Vânia Costa é coordenadora do Mães pela Liberdade, que tem como objetivo o acolhimento dos pais de Lgbts diante das dificuldades em aceitar seus filhos como eles são, em orientá-los no amor e respeito, bem como em encaminhá-los aos profissionais competentes que possam ajudá-los no momento de insegurança.
Roberta Lanza
O coletivo Mães pela Liberdade, de amparo à comunidade LGBTQIA+ pede socorro! O grupo - que tem como objetivo acolhimento entre as mães, a respeito de suas dúvidas e ansiedades decorrentes das vivências com seus filhos – está sem espaço físico para receberem as reuniões de amparo, e também falta mão de obra qualificada para auxiliar os membros da comunidade quanto à questões de saúde. Veja entrevista de Vânia Costa, Coordenadora do Mães pela Liberdade, que explica e detalha a situação.
Como a pauta LGBTQIA+ entrou em sua vida?
Eu sempre acolhi em minha casa os amigos homossexuais de minha filha, sem saber que ela também fazia parte da comunidade LGBTQIA+, portanto passei por um sentimento de homofobia naquele momento, de incertezas, de como eu iria apresentar minha filha à sociedade, o medo dos olhares do que poderia acontecer com ela, e foi quando recebi de meu esposo o carinho maior que eu já recebi na minha vida, que foi o apoio dele me dizendo: "Se acalme, liberte o seu coração e vamos continuar a amar e proteger a nossa filha como ela é, pois se não o fizermos, quem o fará?".
Daí eu procurei um grupo de acolhimento em BH que era presidido por pessoas de São Paulo. Posteriormente, me tornei coordenadora aqui em Sete Lagoas. Assim fundamos o nosso coletivo em 2020, nos tornando independentes de SP. E hoje somos o Mães pela Liberdade.
O que é o grupo Mães pela Liberdade?
O grupo Mães pela Liberdade foi criado em 2020 por pais e mães de filhos LGBTQIA+, e tem como objetivo ampliar a comunicação e acolhimento entre as mães a respeito de suas dúvidas e ansiedades decorrentes de suas vivências com seus filhos. De lutar pelos direitos que nossos filhos têm de ir e vir como qualquer pessoa. Lutar pelo respeito e proteção que lhes é devido diante de uma sociedade desrespeitosa como a que vivemos, onde querem tirar (e tiram!) o direito de nossos filhos de existirem.
Quantas pessoas compõem o grupo atualmente?
O grupo Mães pela Liberdade foi criado em 2020 por pais, mães e tutores de Lgbtqia+ com o objetivo de ampliar a comunicação e acolhimento entre as mães a respeito de suas dúvidas e ansiedades decorrentes de suas vivências com seus filhos. De lutar pelos direitos que nossos filhos têm de ir e vir como qualquer pessoa. Lutar pelo respeito e proteção que lhes é devido diante de uma sociedade desrespeitosa como a que vivemos, onde querem tirar - e tiram - o direito de nossos filhos de existirem. O Mães pela Liberdade está em várias cidades de Minas Gerais, onde já contamos com mais de 200 mães, pais e tutores de lgbtqia+ com um amor incondicional. Nossa diretora em Minas Gerais é a senhora Celina Batista.
Quem pode participar? Qual a dinâmica do grupo?
Todas as pessoas que queiram nos ajudar em prol da comunidade LGBTQIA+ são bem-vindas. Nosso objetivo é o acolhimento dos pais de Lgbts, diante das dificuldades em aceitar seus filhos como eles são, em orientá-los no amor e respeito ao seu(a) filho(a), em encaminhá-los aos profissionais competentes que possam ajudá-los no momento de insegurança. Também é nossa missão acolher os filhos Lgbts com dificuldades em se relacionarem com os pais, filhos que são expulsos de casa por se assumirem como são, e até mesmo aqueles que abandonam suas casas por terem uma convivência impossível no lugar que deveria ser de acolhimento e muitas vezes é de extrema falta de respeito.
Quais principais projetos desenvolvidos?
Nossos projetos como disse, é primeiramente o acolhimento, investimento em informação e a luta contra a homofobia. Temos também o "Vozes do Silêncio", onde no último sábado de cada mês temos um “encontrão” onde damos vozes aos filhos de serem quem eles são desfilando suas performances na arte Lgbtqia+ .
Quais as principais dificuldades enfrentadas no momento?
Hoje, a nossa maior dificuldade são duas, na verdade: primeiro, um espaço para retomarmos nosso acolhimento, pois usávamos um espaço público que hoje não podemos mais. E segundo, precisamos de profissionais que nos ajudem na orientação aos filhos transexuais que passam por processo de hormonioterapia, que ainda não existe em Sete Lagoas, onde muitas vezes não tendo condições para irem para BH, ou ficar na fila de espera, estes filhos injetam e tomam substâncias perigosas em seu organismo, muitas vezes levando-os à deformidade corporal e até a óbitos.
Qual mensagem você deixa para as famílias dessas pessoas?
Deixo meu desejo que os pais tenham um olhar mais zeloso e carinhoso para com seus filhos Lgbts. Cuidem e amparam e protejam os seus despertastes, pois eles precisam de seu amor incondicionalmente. O telefone para contato é o (31) 99789-2537.
