Sete Dias Indica

The ACT - Uma loucura levada longe demais

28/03/21 - 07:29

Foto: Brownie Harris (Hulu)
Foto: Brownie Harris (Hulu)

Por Sétima Arte

Wellberty Hollyvier D’Beckher*

Quando em 2017 assisti o documentário Mamãe Morta e Querida fiquei de queixo caído com a história de Gypsy e sua mãe Dee Dee. Era uma história muito louca, uma mãe que fazia a filha acreditar que tinha várias doenças, com histórico médico que ia desde leucemia até intolerância a açúcar. Mas na verdade era tudo loucura da cabeça de Dee Dee para manter Gybsy sob controle e viver de doações de estranhos sem precisar trabalhar, vivendo exclusivamente para a filha. É claro que uma hora isso ia acabar, e acabou de forma trágica, com Dee Dee assassinada e Gybysy presa.


A história das duas de tão maluca, parecia inventada. Na época pensei: daria um filme ou uma série, e não é que a Hulu fez uma série sobre as duas. The ACT que agora chega ao Brasil pela Starzplay, não é uma série linear, vai e volta no tempo, mas de forma geral tudo é bem simples, Dee Dee (Patrícia Arquette), parece à primeira vista uma mãe exemplar, super zelosa e devotada a filha Gybysy (Joey King). Elas se mudam para uma pequena cidade, para uma casa rosa, ganhada de um programa de TV depois de terem a sua casa destruída pelo furacão Katrina.

Logo de inicio uma vizinha das duas, Mel (Chloe Sevigny), fica com o pé atrás com Dee Dee por vê-la usando a filha para roubar em um shopping, mas com sua lábia vai conquistando a vizinha. Na outra ponta Gybsy se aproxima da filha de Mel, Lacey ( Ana Sophia Robb), e as duas passam a ter uma certa amizade.

Uma coisa que chama muito a atenção é a verossimilhança da série, tudo é emulado para ser o mais próximo possível da vida real das duas. A voz de Gybsy que vai mudando ao longo do tempo. Patrícia Arquette vai envelhecendo e se deteriorando na nossa frente, o trabalho de maquiagem e cabelos é fantástico, o primor técnico da série é de encher os olhos, a iluminação que muda de acordo com os sentimentos dos personagens, a trilha sonora sempre pontual a edição ágil que mesmo com 10 episódios de cinquenta minutos cada, não nos deixa desgrudar da tela. É sem duvida uma obra muito bem costurada.

A Síndrome Munchausen, por procuração, é tratada de uma forma séria e responsável, mas como todo ciclo tem um fim, a medida que Gybsy vai crescendo, descobrindo as mentiras da mãe, tendo desejos sexuais, querendo ter sua própria voz, a coisa desanda. É quando ela conhece Nick (Calum Worthy) pelo um APP de namoro evangélico. O rapaz se encanta por ela, eles ficam anos só conversando por vídeo chamada, até que chega um ponto em que a sexualidade dos jovens aflora e eles começam a se masturbar online.

O tempo passa e Nick vai até a cidade de Gybsy. Eles se encontram no shopping e ela consegue despistar a mãe, indo de cadeira de rodas (que ela não precisa, ela anda normalmente) até o banheiro e lá consumam o ato sexual. Depois disso Gybsy passa a ver a mãe como um empecilho à sua felicidade ao lado de Nick. Este, por sua vez, é perturbado mentalmente, diz que tem várias personalidades e uma destas personalidades a pedido de Gybsy aceita matar sua mãe. E assim eles o fazem, matam Dee Dee a facadas, depois fogem para a casa do rapaz, mas são logo pegos e condenados. Nick, por ter assassinada Dee Dee é condenado a prisão perpetua, e Gybsy por ter planejado o crime é condenada a dez anos de prisão.

A série pode ser vista na Starzplay. Nota 8,5/10.
 

imagem *Wellberty Hollyvier D’Beckher* é formado em artes cênicas pela UFMG, pela faculdade do Rio em crítica e análise de filmes, além de cinéfilo desde os dez anos de idade.

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