Crônicas

Desviando o foco

09/05/21 - 06:55

Por Élida Gontijo

Élidda Gontijo

Depois de uma semana tão pesada, cheia de notícias tristes, muitas pessoas partindo mais cedo, resolvi desviar um pouquinho o foco, principalmente por ser véspera do dia das mães. Acho o mês de maio lindo, mês de Maria, nossa mãe celestial, mês das mães. Mães negras, brancas, ricas, pobres, biológicas, adotivas, que perderam seus filhos, mães de todas as profissões, crenças etc. Desviando o foco como um recurso muito usado por mim nestes tempos de pandemia, para dar uma certa leveza , um pouco de beleza , voltei no tempo, no dia das mães ; quando ainda tinha minha avó materna neste plano.

Ah que delícia! Domingo dia das mães era dia de almoçarmos na casa dela, juntamente com minha mãe, primos, tios e tias que moravam aqui , pois a família é grande , graças a Deus e tem muita gente espalhada em outras cidades .Minha vó Maria esperava a todos com muita alegria, fazendo aquela deliciosa comida que agradava a todos. Sinto até hoje o cheiro da comida, fico salivando só de pensar, nunca comi um feijão tão gostoso, acho que a maior especiaria que ela usava era o amor.

Casa de vó cheira amor, até as plantas são mais viçosas, bonitas, minha vó tinha um quintal todo plantado, cheio de flores, ervas para todos os males, era uma grande entendedora dos chás curativos.

Achava tão interessante quando chegava, tomava a bênção e entregava-lhe o presente, ela nunca abria, nos abençoava, abraçava , guardava  o presente em cima da cama, só mais tarde fui entender que para ela presente era presença ,que o material poderia ser visto mais tarde, ali aprendi o valor da simplicidade. Sei que depois abria com calma e sempre tinha um grande carinho com aquilo que ganhava. Aprendi muitas coisas com ela, gostar de rezar, a devoção com Nossa Senhora, muitas vezes lia livros de orações pra ela, não sabia ler, a sabedoria da minha vó não foi adquirida em bancos de escola, mas na vida diária para criar seus 13 filhos .Gostava de ver o brilho dos seus olhos , admirando a leitura daquelas orações, tive oportunidade de conviver muito com ela na minha fase de criança e juventude, quanto aprendizado. Quando falei que iria casar e mudar de cidade, disse que perderia a companheira para ir ao supermercado , rezar etc. Quando criança ia pra casa dela na fazenda e dormia na mesma cama , que aconchego tê-la bem pertinho de mim, meu avô dormia no mesmo quarto em outra cama , o famoso catre, uma cama antiga, não existia colchões com densidade , eram de palha , à noite remexiam ali para cama ficar macia, chego a chorar relembrando esses momentos tão puros, cheios de beleza. Ela nunca vinha deitar cedo, amava quando conseguia ficar acordada e vê-la soltar o coque e pentear seus cabelos pretos , bem lisos. È pessoal saudade tem cheiro, gosto, lágrimas e pureza de alma.

Depois de desviar o foco e voltar ao passado quero neste dia das mães, louvar a vida da minha mãe, agradecer por ser mãe e também por ser descendente de uma matriarca tão linda, tão sábia, rezarei aos pés de Nossa Senhora viu vó? O altar está tão lindo aqui em casa, a senhora iria amar, mas sei que daí fica me olhando e orientando a ser uma pessoa melhor. Seguirei sempre seus ensinamentos e fecho meu texto com os dizeres de um sábio que partiu esta semana e já deve ter chegado aí, pois aqui só distribuiu alegria e amor me despeço com suas palavras ;” ..então diga o quanto ama. Mas não fique só na declaração, ama na prática.” 

Feliz dia das mães vó! Feliz dia das mães a todas mães.

Maio 2021.

Élida Gontijo

Élida Gontijo