Sete Dias Indica

Quem matou Sara? – série ou novela curta?

18/11/21 - 14:12

Por Sétima Arte

Wellberty Hollyvier D’Beckher

A série Quem Matou Sara?, criada por José Ignacio Valenzuela, famoso novelista chileno, que atua no Chile, México, Estados Unidos e Porto Rico, criou obras para televisão, teatro, cinema e tem uma série de livros, mas esta série original Netflix do México carrega todos os traços de uma boa novela, o que não é demérito nenhum, é um estilo popular das séries mexicanas. O país que mais produz novelas no mundo é a Colômbia, o que mais exporta é o México e o que tem a melhor qualidade é o Brasil. A novela é uma obra aberta, os rumos da trama são tomados de acordo com a aceitação do público. Mas uma novela tem aproximadamente 200 capítulos, uma série padrão Netflix tem por volta de 10 episódios por temporada, é gravada toda temporada de uma vez, mas em alguns casos é lançado um episódio por semana.

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Diferente das TVs abertas onde as séries costumam passar dos 20 episódios por temporada, e é bom, porque se algum personagem ou trama não agradar ao público, tem tempo de acertar.
Quem Matou Sara? narra a história de Alejandro Guzmán (Manolo Cardona) que foi condenado injustamente a 18 anos de prisão pela morte de sua irmã Sara. Passados 18 anos de confinamento, ele sai da cadeia disposto a fazer justiça, descobrir quem matou sua irmã, limpar seu nome e se vingar da família Lascano, responsável por sua prisão. Mas não será fácil, Os Lascanos são uma das famílias mais ricas e poderosas do México, eles têm vários segredos, e Alejandro vai usar isso contra eles.


A primeira temporada é bem interessante, tem plots muito bem construídos, traições inesperadas, assim como alianças improváveis, tudo acontece muito rápido. A série é bem dinâmica, como uma boa novela, cada episódio deixa um gancho muito bom para o próximo. A série abre um leque de tramas, mas tudo é bem resolvido. O embate entre Alejandro e Cezar Lazcano (Ginés García Millán) rende bons momentos, principalmente quando Cezar sofre ataques virtuais e tem o sistema operacional de seu cassino invadido por Alejandro. Assim que a personagem Elisa Lascano (Carolina Miranda) aparece na tela, já sabemos sua função na trama, mas é uma boa primeira temporada.


Na segunda temporada a coisa desanda, assassinatos desnecessários, excesso de flashback, uma trama desinteressante e violenta (nada contra a violência, quando ela casa com a história, beleza). Aqui a violência é gratuita, é o choque pelo choque, e o vilão muda, se antes era Cezar Lazcano, agora é sua esposa, Mariana Lazcano (Claudia Ramírez), mas é uma vilã caricata. Outra história de vingança contra os Lazcanos é criada, mas não é bem desenvolvida, é uma história rasa, criada apenas no intuito de preencher o tempo da série, e o clímax da segunda temporada é vexatório, deve ter sido escrito em uma noite de bebedeira dos roteiristas, parece trabalho de amador, se eu for ficar aqui falando dos problemas da segunda temporada, não terei espaço para mais nada.


O que mais me incomodou nesta segunda temporada foi uma inversão de personalidade de Sara. Se na primeira temporada ela era vítima, na segunda ela tem problemas mentais graves e uma relação complicada com a família. Outros personagens também têm características alteradas para servir aos propósitos de transformar Sara em vilã, mas o pior da série não para por aí, deixa um gancho enorme para uma terceira temporada, muito parecido com a primeira temporada, mas sem o mesmo frescor. Não é de fato ruim, mas tinha potencial para mais.


A Série pode ser vista na Netflix. Nota da primeira temporada 7,5\10. Da segunda 5\10.
 

imagemWellberty Hollyvier D’Beckher é formado em artes cênicas pela UFMG, pela faculdade do Rio de Janeiro em crítica e análise de filmes, além de cinéfilo desde os dez anos de idade.

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https://www.youtube.com/watch?v=lziqNaQEFpI&ab_channel=BrazilTrailers

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