Artigo - E se eu disser “não” para você?

23/09/21 - 08:58

A psicóloga Débora Guimarães
A psicóloga Débora Guimarães

Débora Guimarães Fernandes
Psicóloga Clínica (CRP04/43518)

Apesar da palavra apresentar uma ressonância negativa, o bom uso dela pode trazer benefícios para a saúde emocional. Dizer “não” tem sido um dos grandes desafios das relações interpessoais, e aprender a dizer um “não” com gosto de “sim”, ou seja, um “não” suave, libertador, pode ser um grande aliado para relações mais saudáveis.

Muito se brinca com o “N Ã O” mas, saber empregá-lo pode ser uma ótima estratégia de vida.
Um passo importante é o olhar para dentro de si. Se nos olharmos mais de perto, podemos evitar o desencadeamento de um perfil acumula-dor, não de objetos, mas sim de sentimentos. Pessoas que vivem por aí com sua mala cheia, colecionando bagagens negativas, vão pegando problemas dos outros, somados aos seus e assim acumulam dores.

Grande parte das questões que envolvem o ser humano, diz de algo que ele carrega e que não é seu. Mas, isso não é ser empático? Não! É preciso aprender a separar, eu posso me comover, querer ajudar, mas se faz necessário saber onde termina o meu limite e onde começa o do outro. Se você não aprendeu a dizer “não”, é uma boa oportunidade de aprender.  É o famoso “não” com gosto de “sim”, tudo vai depender da forma de se comunicar, e para isso, é preciso  treino. Sugiro começar com 3 não’s durante a semana, quando perceber que aquilo que foi lhe pedido está acima das suas possibilidades naquele momento, comece a praticar. Contudo, só é possível viver essa experiência, se soubermos exatamente o que é nosso e o que é do outro, o que é ser prestativo e o que é ser permissivo.

Um fator relevante que contribui para a dificuldade de aplicabilidade do “não” está na inversão de papéis, na quebra de hierarquia dentro de casa e até mesmo no trabalho, realidade que tem contribuído para um sintoma angustiante, tendo em vista que está tudo misturado. Uma mãe que não sabe dizer “não” ao seu filho, reforça um padrão de dificuldade em lidar com frustração e acaba desprotegendo o seu filho, já que proteção demais desprotege. Pais que deixam de ser pais para serem apenas amigos, filhos que assumem o lugar dos seus pais, um funcionário, que aceita colegas de trabalho e até mesmo os seus gestores lhe sobrecarregar de trabalhos extras sem que esteja em plenas condições físicas e psíquicas, acabará acarretando prejuízos para sua qualidade de vida. 

Partindo dessa perspectiva, a terapia, como uma das estratégias de enfrentamento, trabalhará com o paciente os papéis e funções em busca de uma relação funcional e consciente do papel que ocupa no seu sistema, evitando assim os sintomas de ansiedade, insônia, perda ou ganho de apetite e irritabilidade. Assim, a terapia também é preventiva, um investimento de vida, uma vez que você para tudo o que está fazendo para tirar um tempo para você. Um mergulho para dentro de si, podendo trabalhar questões que te impulsionam, que alavancam o potencial como também angústias e situações desconfortantes.

Nesse sentido, se você tem interesse em conhecer mais sobre os seus limites, faça uma reflexão sobre a sua relação com o “Não” que você não dá e movimente-se, caso ache necessário procure um profissional, agende o primeiro atendimento e se permita. Neste caso dê um “Sim” para você.

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