Coluna Católica

Acolher, proteger e acompanhar os indígenas venezuelanos

13/06/21 - 10:34

Por Padre Warlem Dias

Padre Warlem Dias

A Comissão Para a Promoção Humana e Ecologia Integral da Diocese de Sete Lagoas ganhou dois grandes desafios: a) A ocupação Cidade de Deus, na luta por moradia e contra os despejos; b) Os Waraos, indígenas venezuelanos.

Na ocupação fomos desafiados a estar com os sem teto e integrar às mesas de negociações, primando pela Justiça Social, num movimento de defesa da vida.

Qual de nós utilizando as vias públicas de Sete Lagoas, não deparamos nos semáforos com os Waraos carregando uma placa de isopor com este dizer: “bom dia amigo. Sou da Venezuela preciso de sua ajuda para sobreviver. Deus abençoe.” Uma coleta. Para eles um trabalho comunitário que envolve mulheres, crianças e homens.  

O nosso olhar os capta! Ao ver o escrito “Venezuela” já causa arrepios, para além de nossa xenofobia. Sofrem perseguições e são hostilizados. Não são os gringos vistosos. São corpos oprimidos e sofridos, migrantes, refugiados, indígenas, mulheres e crianças. Deixamos transparecer a nossa aporofobia! Eles não são hóspedes e nós não somos hospedeiros. A nossa casa não é irmã que partilha da existência e nem mãe que abraça e acolhe.

Quem são os Waraos? Povo da canoa, indígenas venezuelanos forçados a sair da sua terra, no delta do Orinoco. A terra para um povo originário é seu porto seguro. Desprender da cultura originária é trágico. As águas do Orinoco é como se fosse o seu sangue.

Quando um Warao chega aqui, passou por muitos sacrifícios na Venezuela, estava em vulnerabilidade social, na negação de seus direitos humanos.

Vieram ao Brasil por necessidade de proteção e vida mais digna. Não vieram a turismo; enfrentaram uma longa viagem desconhecida. Muitos chegam com enfermidades. Ninguém quer deixar seu chão, sua comunidade, sua cultura e língua. Ao chegar nesta terra, têm uma barreira linguística e uma realidade grande e diferentes. Têm que superar os processos jurídicos.

Nós nos perguntamos: Por que saíram da Venezuela? Por que não voltam? 

Nunca perguntamos aos Waraos: O que eles querem? Se vão ficar? Se vão dormir na rua? Falamos para o outro sem o escutar! E sem dar voz ao outro! Não criamos empatia.  Fechamos! Perdemos de sua beleza cultural.

As Igrejas, o Poder Público Municipal, sociedade civil deveriam criar as redes de apoio e afeto para acolher, proteger e acompanhar os Waraos. 

É tempo de cuidar, superar a cesta básica e viver a Diversidade no abrir as portas para quem está chegando.

Padre Warlem Dias

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