A NOSSA HISTÓRIA: Transportando pessoas com amor!

18/06/22 - 08:00

Edgar Silva e sua jardineira
Edgar Silva e sua jardineira

por Amauri Artimos da Mata
Promotor de Justiça aposentado, diretor do Grupo Mão Amiga e presidente do Coral Dom Silvério

Um dia desses eu conversava com Fernando Campolina, tio do meu compadre Cláudio Vitor, e ele me dizia da satisfação, das lembranças e das emoções sentidas ao ler os artigos sobre a história de Sete Lagoas. Falou do seu pai – o “Sô Edgard” – nascido em Vespasiano, de família pobre, formada por seus avós portugueses e doze filhos, sendo dez homens e duas mulheres. Ali Edgard Silva fez o curso primário, mudou-se para Capim Branco, onde trabalhou como ajudante de caminhão e aprendeu a dirigir. Aos vinte e dois anos, veio morar em Sete Lagoas, para ser motorista do Sr. Osvaldo de Andrade, dono do Hotel Mendonça. Era 1930. Iniciava-se, assim, a história que tentarei reconstituir. Como nada fugia da lupa de JOVELINO LANZA, ele nos conta que “o transporte de passageiros – linha de ônibus – de Sete Lagoas para Belo Horizonte e vice-versa, data mais ou menos de 1925. Porém, até 1929, os iniciantes não tiveram êxito. Em 1929, Agenor Campolina de Sá deu início a tal serviço – de maneira mais organizada, ao obter, para tal fim, 4 ônibus em regular estado de funcionamento. Com o correr dos tempos, foi ele melhorando a Empresa, ao adquirir mais carros. Assim, foi ele o pioneiro. Alguns anos depois, transferiu a Empresa para Edgard Silva” (HISTÓRIA DE SETE LAGOAS, Subsídios, pág. 166. Editado pela Prefeitura de Sete Lagoas, em 1967). Edgard – lembra Fernando Campolina – antes de obter a empresa de Agenor Campolina de Sá, era seu motorista e dirigia “uma jardineira, de apenas 09 lugares, com bancos de madeira, sem conforto, e com janelas que não bloqueavam a poeira da estrada, o que fazia com que os passageiros usassem um ‘guarda-pó’ sobre a roupa”. Dirigia o ônibus “de terno branco e com gravata” e, quando “chovia,  era um verdadeiro pesadelo: o veículo atolava e as pessoas tinham de descer para ajudá-lo”. Além de motorista, seu pai se tornaria genro de Agenor Campolina de Sá, casando-se com a sua filha Inésia. Companheira de todas as horas, estava sempre pronta a ajudar o marido. Sabe-se que, durante a Segunda Guerra Mundial, com a falta de gasolina, acordavam de madrugada para produzir o gasogênio, combustível feito “com carvão”, em equipamento “posto na traseira do veículo”, permitindo, assim, que o ônibus rodasse e a população fosse transportada a Belo Horizonte. Em condições normais, a viagem durava seis horas. Ao adquirir a linha de ônibus do sogro, surgiu a “Empresa Edgard Silva”, “com o símbolo de um cão correndo, que trazia encomendas de BH para comerciantes e diversas outras pessoas, sem cobrar nada e sem discriminação”. Era auxiliado pelo “famoso Bené, um homem alegre e botafoguense, que fazia as entregas na cidade com carrinho de madeira e ganhava boas gorjetas”. O amor que Edgard Silva tinha pela profissão e pelo povo sete-lagoano – conclui o filho Fernando Campolina – pode ser evidenciado pelo cuidado com que recebia as moças que iam estudar no Colégio Sacré-Couer de Marie, em Belo Horizonte, e as conduzia até a porta do colégio e, da mesma forma, nas férias, trazia-as de volta a Sete Lagoas e as levava até as respectivas famílias. “Mais tarde – nas palavras de JOVELINO LANZA – foram fundadas outras empresas: São José e Campolina e França, sendo que tinham elas – as 3 – horários diferentes. Até que, em dias de novembro de 1956, Ulisses Viana Campolina, um dos componentes da Empresa Campolina e França, propôs a fusão das mesmas, o que se concretizou. Nessa oportunidade, Edgard Silva, em homenagem a Sete Lagoas, lembrou à Empresa o nome “Expresso Setelagoano”, que foi aceito por todos” (obra citada, pág. 166). Era bonito ver, em seus veículos, na parte traseira, a seguinte mensagem: “Visite Sete Lagoas! Você gostará!” Empresa que, pelos bons serviços prestados, progrediu muito, e continua transportando as pessoas com amor, como tem feito com os pueris cantores e cantoras do Coral Dom Silvério, ao participarem de eventos fora da cidade. São pessoas e empresas que se somam e escrevem mais um belo capítulo de nossa história!

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