Teatro Redenção, em Sete Lagoas, abre as portas novamente

Inaugurado em 1901 e fechado desde 1986, foi reformado para um moderno espaço multiuso de 275 m2 e volta a funcionar neste sábado. O Redenção já está com a agenda de 2022 aberta para projetos.

25/03/22 - 09:05

Fechado desde 1986, o Teatro Redenção volta a ser destinado para produções artísticas  e apresentações: projetos são bem vindos. (Foto: Acervo Unifemm)
Fechado desde 1986, o Teatro Redenção volta a ser destinado para produções artísticas e apresentações: projetos são bem vindos. (Foto: Acervo Unifemm)

Celso Martinelli

O Teatro Redenção está de volta. Inaugurado em 1901 após longo período de construção, vai reabrir suas portas neste final de semana. Fechado em 1986, o teatro foi totalmente reformado e transformado em espaço multiuso, podendo receber diversas atrações. No próximo sábado, 26, o Unifemm inicia a programação 2022 do Teatro Redenção com o Movimento Grande Roda, numa animada manhã de capoeira.

Sob os cuidados do Centro Universitário Unifemm, o teatro também já abriu a agenda para os produtores interessados em realizar eventos no Redenção. Completamente reformado para um moderno espaço multiuso, são 275 metros quadrados de área interna, ideal para palestras, apresentações musicais, artísticas e culturais de pequeno porte, monólogos e exposições.

O gestor de Políticas Públicas de Arte e Cultura do Unifemm, Alex Fabiano Lima, fala da importância do espaço. “O Teatro Redenção tem um legado precioso na formação cultural da nossa cidade. Abriga em suas paredes históricas a memória da Fundação Lia Salgado, de onde surgiram artistas que contribuíram para a construção cultural de Sete Lagoas.  A reabertura significa um ganho ímpar para os artistas que terão mais um espaço para a fruição de seus trabalhos e a comunidade em geral que ganha mais uma opção cultural na nossa cidade”, contou.

O gestor também falou sobre a construção das regras para utilização do Teatro Redenção dentro de um plano gestor do Unifemm Cultural, que abriga além do Teatro Redenção os outros equipamentos da Fundação Educacional Monsenhor Messias. “A princípio, as pessoas interessadas podem mandar um e-mail para unifemmcultural@unifemm.edu.br com projeto ou uma proposta que vamos analisar com toda a atenção devida. O importante é que os artistas têm mais um espaço para ocupação”, explicou Alex Fabiano.

E eventos já estão sendo agendados. “Estamos montando um calendário cultural diversificado para o Teatro Redenção que vamos divulgar em breve. Vamos inaugurar um teatro café anexo ao local e um ateliê de artes integradas para aulas, exposições, cinema, pesquisas, dentre outros. Haverá também no espaço uma incubadora de projetos artísticos e um núcleo de preservação da memória cultural da cidade e região, estreitando ainda mais os laços da Fundação Educacional Monsenhor Messias com toda região, apostando na cultura como agente transformador das pessoas”, finalizou o gestor do espaço.

Os produtores interessados podem procurar o Gestor de Políticas Públicas de Arte e Cultura do Unifemm, Alex Fabiano Lima, pelo e-mail alex.lima@unifemm.edu.br.

O EVENTO
O evento esportivo-cultural, idealizado pelo mestre de capoeira Paulinho Godoy, visa promover o intercâmbio entre alunos e amantes de capoeira de Sete Lagoas e região e divulgar a capoeira em todas as vertentes da cultura afro-brasileira. 

Aberto ao público e gratuito, o Movimento começa às 8h e traz oficinas de Maculelê, Puxada de Rede, Samba de Roda, além de apresentação de Dança com o grupo Gabriela França e a Exposição de arte: “As 3 gerações”. Também haverá ponto de coleta para doação de litro de leite para o projeto. Realização: Unifemm e Cia da Capoeira. Apoio Cultural: Lions Clube, Contabilizando Sorrisos, Grupo de Dança Gabriela França e ICL Informática.

REPERCUSSÃO
O artista e produtor cultural, Paulinho do Boi, vê com esperança a reabertura do espaço. “É um marco histórico na manutenção da memória coletiva. Chega a ser, de certa forma, uma visão inovadora dos novos dirigentes do centro universitário UNIFEMM que tutelam o espaço. Devo lembrar, aos leitores, que o pensamento ultrapassado de outrora manteve o teatro fechado por mais de 40 anos”, considerou.

Para Paulinho, a reabertura do espaço para comunidade artística através do movimento "A Grande Roda de Capoeira", liderado pelo mestre Paulinho Godoy, rompe com o pleito cultural elitizado e devolve ao espaço o significado do nome Redenção.  “Articular a ocupação do espaço com muita arte e cultura, democratizar o acesso às expressões artísticas, viabilizar e fomentar as expressões culturais de Sete Lagoas, são desafios que todos devemos e podemos abraçar juntos prezando a devida valorização do artista local. Nossa cidade exporta arte e cultura para todo canto do mundo e a reabertura do teatro Redenção, ao meu ver, poderá romper com ciclos culturais históricos...”, completou.

“Comemoremos a reabertura do teatro Redenção sim mas, indo além, que  possamos usá-lo dando ao povo de Sete Lagoas um verdadeiro sentimento de pertencimento. Quem sabe o Teatro Redenção e as ocupações artísticas que podem acontecer no espaço não virem uma extensão científica de pesquisa fazendo valer a importância do ensino universitário no jeito de ser e de viver de um povo, cultura. Fica aqui minha esperança com votos de muita estima a essa nova mentalidade cultural de seus gestores. Começou muito bem... Axé”, finalizou Paulinho do Boi.

HISTÓRIA
Segundo o historiador Dalton Andrade, o nome Redenção é relativo à libertação de uma escrava e seu filho que seriam vendidos a diferentes donos. “João Antônio de Avelar, jovem, republicano, com seus amigos, interferiram, ratearam o dinheiro necessário e libertaram os escravos. Com o excedente, compraram o terreno onde se dava o tráfico e empreenderam a construção do teatro escrevendo assim, uma página da história. Formaram o Grupo Dramático João Caetano para dirigir o teatro, que tinha um que de teatro público, pois João Antônio era dirigente do grupo e o mandatário principal da cidade. Curiosamente, o grupo de atores era formado por elementos da elite local, inclusive mulheres, que conferiram a modernidade na cidade que acabara de receber a ferrovia”, lembra Andrade.

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