Por Silvio de Sá
Seus Direitos
Quando vacinarão os pobres?
Dr. Silvio de Sá
Em notícia recente o Jornal Folha de São Paulo revelou que a pobreza extrema no Brasil aumentou e pode piorar com o coronavírus. Entretanto, a emergência viral provocada pela COVID-19 revelou que temos, no Brasil em específico, uma parcela da de miseráveis que sequer estava cadastrada nos dados oficiais, ou seja, temos mais miseráveis que imaginávamos!Sabe-se que a COVID-19 não escolheu classe econômica, quer dizer, o vírus não permaneceu circunscrito às vilas e favelas, mas invadiu palácios, palacetes e o conforto dos lares dos mais ricos. Os dados da Organização Mundial da Saúde revelam o óbvio: os pobres, miseráveis e a população de rua como um todo, serão os mais afetados pela pandemia viral.
Isso significa que os mais vulneráveis aos efeitos da COVID-19 serão as vítimas seculares da pandemia da pobreza e da miséria. Para as vítimas da pobreza extrema o slogan “fique em casa” não tem sentido algum; a explicação é bastante simples: para a população de rua, não há diferença ontológica em ficar em casa e sair de casa, eles não possuem uma moradia como patrimônio!
Ora, o ambiente patrimonial da população de rua, por obvio, é a própria rua, ou seja, ele vive no local que mais circula o vírus da COVID-19. Aliás, o único matrimonio de um morador de rua é o seu próprio corpo. A propósito, nos dizeres de Georgio Agamben o miserável de hoje, não é diferente ao miserável do passado, pois, mesmo com o passar dos tempos, eles preservam como ponto em comum uma vida que pouco se difere dos animais.
Em verdade, o morador de rua é a vítima secular da indiferença e da irracionalidade humana. A “humanidade”, a “sociedade moderna” ou “sociedade civil” aprendeu a conviver com a pandemia da pobreza daqueles que são portadores eternos do vírus da miséria.
Acreditam, quase como crentes, que a pobreza extrema é um dado inevitável, que existe desde que “o mundo é mundo”. Bom, o postulado só poderia ser verdadeiro se acreditarmos, é claro, que o homem não possui racionalidade alguma.
Enfim, a pandemia viral está afetando os mais pobres, em especial a crescente população de rua dos municípios brasileiros. Quem mora em Sete Lagoas e percorre as ruas mais centrais de nossa cidade pode perceber um fato notório: a nossa população de rua esta cada vez maior.
Em face desse contexto, surge uma pergunta que deve ser dirigida a todos da sociedade, mas em especial aos “portadores de autoridade”: quando vacinarão os pobres? Será que os pobres e miseráveis em situação de vulnerabilidade social e econômica, que sequer podem se valer do slogan “fique em casa”, não mereciam uma atenção especial das autoridades?
Silvio de Sá
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