querem vê-la cada dia melhor.

Talentos com potencial para conquistas

Quem comanda o basquete sete-lagoano é o técnico Carlos Alberto Gomes (foto abaixo), 42 anos, que fez carreira em Brasília (DF) mas com fortes ligações com Sete Lagoas desde a infância, onde residiu no bairro Nossa Senhora do Carmo. Com licenciatura plena em Educação Física pela Universidade de Brasília (UnB - 2007), tem títulos expressivos na carreira e espera fazer o mesmo sucesso na cidade com as promessas locais. Hoje o time Sete Lagoas Basquete conta com cerca de 60 alunos (com idades entre 10 e 19 anos), sendo 10 deles mulheres que aguardam oportunidade – e espaço - para treinar somente entre elas.

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Dentre as conquistas como técnico, Carlos Alberto destaca algumas delas: 5° lugar nos Jogos Universitários Brasileiros - JUBs realizado em Fortaleza-CE e com aparição em mais 11 oportunidades em outras capitais do Brasil; campeão da Federação de Basquetebol do Distrito Federal - FBDF 2018 - SUB 17, além de primeiros lugares no Interestadual de Basquete TBJ 2012 Salvador-BA, no Torneio de Basquete Masculino Adulto do JD Ingá; Abertos de Goiás 2009 etapa Regional – masculino e feminino; Copa JK 2008 – basquetebol masculino categoria sub 14; e Jogos Universitários do DF 2004 – JUDF – basquetebol masculino.

O treinador aposta na união entre pais, iniciativa privada e também do poder público para que o Sete Lagoas Basquete participe de competições a nível de Federação Mineira de Basquete e busque títulos para a cidade – como já ocorreu em um passado distante. “O objetivo é formar times de rendimento, para disputar campeonatos. Esperamos a participação de todos os segmentos necessários a um bom projeto, inclusive apoio do ente público Municipal. Temos atletas de potencial, muita gente boa para levar Sete Lagoas a condições de brigar por títulos. Mas o primeiro objetivo é unir as pessoas em torno do basquete. Sete Lagoas é a cidade do Basquete. Começamos com sete alunos e hoje são 60”, finaliza Carlos Alberto. (CM)
 

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