“Adoção não é caridade, mas um ato de amor bilateral”

No ano de 2020, o músico e professor Ernane Teixeira Dias recebeu novo título, o mais importante da vida dele: pai. Foi quando Samuel, Ana Vitória e Eliandersson chegaram

13/08/22 - 12:00

Ernane comemora a paternidade ao lado dos filhos Samuel, Eliandersson e Ana Vitória Foto: arquivo pessoal
Ernane comemora a paternidade ao lado dos filhos Samuel, Eliandersson e Ana Vitória Foto: arquivo pessoal

Por Roberta Lanza

 

“Eu e minha esposa Carol sempre desejamos formar uma família. Morávamos em Belo Horizonte e decidimos voltar para as Sete Lagoas para ter uma qualidade de vida melhor. Nos casamos no ano de 2017 e, a partir daí, começamos nossos planos. Infelizmente, tivemos muitas perdas, por aborto natural e até mesmo em uma fertilização “in vitro” que não deu certo. Tínhamos já em nosso coração a adoção como um objetivo de vida, independente se tivéssemos filhos biológicos. Após a primeira perda, procuramos informações a respeito da adoção e fomos até o Fórum de Sete Lagoas. Fizemos o curso e entramos então no Cadastro Nacional de Adoção. E há dois anos fomos contemplados com três crianças, que são hoje nosso maior tesouro: Samuel (5 anos), Ana Vitória (8 anos) e Eliandersson (11 anos)”, contou Ernane.

 

O casal faz parte do grupo de adoção GAA Família Coração. O perfil deles no Cadastro Nacional, que antes era para a adoção de duas crianças de 0 a 10 anos, foi ampliado para três crianças. Dias depois da mudança, receberam uma ligação de uma “cegonha” (pessoa autorizada com acesso ao cadastro dos pais pretendentes) dizendo que tinha três irmãos aptos para adoção.

 

“As três crianças são irmãs e estavam morando em um abrigo em Campo Grande (MS) há nove meses, quando a mãe perdeu a guarda delas por abusos e negligências. A partir do contato da ‘cegonha’ começamos a conversar com nossos filhos via vídeo todos os dias, com a presença de uma assistente social. Após um mês, recebemos a notícia que poderíamos nos organizar para buscá-los. Aí foi o corre corre para preparar a casa para recebê-los”, relatou Ernane.

 

“O avô deu as camas, o tio o guarda roupa, amigos deram caixas e caixas de roupas e calçados. Então preparamos nossa viagem e fomos à Campo Grande para buscar nossos filhos. Ficamos lá por quatro dias em uma casa alugada por mim para, assim, termos momentos de descontração para nos conhecermos melhor. Foi uma surpresa maravilhosamente inesperada”, observou.

 

No dia 26 de agosto fará dois anos da constituição dessa nova família. De acordo com Ernane, o processo demanda muita adaptação e trabalho, porém o resultado estampado no dia a dia é gratificante. “Erramos muito, mas procuramos acertar mais. Não é fácil, mas é gratificante cada momento com nossos filhos. A adoção não é caridade, mas um ato de amor bilateral. O que recebemos diariamente é incomensurável. Todos precisam de cuidado e afeto, e sempre tínhamos isso dentro de nós. Os laços podem não ser genéticos, mas são de coração”, finalizou o músico.

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