Há vagas de emprego: faltam candidatos mais qualificados e motivados

Brasil deve chegar a 14 milhões de desempregados em 2022. Em Sete Lagoas, apesar dos dados alarmantes, não faltam oportunidades. Segundo profissionais da área de recursos humanos, sobram vagas por falta de mão de obra qualificada, flexibilidade e motivação do trabalhador.

21/01/22 - 11:03

Adriana Amaral é diretora da Clial Consultoria, Recursos Humanos e Agências de Empregos
Adriana Amaral é diretora da Clial Consultoria, Recursos Humanos e Agências de Empregos

Roberta Lanza

Ano novo, vida nova, emprego novo! É o que muitos cidadãos têm em mente ao ver o despontar do mês de janeiro. De acordo com a projeção divulgada pela Organização Internacional do Trabalho (OTI) nesta segunda-feira (17), o Brasil terá 14 milhões de desempregados em 2022. A perspectiva é de que o país retorne ao índice de desemprego de antes da pandemia apenas em 2023 ou 2024. Apesar de dados apontarem para o alto número de desempregados em todo o país, em Sete Lagoas, oportunidades não faltam, mesmo em tempo de crise. 

É o que afirma a Diretora da Clial Consultoria, Recursos Humanos e Agências de Empregos, Adriana Amaral. “Apesar de não estar realmente aquecido em virtude dos desafios que estamos vivenciando economicamente, o mercado de Sete Lagoas apresenta muitas oportunidades de trabalho. Os segmentos que mais empregam são os micros e médios, em geral, como empresas de roupas, acessórios, clínicas, mecânicas, postos de combustível e supermercados”, observou.

Ainda de acordo com Adriana, que também atua como Master em Coach Integral Sistêmico e aster em Programação Neurolinguística (PNL), um dos entraves tem sido a escassez de mão de obra qualificada, além da falta de flexibilidade e motivação do trabalhador. “Infelizmente, estamos carentes de mão de obra qualificada, haja vista o número de candidatos capacitados que já se encontram inseridos no mercado de trabalho. Acredito que alguns deles também apresentam baixa flexibilidade e motivação para melhor conhecer o contexto da empresa. Dessa forma, ele pode perder a oportunidade de mostrar seu talento, inovar e pleitear condições de crescimento”, considerou.

Gilberto Silva concorda. Proprietário de um lava-jato no bairro Boa Vista, reclama que sempre tem oportunidades para quem pleiteia o primeiro emprego, mas a maioria dos jovens não corresponde com a oportunidade. “O que mais vejo são os adolescentes que procuram pela oportunidade, principalmente rapazes, mas que raramente chegam no serviço no horário acordado e, durante o expediente, perdem muito tempo em celular ou conversas paralelas, não dando prioridade ou atenção ao ofício, nem para aprenderem o estilo da empresa. Se de repente mostrassem mais motivação e vontade, seria o perfil ideal para uma futura contratação como profissional, o que é ótimo para o currículo desse jovem”, contou.

Para Adriana, mais que currículo, é importante que os empregadores permitam que seus candidatos apresentem suas habilidades pessoais. “Acredito que muitos empresários perdem grandes talentos por contratarem somente por currículo. Conhecer o candidato (a) faz uma grande diferença, mesmo porque o diferencial muitas vezes não está no conhecimento técnico, mas sim no Soft Skills. Já pessoas com experiências Hard Skills agregam muito valor aliado ao Marketing Digital. As Hard Skills são as habilidades técnicas, e as Soft Skills, as comportamentais. Sobretudo, a conjunção dessas habilidades é essencial para acertar no recrutamento e contratar o talento ideal para a empresa”, explicou.

Com experiência de 18 anos à frente da Clial, Adriana Amaral observa ainda que existem no mercado de trabalho de Sete Lagoas diversas oportunidades voltadas para as pessoas mais velhas, assim como para quem busca o primeiro emprego, apesar de o público com idade entre 20 e 45 anos terem preferência. “Os candidatos precisam mostrar um diferencial em seu perfil, por exemplo, como proatividade, inovação, energia, flexibilidade, interesse, disciplina e vontade de aprender coisas novas, além de qualificação básica, como curso de Excel, Word, Marketing Digital e Inglês Básico, além de práticas com atendimento ao público e rotinas administrativas. O mercado de trabalho absorve tanto jovens quanto pessoas mais experientes, desde que dominem a tecnologia”, concluiu a diretora da Clial.

Juliene Costa Coelho quem o diga. Com 47 anos, acabou de conseguir emprego por meio de um curso de informática básico, com extensão em mídias sociais. "Eu estava desde 2019 desempregada, mas sempre fazendo serviços à parte, como faxina, eventos fritando salgados ou panfletagem em alguns lugares. Mas nunca deu certo como algo fixo", contou.

Já Elvis Morais da Silva, de 15 anos, se antecipou já com vista na conquista do primeiro emprego. “Com o incentivo dos meus pais, comecei a fazer curso de inglês e informática quando completei 13 anos. Agora que tenho essa base, vou investir em mídias sociais e em atendimento ao público. Quero me preparar para o mercado de trabalho e poder, paralelamente, ter condições para arcar com minha faculdade, quando chegar a hora”. 

 Os números não mentem
A Sala Mineira do Empreendedor em Sete Lagoas registou no ano de 2021 a constituição de 1.077 novas empresas, um aumento de 33% em relação ao ano anterior, quando o número foi de 810. De acordo com o Sebrae, o registro de microempreendedores individuais (MEI) em 2021, até o mês de novembro (último dado disponível), chegou a 2.532. O número de registros foi superior ao de 2020 inteiro, incluindo dezembro, chegando a 2.383. Com isso, Sete Lagoas foi considerada o 13º município mineiro a formalizar mais empreendedores em 2021. 

Dados do Caged Nacional mostraram que de janeiro a novembro de 2021, Sete Lagoas criou 5.472 vagas líquidas (diferença entre demissões e contratações) com carteira assinada.  O município está, ainda, entre os 190 municípios mineiros que assinaram em 2021 o Decreto de Liberdade Econômica, formalizando intenções por meio de decreto municipal com as diretrizes do programa Minas Livre Para Crescer, programa estratégico da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (Sede) que tem o objetivo de diminuir a burocracia e os custos para novos empreendimentos.

Na avaliação de Geraldir Alves, presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Sete Lagoas, com o número recorde de abertura de novas empresas, a perspectiva de aumento de vagas no setor cresce na mesma proporção. “A gente hoje está vendo uma perspectiva muito boa com a possibilidade dos comércios continuarem abertos, em função da Covid. Os lojistas estão cada vez mais otimistas e, assim, estão empregando”, afirmou. 

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