Colunista convidado | Mitos em Endocrinologia

10/07/20 - 15:00

1. Anticoncepcional oral ocasiona aumento de peso.

MITO! Uma meta-análise de 49 estudos não encontrou diferenças de peso entre o grupo placebo e o grupo que usou anticoncepcional combinado (de estrógeno e progesterona). Os anticoncepcionais orais que tem apenas progesterona também não estão associados ao aumento de peso. Entretanto, estudos em ratos demonstram aumento de percentual de gordura com o uso desses medicamentos.

 

2. Quem tem osteoporose tem dor nos ossos e articulações.

MITO! A osteoporose, doença associada ao aumento do risco de fraturas, é uma doença assintomática! Sintomas de dor ocorrem apenas se já aconteceu fratura de algum osso. Por isso é tão importante o rastreamento pelo exame de densitometria mineral óssea. Deve ser solicitado de rotina para TODAS as mulheres acima de 65 anos.

 

3. O hipotireoidismo engorda!

MITO! Em pacientes com hipotireoidismo SEVERO pode haver algum ganho de peso. Esse ganho não é relacionado ao aumento da gordura corporal e sim ao edema ocasionado pelo hipotireoidismo (há maior retenção de sal e água). Quando há aumento de peso (no casos SEVEROS) não se espera aumento expressivo (em geral, <10% do peso corporal). Então, mesmo nesses casos mais graves, não se justifica uma obesidade importante por causa do hipotireoidismo. Na grande maioria dos pacientes, não haverá qualquer alteração de peso, por se tratarem de formas mais leves.

 

4. Mulheres com dosagens de testosterona baixas devem receber reposição hormonal.

MITO! Os exames laboratoriais que medem a testosterona tem acurácia ruim para valores baixos (e as mulheres, normalmente, tem valores baixos de testosterona! Isso é normal e esperado!). Além disso, não existe padronização dos níveis considerados normais para as mulheres. A única indicação para dosagem de testosterona nas mulheres é quando se suspeita que há excesso desse hormônio (como nos casos de Síndrome dos Ovários Policísticos).

Caso a mulher apresente redução da libido, devem ser excluídas outras causas para essa queixa, como uso do anticoncepcional, alguns antidepressivos, depressão, dentre outros. A dosagem da testosterona nesses casos NÃO ESTÁ INDICADA! Não há estudos suficientes que associem níveis desse hormônio com a redução da libido, por isso NÃO DEVE SER DOSADA.

O uso da testosterona com o objetivo terapêutico em mulheres só está indicado nos casos de transtorno do desejo sexual hipoativo, cujo o diagnóstico é feito na consulta médica por meio de questionário (e não necessita dosagem laboratorial da testosterona).

 

5. O paciente diabético precisa de alimentos especiais.

MITO! A alimentação do diabético deve ser saudável da mesma maneira que a pessoa que não tem diabetes: preferir alimentos in natura ou minimamente processados como vegetais pobres em amidos (como milho, brócolis, repolho, cenoura, couve-flor, pepino, berinjela, quiabo, vagem, folhas verdes, tomate, dentre outros), grãos integrais, frutas, castanhas, carnes, leites, queijos, iogurte naturais; evitar açúcar e carboidratos refinados, excesso de sal e alimentos processados ou ultraprocessados; 

O paciente diabético não precisa de alimentos ditos “especiais” pois muitos deles podem contribuir para o aumento da glicemia, são mais caros e podem ter efeito laxativo. É muito importante a orientação médica e o acompanhamento com nutricionista.

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