Amauri Artimos da Matta
“Capela querida, no alto das Pedras. Renasce tão linda, neste meu lugar. Num gesto de amor, de união e bondade. Sentimento profundo de solidariedade. O toque do sino e a graça de ouvir. De falar e sentir, a emoção de cantar. O colo de mãe. A paz que me dá. De olhar o próximo, e ter piedade. Aos pés do cruzeiro, todo iluminado. Orar ao próximo e ter piedade” (CAPELA QUERIDA, Amauri Artimos da Matta, Setembro de 2021).Escrevi esse poema em homenagem aos moradores de Fazenda Velha e Pedras, que com afinco se uniram para reformar a Capela Nossa Senhora da Piedade e possibilitar o reinício das atividades. É a Padroeira de Minas Gerais. Antigamente – lá pelos idos de 1900 – a referência na localidade era o Povoado de Pedras. Não havia o Distrito de Fazenda Velha. As missas e as festas aconteciam na capelinha, onde os fiéis se reuniam. Em 1932, bem próximo à igreja, foi construído o cemitério no terreno doado por Dona Maria Fonseca (Mariquinha), avó do saudoso empresário Antônio Pontes. Ali também havia o campo de futebol. Os meninos e meninas frequentavam, do primeiro ao terceiro ano, a Escola Pio XII, que ficava na rua principal - atual Monte Cristo, 153 - onde reside Dona Neuza, com 83 anos, que lá estudou quando tinha dez anos de idade. Sua professora foi Aurete Pontes Fonseca, casada com Décio Pontes. Posteriormente, o casal doou ao município o terreno para a construção da segunda escola do Povoado de Pedras, que viria a substituir a primeira. Nela, os alunos estudavam até o quarto ano. Com o passar do tempo, a “Fazenda Velha das Pedras”, como era conhecida a propriedade situada na região, foi loteada. Surgia, assim, o Distrito de Fazenda Velha. A arquiteta Rubiam Morais, em 14-11-2017, ao realizar o inventário da Capela de Pedras, assim transcreveu: “Segundo relato de moradores, anteriormente à década de 1950, já existia a Capela Nossa Senhora da Piedade, edificada em Pedras, com o povoado em crescimento a seu redor.
A região de Fazenda Velha era apenas um lugarejo onde havia uma fazenda, na qual funcionava um engenho de cana-de-açúcar. A ocupação na época ocorria em concentração em Pedras, pois havia a Igreja local e em seu entorno havia o povoado. Todos os festejos eram celebrados na Igreja de Pedras, tanto os de São Sebastião, quanto os de Nossa Senhora da Conceição, pois era onde estava o povoado, a escola, o cemitério junto à Igreja e o campo de futebol. Fazenda Velha foi dividida em virtude de parcelamento de terrenos e progressivamente se foi formando o povoado.
Atualmente, é referência urbana e, com a transferência da escola para Fazenda Velha e do campo de futebol, o crescimento de Pedras estagnou-se, deixando então de ser referência urbana também em virtude da mudança dos caminhos e acessos a Sete Lagoas, que já não se davam pelo povoado de Pedras” (Inventário de Proteção do Acervo Cultural do Município de Sete Lagoas, pág. 48). A Capela de Pedras – lembra Dona Neuza, que cuida da mesma – é muito antiga, pois sua mãe, ao falecer em maio de 2019, quando completaria 100 anos, já contava que a mãe dela, ainda mocinha, tinha sido madrinha de batismo na Capela Nossa Senhora da Piedade. Muito tempo se passou e os moradores estão conseguindo retomar as atividades religiosas e festivas do velho povoado. Existe, inclusive, a expectativa de se criar uma associação, e com o apoio dos proprietários locais, organizar atividades que possam resgatar a identidade e a memória da comunidade de Pedras.
AMAURI ARTIMOS DA MATTA é Promotor de Justiça aposentado, diretor do Grupo Mão Amiga e presidente do Coral Dom Silvério