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Ítalo Castelo Branco: Nazismo era um movimento de esquerda?

05/04/19 - 15:28

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*baseado no ensaio de Ludwig von Mises, Planned Chaos; e em artigos do Instituto Mises Brasil.

 

A polêmica da semana se estendeu em uma fala do presidente Jair Bolsonaro, que disse várias vezes que “não tinha dúvida de que o nazismo era um movimento da esquerda”. Tal afirmação criou polêmicas extensas na internet, algumas delas sem qualquer sentido. Não quero através desse texto, de maneira alguma, defender o presidente do país, até porque discordo de boa parte das suas atitudes recentes. Também não é o propósito enaltecer a direita, uma vez que em minha humilde visão, qualquer regime ditatorial é inaceitável – seja ele de esquerda ou direita. Porém, quero ressaltar o que para mim é óbvio: o nazismo era um movimento socialista, e logo portanto, de esquerda.

 

O capcioso nome do partido: Nationalsozialistische Deutsche Arbeiters Partei ou Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães já declara de antemão a posição do partido. Afinal, o nome do partido de cara já define a sua visão! Porém, parece ter virado moda, inclusive por parte de intelectuais, dizer que “qualquer pessoa com formação universitária tem a obrigação de saber que os nazistas eram capitalistas”. De fato, ninguém quer assumir essa bomba né?

 

Porém, se estudarmos a fundo perceberemos que o nome do partido define claramente sua posição. Muitas pessoas refutam isso expondo as diferenças e desavenças entre Hitler e Stalin. Porém, discordar da União Soviética não fazia do líder alemão um não-esquerdista. Ele inclusive se declarava socialista, e em entrevista ao Jornal The Guardian em 1923, o próprio Hitler reforçou isso e atacou a União Soviética dizendo que marxismo não era socialismo, [que eles] roubaram o termo e confundiram seu significado. Afirmou ainda que retiraria o socialismo dos socialistas.” Os nazistas nunca tentaram esconder suas propensões socialistas (afinal, não obstante os twitteiros sarcásticos, o socialismo estava no nome deles); eles simplesmente estavam implantando o socialismo seguindo uma estratégia diferente daquela dos socialistas marxistas.

 

Se o nome do partido e as declarações de seu líder não são suficientes para declarar sua visão, resta ainda atitudes que demonstram isso com ainda mais clareza. Apesar de aparentemente Hitler não dissolver as propriedades privadas, “tal arranjo era apenas superficial. Por meio de um abrangente e complexo sistema de regulações e intervenções econômicas, a função dos proprietários dos meios de produção era totalmente controlada pelo estado. Industriais e comerciantes, por exemplo, não mais tinham a prerrogativa de tentar antecipar quais seriam as demandas futuras dos consumidores para então fazer as devidas alocações de recursos visando à satisfação desta demanda e, consequentemente, ao lucro. Assim como na União Soviética, essa função de especulação e alocação de recursos era feita exclusivamente pelo estado”. Em outras palavras, o verdadeiro poder de decisão era do governo alemão, pois era o governo e não o proprietário quem decidia o que deveria ser produzido, em qual quantidade, por quais métodos, e a quem seria distribuído, bem como quais preços seriam cobrados e quais salários seriam pagos, inclusive a própria renda do “proprietário”. Eles eram, na verdade, simples pensionistas do governo. As transações de mercado não eram genuínas; eram apenas um fingimento, uma simulação.

 

Não é preciso dizer que isso representa um claro ataque à propriedade privada, que retirou dos empreendedores as opções que eles teriam no livre mercado para aplicar seus recursos. Uma clara intervenção estatal no mercado, prática defendida pela esquerda.

 

E de onde saiu a ideia de que os nazistas eram capitalistas? Os próprios soviéticos tiveram um papel crucial em criar esse mito. Como os nazistas mantiveram a aparência de que ainda existia propriedade privada, isso já bastava para serem vistos como o exato oposto de seus congêneres comunistas. Então essas diferenças foram suficientes para que “Josef Stálin e seus lacaios recorressem à narrativa comunista para redefinir o socialismo nazista — o qual, embora não fosse marxista, se baseava nas teorias dos socialistas alemães originais que influenciaram diretamente as idéias de Marx — como capitalista.” A narrativa de que os nazistas eram capitalistas passou a ser uma falácia extremamente conveniente, porém por tudo que tratamos aqui, não possui o mínimo fundamento em princípios econômicos. É apenas uma deturpação soviética, afinal os nazistas, que declaravam orgulhosamente seu socialismo e que implantaram políticas socialistas com grande consistência, passaram a ser chamados de capitalistas pelo simples motivo de que eles não se encaixavam na visão de mundo soviético-marxista.

 

E muita gente acredita nisso até hoje.

 

Italo Castelo Branco

italocb@gmail.com

 

LEIA TAMBÉM O CONTRAPONTO NO ARTIGO DE CLÁUDIO FIGUEIREDO (BUSU)