Por Chico Maia Blog
Esporte
A impunidade continua incentivando o racismo no Brasil e o futebol contribui, de novo, para mais um péssimo exemplo
CHICO MAIA
Aquelas figuras abjetas e covardes que foram flagradas e denunciadas por agredir verbalmente ao segurança Fábio Coutinho no Mineirão, durante Atlético x Cruzeiro, em novembro de 2019 foram amaciadas pelo judiciário, que extinguiu o processo.Como escreveu o Josias de Souza, do jornal O Tempo: “É desanimador. Injúria racial gravada e a alegação é de erro de denúncia. Enfim, todo meu apoio ao segurança Fábio Coutinho”.
Também estou com o Luciano Dias, da Band, que manifestou a indignação dele: “Injúria racial escancarada… Gravada! Mas a Justiça seletiva alegou erro na denúncia!”
E digo eu: é o Brasil e o seu ordenamento jurídico capenga. Por essas e outras a minha carteira da OAB está guardada desde o dia em que me foi entregue! Tristeza.”
Todo brasileiro deveria ler os livros do Laurentino Gomes, que dá os caminhos das pedras para entendermos o Brasil e o comportamento dos brasileiros. Os motivos de sermos o país do desprezo pelo interesse coletivo, povo que gosta de “levar vantagem em tudo”, terra do “cada um pra si e Deus pra todos”, e principalmente do racismo. A falta de leitura e de conhecimento faz com que tenhamos de conviver com aberrações como mais essa, informada pelo portal Observatório Racial do Futebol:
* “Alegando erro na denúncia, Justiça anula processo de torcedores que xingaram segurança de macaco no Mineirão”
Alegando um erro na denúncia, a Justiça decidiu extinguir um processo aberto contra torcedores que tinham xingado um segurança de macaco durante um jogo no Estádio Mineirão, em Belo Horizonte.
O caso, ocorrido em outubro de 2019, envolve dois irmãos Adrierre Siqueira da Silva, de 37 anos, e Natan Siqueira da Silva, de 28, que haviam sido denunciados pelo Ministério Público de Minas Gerais por injúria racial contra o trabalhador.
Na sentença que determina a anulação contra os acusados, a juíza Luziene Barbosa Lima diz que os crimes cometidos por eles são delitos que precisam ser processados através de queixa crime e não de denúncia, como foi feito.
A magistrada também ressalta que, na sentença, o Ministério Público de maneira lamentável, segundo ela, teria se oposto à pacificação proposta, insistindo na denúncia.
Ainda segundo a juíza, o caso deveria ter sido finalizado via Justiça restaurativa e não com punição via sentença, uma vez que os acusados se demonstraram arrependidos por suas ações e, inclusive, teriam afirmado que gostariam de pedir perdão a vítima, já que teriam agido, segundo eles, em um momento de desespero.
O Ministério Público de Minas Gerais informou que vai recorrer da decisão.
Procurado pela reportagem da Itatiaia, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais ainda não se manifestou sobre o assunto.
Para relembrar mais essa página vergonhosa verde e amarela, vale rever essa reportagem:
Chico Maia Blog
Jornalista formado pelo Uni-BH
(antiga Fafi-BH) e advogado pelo Unifemm-SL.
Trabalhou nas rádios Capital, Alvorada FM, América e Inconfidência.
Na televisão, teve marcante passagem pela Band Minas e também RedeTV!.
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