Minha cidade tem David Abreu, Cantador de Esperança

07/12/21 - 11:28

Paulinho do Boi
Paulinho do Boi

Paulinho do Boi – Dezembro de 2021

“Só é cantador quem traz no peito o cheiro e a cor de sua terra, a marca de sangue de seus mortos e certeza da luta de seus vivos”
Elomar Figueira

Não me canso de acreditar nas expressões artísticas de nosso povo enquanto esteio da existência coletiva que pauta nosso jeito de ser e de viver, cultura. Ao depararmos com a notícia, na página cultural do Jornal Sete Dias, sobre o músico David Abreu e sua aposta no trabalho autoral, concebemos, em nossas almas, um forte sentimento renovador. Como se fosse um aceno apaziguador ante a situação desconstrutiva da poética que calça e sustenta nossa capacidade de sonhar juntos. Eis que em meio a um cenário caótico onde o poder pelo poder tem nos consumido em ilhas de descrenças, anunciadoras de armas, contra ciência, educação e cultura, surge o cantador dando vazão a valores humanos que, para nós, gente da arte, são inegociáveis. As composições de David Abreu esboçam a regionalidade latente do povo mineiro, em especial os setelagoanos. Como um menestrel que defende a história de seus conterrâneos apontando, sutilmente, as belezas de sermos e vivermos rodeados por serras, rios, lagoas, e montanhas das gerais. Ao ouvir e vê-lo cantando suas músicas, somos conduzidos a um “Galope Imaginário” de expressões metafóricas, que nos representam, sendo a nossa voz, o grito, de amor e esperança que almejamos coletivamente, bem lá no fundo, no íntimo. Sem contar a mineiralidade fluente que nos enche de orgulho. Em uma visita, impossível de ser rápida, as redes sociais do cantador, somos surpreendidos com simplicidade que circunda seu respeito ao tocar e cantar para a magnífica Elza Soares. Lágrimas a parte desse escriba sonhador. O jovem músico demonstra um carinho enorme com a trajetória dessa mulher negra e lutadora, causando um misto emoções que amparam a cena fazendo ser exclusiva demais para relatar em simples palavras. Além de suas composições somos surpreendidos, brindados, com interpretações sensíveis em torno de “Serra da Boa Esperança” e outras que alavancam suspiros em lembranças de bons tempos. A condução musical de David Abreu nos transporta para uma dimensão coletiva possível, tornando a subjetividade artística tangível. É como se fosse um desembolar no jogo de palavras da “Embolada de Calango” que nos desafia à simplicidade da esperança inegociável. Um poeta que faz acontecer o que precisa na hora que tem que ser feito. Minha cidade tem Cantador de Esperança, David Abreu.

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David Abreu

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