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Coma a sua dobradinha

06/08/22 - 09:00

Por

Aguardava meu aluno para nossa reunião semanal de mentoria. Ele, um jovem empresário, que aos poucos vai construindo sua fortuna em empreendimentos diversificados: supermercados, postos de combustível, caminhões, imóveis e outras naturezas de negócios.
Me procurou na busca de aconselhamentos e direcionamento profissional no qual pudesse conciliar sua expansão material `a outras como a mental, física e espiritual.
Por isso, traçamos juntos um planejamento de metas e resultados no qual conversamos toda a semana. Projeto que dedico grande parte do meu tempo analisando problemas, circunstâncias e possibilidades, para levar aquele meu mentorado ao caminho assertivo da prosperidade.
Para aquele encontro, já havia estudado alguns textos, analisado gráficos e traçado a pauta focado nos problemas previamente apontados. Como de costume, o aguardava, na espera das questões que ele sempre trazia.
Quando entrou na sala, a sua aflição foi diferente de todas as anteriores: “Meu Deus, quando eu estava vindo passei na porta daquele bar e senti o cheiro de uma dobradinha que estava cozinhando e que há anos não sentia. Como me deu vontade!”
Esse comentário tão banal entrou em mim como uma flecha e me levou de volta há quase uma década do passado.
O ano era 2012, precisamente na segunda quarta-feira do mês de setembro. Já passava pouco do meio dia e o almoço estava por completo servido na mesa.
Com o olhar baixo e transparecendo nítido desanimo, meu pai perguntara qual era o “cardápio” do dia.  “O mesmo de sempre: arroz, salada, feijão e bifes”, respondeu a cozinheira.
Diferente do esperado, ele não sentou à mesa e voltava para o quarto, dizendo que não iria almoçar por estar sem apetite.
“Como assim pai?” “Porque perguntou o que tinha se está sem apetite?”.  “Era porque hoje me deu o desejo de comer costelinha. Mas não quero almoçar”, ele respondeu.

Por um ímpeto divino, no mesmo instante determinei a cozinheira que fizesse a tal costelinha. Ela respondeu que faria na próxima semana, pois não tinha e o freezer ainda estava cheio com as compras do mês. 
Sem pestanejar, encerrei qualquer brecha para argumentação e determinei que ela fosse imediatamente ao açougue comprar a costelinha. O almoço pronto ficaria para mais logo. O prato daquele dia seria satisfazer a vontade do meu pai. O assunto estava encerrado e sem mais delongas. E assim foi feito.
Para quem estava sem apetite, como um passarinho que bica devagar, ele comeu satisfeito quase um quilo da carne que despertara desejo. Nada demais. 
Não teria sido, se aquele não fosse o seu último desejo. 
Sem imaginarmos, aquela foi a sua vontade de despedida. Ele partiria na manhã do domingo, após uma normal serie de “arroz, feijão e bifes” que havia sido interrompida exclusivamente naquela quarta-feira. 
Por isso disse que por um ímpeto divino.
Pela graça de Deus tive a sensibilidade de não deixar de satisfazer a vontade de alguém tão especial. Nem tudo deve ser deixado para depois. Porque não sabemos sequer se o depois existirá.
 

“Digo-vos que não sabeis o que acontecerá amanhã. Porque, que é a vossa vida? É um vapor que aparece por um pouco, e depois se desvanece.”  (Tiago 4:4)

Temos afazeres, coisas a serem feitas, compromissos a cumprir e coisas “importantes” a zelar, que falta tempo. Tempo para satisfazer nossas verdadeiras vontades.
Nossa vontade por vezes de não fazer nada ou de fazer pouco. De ir ali ou ficar aqui. De quebrar o protocolo e mudar a rotina ou a ordem. De simplificar!
Naquele dia, a lição mais importante que pude ensinar ao meu aluno foi: “Não perca tempo. Vá logo comer a sua dobradinha!”
 

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