Ex-promotor Amauri Artimos abre o jogo

“Ser Promotor de Justiça não é fácil. É fiscalizar o cumprimento da lei. Precisa investigar e agir em defesa da sociedade”, conta

24/05/21 - 09:13

Morador da cidade, Amauri Artimos é formado em Direito pela UFRJ; amante das artes, é músico, compositor e também se dedica à escrita
Morador da cidade, Amauri Artimos é formado em Direito pela UFRJ; amante das artes, é músico, compositor e também se dedica à escrita

Celso Martinelli

Natural do Rio de Janeiro, o ex-promotor Amauri Artimos da Matta (57 anos), hoje aposentado, escolheu Sete Lagoas para viver com sua família e onde faz importante trabalho social. Em entrevista exclusiva ao SETE DIAS, ele abre o jogo sobre o ex-prefeito Marcelo Cecé, o primeiro a ser afastado do Brasil em função do trabalho do promotor. “Ajudei pessoas e tentei fazer o melhor possível no exercício da profissão. Pena que do outro lado tinha sempre alguém descontente, no caso a parte contrária. Não dá para satisfazer a todos”, afirmou.

Quem é Amauri Artimos e qual a sua trajetória profissional? 
Meu nome é Amauri Artimos da Matta, tenho 57 anos e sou natural do Rio de Janeiro. Sou formado em Direito pela UFRJ, Promotor de Justiça aposentado, Diretor do Instituto Brasileiro de Política e Direito do Consumidor (Brasilcon) e Diretor da Associação Nacional do Ministério Público do Consumidor (MPCON). Também sou ex-Coordenador do Procon-MG, ex-Conselheiro do Fundo Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor (FEPDC) e ex-Presidente do Conselho Consultivo da Agência Reguladora de Serviço de Abastecimento de Água e Esgotamento Sanitário (ARSAE-MG). Também fui Promotor de Justiça em Nova Resende, Carangola, Sete Lagoas e Belo Horizonte.

Quais são suas origens e como foi seu encontro com Sete Lagoas? Por quê escolheu Sete Lagoas para morar, mesmo trabalhando em Belo Horizonte?
Estava trabalhando em Carangola, a 30 minutos de Porciúncula (RJ), onde os meus pais residiam. Para continuar morando perto deles, era mais fácil ser promovido para Sete Lagoas, e depois conseguir uma transferência para Muriaé (MG). Mas isso não ocorreu totalmente, pois aqui conheci minha esposa, fiz amigos e sou muito feliz.

O senhor está aposentado.  Qual balanço faz do seu trabalho no Ministério Público e, por último, à frente da coordenação do Procon Estadual? 
Tudo o que tenho eu devo ao Ministério Público. Ingressei no cargo de Promotor de Justiça com 24 anos. Errei, acertei e aprendi muito. Cresci e melhorei, com todos os que convivi. Ajudei pessoas e tentei fazer o melhor possível no exercício da profissão. Pena que do outro lado tinha sempre alguém descontente, no caso a parte contrária. Não dá para satisfazer a todos.

Por determinação judicial, Marcelo Cecé foi o primeiro prefeito afastado do Brasil em função do seu trabalho. Foi um caso que ganhou repercussão nacional e ainda é lembrado. Como vê isso hoje e a importância das ações contra Cecé na época? 
Ser Promotor de Justiça não é fácil. É fiscalizar o cumprimento da lei. Precisa investigar e agir em defesa da sociedade. Mas é difícil entender isso. Nesse caso, tudo começou quando um aluno meu (eu lecionava Direito na Unifemm), no intervalo da aula, me procurou e disse que havia aberto uma empresa para concorrer nas licitações do município. O problema era que a primeira obra que ele visitou, para apresentar a sua proposta, já estava pronta! Então, como não atuar? A repercussão veio com a apuração de outros casos idênticos. É muito difícil, pois eles envolviam diversas pessoas, algumas delas do meu convívio. Por isso, ser Promotor de Justiça não é fácil!

Nesse caso (Cecé), tudo começou quando um aluno meu (eu lecionava Direito na Unifemm), no intervalo da aula, me procurou e disse que havia aberto uma empresa para concorrer nas licitações do município. O problema era que a primeira obra que ele visitou, para apresentar a sua proposta, já estava pronta! Então, como não atuar? 

O que mudou de lá para cá em relação a apuração e julgamento de casos suspeitos de corrupção? Evoluiu? 
Acredito que as investigações e julgamentos evoluíram bastante! Assim como o “modus operandi” de quem lesa o patrimônio público.

Como vê a atuação da Lava Jato e a situação do ex-juiz Sérgio Moro?
 Como grande parte da população, sempre apoiei as ações da Lava Jato. Os excessos, se existiram, a meu ver, não comprometem a realidade dos fatos. Muita coisa errada foi praticada pelos investigados. Infelizmente, o Juiz Sérgio Moro, ao assumir o Ministério da Justiça, acabou se expondo politicamente.
Sou associado e voluntário do Grupo Mão Amiga de Sete Lagoas, que tem um trabalho social belíssimo, inclusive apoiando pessoas que se entregaram ao vício. Adquirimos um terreno para construir a nossa sede própria, no Bairro Santa Luzia (Garimpo), e precisamos, muito, de doações, em dinheiro e materiais de construção. 

Fale sobre sua participação em trabalhos sociais em Sete Lagoas e também na luta preventiva contra o álcool e drogas. 
Sou associado e voluntário do Grupo Mão Amiga de Sete Lagoas, que tem um trabalho social belíssimo, inclusive apoiando pessoas que se entregaram ao vício. Adquirimos um terreno para construir a nossa sede própria, no Bairro Santa Luzia (Garimpo), e precisamos, muito, de doações, em dinheiro e materiais de construção. Quem puder ajudar é só fazer um contato comigo, no celular (31)99758-4295. Toda ajuda é bem recebida!

O que pretende fazer com mais “tempo livre”? Tem hobbys? Sabemos que o senhor também é ligado à música e a literatura/escrita. 
Quero seguir ajudando o Grupo Mão Amiga de Sete Lagoas. Concluir o projeto da Casa dos Artistas Renê Guimarães, no todo ou em parte, para destacar as poesias desse grande poeta e, ao mesmo tempo, ajudar os artistas da cidade. Fazer poesias e músicas, conhecer a história de Sete Lagoas e escrever a respeito. Compartilhar conhecimentos que obtive ao longo da minha carreira e fazer o bem, sem ter, do outro lado, alguém descontente por ter feito algo errado. Como as entidades beneficentes costumam dizer: “fazer o bem sem olhar a quem!”.

O senhor tem pretensões políticas? 
Não. Não sei se alcançaria bons resultados. O meio político é muito complicado! 

Na sua opinião, do que Sete Lagoas mais precisa? Quais os principais desafios da cidade para desenvolver e garantir qualidade de vida aos seus cidadãos?
Perguntas difíceis, para quem não está no meio político. Como cidadão, gostaria de ver uma gestão da cidade bem transparente, com todos os bairros, por suas associações, sendo chamados a participar da discussão, construção e avaliação das políticas. E, com isso, resgatar, ainda mais, o amor de todos pela sua cidade.

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