Saúde Bucal

RELAÇÃO ENTRE TRANSTORNOS PSIQUIÁTRICOS E DISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR

28/07/23 - 10:25

Por Dr. Gustavo Oliveira Rodrigues

O termo disfunção temporomandibular (DTM) é reconhecido como um grupo de doenças musculares, esqueléticas e neuromusculares que envolvem as articulações temporomandibulares (ATMs), os músculos mastigatórios e todos os tecidos associados. Para que a articulação temporomandibular  funcione de forma adequada, a própria articulação temporomandibular, a oclusão dental (engrenagem entre os dentes) e o equilíbrio neuromuscular devem relacionar-se harmonicamente.
A DTM apresenta origens e causas complexas e multifatoriais e tais fatores podem estar relacionados à ocorrência de inflamações articulares, danos e dores musculares ou espasmos (contração involuntária do músculo).


Os transtornos de origem psicológica como depressão, somatização, ansiedade, estresse, dentre outros inúmeros fatores não psicológicos tem um importante papel na etiologia e evolução sintomatológica de DTM, contribuindo para o aparecimento ou perpetuação da desordem, por meio do aumento da atividade muscular e tensão dos músculos da face. A dor crônica originada pela DTM pode estar relacionada ao estado psicológico, apresentando grande influência no comportamento social e gerando um grande impacto na qualidade de vida. Os pacientes com severa depressão causada por dor crônica, por exemplo, podem ter dificuldade de realizar atividades diárias como trabalhar, estudar e, inclusive o lazer, que poderia atuar como um alívio para essas comorbidades psicossociais. Os fatores psicológicos em mulheres, possuem maior número de relatos, podendo mostrar que o impacto de DTM em pacientes do gênero feminino é prevalente, em grande parcela devido à influência e relação com hormônio estrogênio.


O distúrbio do sono e o bruxismo podem, também e em grande parte, estando associados à fatores psicológicos, ocorrer em um mesmo sujeito simultaneamente ou em sequência, sendo considerados possíveis indicadores de risco para DTM; cerca de 90% das pessoas que possuem desordem temporomandibular, relatam uma baixa qualidade no sono e ao serem analisados os exames de polissonografia desses pacientes, são observados, comumente, distúrbios como bruxismo do sono e apneia obstrutiva do sono,  dificultando de forma importante o tratamento efetivo. 


A correlação entre desordens psicológicas citadas e DTM se mostra relevante, sendo que uma desordem pode predispor o surgimento da outra. O tratamento odontológico é fundamental para a solução total ou parcial, principalmente nos casos com dores severas e incapacitantes, contudo, a integração multidisciplinar com a fisioterapia, psicologia e psiquiatria é de suma importância, sendo, inclusive, fundamental, visto que, substâncias inibidoras seletivas da recaptação da serotonina (neurotransmissor responsável pela regulação do humor, sono, libido, ansiedade, apetite, temperatura corporal, ritmo cardíaco e sensibilidade), podem constituir um dos diversos fatores de risco para o desenvolvimento de bruxismo e, consequentemente, sintomatologia de DTM, nos pacientes em uso dessa medicação.

Dr. Gustavo Oliveira Rodrigues

Prótese, Estética e Ortopedia Funcional dos Maxilares

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