Um dos pontos turísticos de Sete Lagoas é o Teatro Redenção. Relembra LÚCIA VICTÓRIA DE AVELLAR que o estabelecimento “tinha camarote nas laterais, com dois pavimentos, mobiliados com cadeiras de palhinha. A iluminação era feita com lampiões a carbureto ou querosene. O pano de cobertura do palco era uma tela pintada do pintor e mestre João Fernandino Júnior, que retratava uma bela vista da Lagoa do Centro, com seu aterro estreito, parapeito de madeira e poucas casas entre árvores. Em 29 de junho de 1901, o Teatro Redenção foi inaugurado, com uma festa memorável. Estavam lotados os dois pavimentos de camarotes laterais e todo o recinto do teatro. A Banda de Música dos Irmãos Fernandino, regida por outro artista – João Fernandino – apresentou-se. O Dr. Avellar discursou, representando o Grupo Teatral, e anunciou o nome que haviam escolhido para a casa: THEATRO da REDEMPÇÃO. Ficaria marcado, assim, o episódio da libertação da escrava-mãe e a campanha pelo abolicionismo. Todos aprovaram” (DR. AVELLAR NA SETE LAGOAS ANTIGA, pág. 197. Belo Horizonte: Editora Mosaico, 2019, 254 páginas).
Esse espaço – prossegue LÚCIA AVELLAR – representou um marco na cultura da cidade. Incentivados com a sua inauguração, “formaram-se logo os grupos de amadores teatrais: o João Caetano, o Melanciense e o Infantil” (pág. 198). Diversas peças e comédias foram encenadas no local, colocando em ação um grande número de artistas amadores. Havia apoteoses, espetáculos de ventriloquia e de ilusionismo, revistas teatrais, récitas e operetas. Entre as companhias que se apresentavam com maior frequência tínhamos a de Eduardo Souza, com destaque para Joana Carvalho, a admirável; Edgardina, a explêndida, Eduardo Souza e Joana Sollar; a Companhia Dramática Gonçalves Lessa, com Ludgária, Gonçalves Lessa, Alzira e Lucília Lessa, entre outras; e a Troupe Verginaud de Abreu, onde brilhavam Apolônia Silva, Nestor Correa, Edgard Teixeira, Eduardo Garrido e Jupira, que era a sua grande atração. Em 30-08-1904 – quando já estava com as suas atividades paralisadas – o teatro, que pertencia à Sociedade Teatral João Caetano, foi vendido para o município, na gestão do Dr. Teófilo Benedito Ottoni. Na administração do Dr. Alonso Marques (agosto-1920), o imóvel foi adaptado e funcionou como sede da Câmara Municipal, com o nome de “Paço Redenção”. Depois, acolheu a Delegacia de Ensino de Sete Lagoas. Por derradeiro, o imóvel foi doado à recém-criada Fundação Educacional Monsenhor Messias (1967), que ali instalou a sua Biblioteca Central e a Escola de Música Lia Salgado. Com isso, resgatou, de certa forma, as suas origens, pois a escola, até o seu fechamento (1986), muito contribuiu para a cultura de Sete Lagoas.
No dia 22-12-2021, o Teatro Redenção ressurgiria em nossa cidade, sendo, o fato, noticiado pelo Jornal Sete Dias: “Na próxima quarta-feira, 22 de dezembro, de 19h as 21h, o Unifemm apresenta a 1ª Cantata de Natal, que marca a reabertura do Teatro Redenção (R. Monsenhor Messias, 339), outro símbolo da cultura local. O público será recepcionado pelo Expressar Studio de Dança. (...) O Coral mais antigo de Sete Lagoas, o Santa Cecília da Catedral de Santo Antônio, completa 100 anos em 2022 e será a primeira apresentação sob a batuta do maestro Saúva. Unindo gerações, o Coral Dom Silvério, primeiro coral infanto-juvenil de Sete Lagoas e uma das primeiras instituições artísticas da cidade, se apresenta em seguida, com peças natalinas. Fundado pelo professor e maestro João Lucas Rodrigues, em 1963 o Coral sempre se destacou no país inteiro com a qualidade dos músicos. Fechando a noite de apresentações o Teatro Redenção receberá um número especial de talentoso quarteto da primeira Orquestra Jovem de Sete Lagoas, sob a regência do Maestro Ivison Máximo. Com a reabertura, o Teatro Redenção volta à sua vocação natural de ser um importante centro de cultura, ferramenta primordial para a transformação social de um povo e para o desenvolvimento regional” (UNIFEMM REABRE O TEATRO REDENÇÃO COM CANTATA DE NATAL, em 17-12-2021). Prossegue, assim, escrevendo mais um belo capítulo de nossa história!
