Por Élida Gontijo
Crônicas
Élida Gontijo - Neblina
Ontem o dia amanheceu diferente, parecia que estávamos em um filme, os prédios em volta do que moro estavam escondidos, a Serra de Santa Helena também. Muitos postaram fotos, adoraram aquele cenário, acharam bonito, eu não, como apaixonada pelo sol, fiquei a sua procura e confiei no ditado popular: neblina que baixa sol que racha.
Não gosto de dias nublados, então ontem meu coração ficou apertadinho, logo que abri os olhos e vi da varanda aquela neblina pra todo lado. Esta semana as notícias ficaram piores, mais casos, mais mortes, mais insegurança, pessoas do meu círculo de amizade sendo vítimas deste terrível vírus, desdobrei em orações e Deus me ouviu, vão se recuperando devagar.
Tenho buscado a fortaleza, equilíbrio na minha fé, leitura e escrita. Muitas vezes penso que estou sonhando ou melhor tendo um pesadelo, aí respiro fundo e percebo que é a realidade, está aí pra todos. Tento sempre me acalmar, converso com Deus, agradeço a cada dia por acordar com saúde e a minha família por estar com saúde também. Quando penso em desanimar sinto que ele me olha com cara de pai bravo e me pergunta se não aprendi nada que me ensinou, assim também Nossa Senhora, me ajoelho aos pés das imagens que tenho em meu simples altar sagrado e ela me olha com seu terno olhar, me pedindo serenidade, paciência, mais fé. Fico envergonhada, mas eles me entendem, me aceitam com todas as minhas limitações.
Ontem pedi a esperança que não me abandonasse, ela sorriu pra mim , deu a entender que sempre esteve ao meu lado, abaixei a cabeça e fiquei pensativa, depois resolvi abrir um pequeno sorriso. Juntei minhas mãos em postura de prece, agradeci, pedi muito por todos nós, de repente ergui meus olhos e o sol já estava brilhando, a neblina foi embora, ficou nas fotos, no meu coração brilhou o sol da esperança, fé por dias melhores. Amém.
Élida Gontijo- julho de 2020.
Élida Gontijo
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