Coluna Espírita

Quando somos Satanás...

09/05/21 - 07:08

Por Aloísio Vander

Aloísio Vander

Muitos cristãos costumam dizer que todas as influências espirituais procedem do Espírito Santo, quando boas, ou de Satanás, quando ruins. Isso é certo. Urge, porém, passados dois mil anos sobre a passagem de Jesus na Terra, compreender, em espírito e em verdade, o sentido dessas palavras.

Em Mateus, 16:23, lemos: “Ele, porém, voltando-se, disse a Pedro: Para trás de mim, Satanás, que me serves de escândalo; porque não estás pensando nas coisas que são de Deus, mas sim nas que são dos homens.”

Os vocábulos Diabo e Satã procedem ambos do hebraico e significam, respectivamente, adversário e caluniador ou acusador.

No versículo em tela, Jesus nomeia um de seus mais diletos discípulos de Satanás. A princípio, isso nos choca, mas, de posse do significado original da palavra Satanás, e atentos à sequência da fala de Jesus (“porque não estás pensando nas coisas que são de Deus, mas sim nas que são dos homens”), compreendemos que Pedro estava, momentaneamente, figurando como Satanás, ou seja, adversário dos planos de Deus. Recordemos que Jesus disse aos discípulos, anteriormente, “que era necessário que ele fosse a Jerusalém, que padecesse muitas coisas dos anciãos, dos principais sacerdotes, e dos escribas, que fosse morto, e que ao terceiro dia ressuscitasse”. Isso significa que havia um programa muito bem urdido pelo Pai para que ele, Jesus, cumprisse. Nesta passagem, ele demonstrava aos discípulos de todos os tempos que contrapor-se ao programa divino a nosso respeito ou ao de quem quer que seja, é tornar-se um Satanás, um adversário do Pai.

Outra passagem, aquela em que Jesus está prestes a ser preso, também ilustra nossa tese. É aquela posta em João, 6:70: “Respondeu-lhes Jesus: Não vos escolhi a vós os doze? Contudo um de vós é o diabo.” Referia-se o Mestre a Judas. Ele estava prestes a entregar Jesus aos judeus, na condição de caluniador, acusador. Dessa forma, toda vez que distorcemos a verdade e o bem, personificamos o diabo.

Concluímos, assim, que Satanás e Diabo não são os reis do inferno, que, aliás, não existe, enquanto local circunscrito no espaço. Essas figuras foram usadas pelo Cristo para representar estados íntimos pelos quais passamos em nossa trajetória a caminho da própria iluminação.

De igual modo, não nos esqueçamos de que também foi Jesus quem pronunciou a consoladora frase: “O reino de Deus está dentro de vós.”

Aloísio Vander