Elvis - Um filme pequeno demais

Wellberty Hollyvier D’Beckher
Formado em artes cênicas pela UFMG, pela faculdade do Rio de Janeiro em crítica e análise de filmes, além de cinéfilo desde os 10 anos de idade.

Quando deram a noticia que fariam um cinebiografia de Elvis Presley, dirigida por Baz Luhrmann fiquei empolgado, o diretor nunca foi uma unanimidade entre os críticos e cinéfilos, é notável sua habilidade para os musicais, Vem Dançar Comigo e Moulin Rouge são provas disso, mas quando o assunto não envolve musicais, o diretor patina, Austrália, O Grande Gatsiby e Romeu + julieta, nenhum destes três filmes são de fato ruins, Austrália tenta ser muito grandiloquente, o diretor tentou fazer um épico, mas o roteiro é ruim, O Grande Gatsiby, um remake muito abaixo do original de 1949, e por fim Romeu+Julieta, uma releitura moderna do clássico de Shakespeare, que por falta de química entre seu protagonistas, não convenceu ninguém. Faltaram um tempero nestes filmes.

Mas contar a história do rei do rock, poderia ser a redenção do diretor, não foi. Baz Luhrmann faz aqui seu pior trabalho com o material mais rico que tinha em mãos, no filme ele só mostra as fases ruins de Elvis, as controvérsias, tudo narrado por seu empresário explorador, Coronel Tom Parker, mas para que contar a história do cantor na terceira pessoa? O filme mostra alguns conflitos do cantor, mas sem nunca se aprofundar neles, fica tudo na superfície, as origens do cantor, crescido em um bairro de negros e profundamente influenciado por sua cultura, tão rica, aqui é jogada na tela de qualquer maneira, vemos no início ele se mudando para o tal bairro, brincando com outras crianças, ele entra  em uma igreja e tem uma espécie de transe, como se estivesse baixando um santo, e é só isso.

Corta para um acampamento de uma turnê de um cantor, quando o filho do mesmo chega com um EP de Elvis, logos todos se empolgam com a musica negra cantada por um branco, isso é suficiente para despertar a atenção do Coronel que vai até uma apresentação do cantor, lá ele prevê fazer muito dinheiro com o jovem cantor, logo ele está na sua casa falando que vai fazer uns shows com o Capitão, detalhe, não é mostrado o primeiro encontro entre Elvis e Capitão, com poucos minutos de filmes, já são os melhores amigos e logo da a noticia no radio que Elvis foi “vendido” para RCA uma das maiores gravadoras dos Estados Unidos,

Em pouco tempo o cantor é sucesso nacional, mas logo é perseguido pelo senado, porque eles não entendem o porquê do furor do artista de música de negros, com as jovens americanas, que desde sua primeira apresentação ficam loucas com ele, com elas chegando ao ponto de jogarem suas calcinhas no palco, mas que só é mostrado em um show, quando na verdade foi assim durante toda sua carreira, a solução encontrada para acalmar os ânimos do senado é mandar Elvis para o exercito e servir na Alemanha , tem uma cena dele começando a rapar o cabelo, na cena seguinte é mostrado ele com seu cabelo intacto, na Alemanha ele conhece Priscila, seu grande amor, todos do exército, tem cortes de soldados, menos Elvis, que esta com seu topete característico. 

Durante todo seu casamento viveu um relacionamento conturbado com Priscila, fruto das traições do cantor, mas isso é omitido do filme, eles só tem uma discussão, quando ela decide se separar, mas o motivo é outro, ela culpa os remédios que ele tomava em excesso, mas até isso é mal trabalhado pelo filme, Elvis era viciado em álcool, cigarro e remédios, ele tomava cerca de 1200 comprimidos por semana, no seu último mês de vida tomou 12000 comprimidos. No final do filme falam que ele está acima do peso, mas é mostrado com seu corpo sarado, na vida real o cantor chegou estar 90 kg acima do seu peso. O filme tem cenas confusas, às vezes aparecem três ou quatro cenas ao mesmo tempo, e você não sabe o que está acontecendo. O Bom ator Austin Butler faz o que pode na pele do cantor, até arrisca cantar no início do filme, a atriz Olivia Dejonge esta longe da beleza da Priscila original , e Tom Hanks como Coronel, da um Show, se vocês realmente quiserem conhecer a história do rei rock, indico o livro, Elvis, de Alfred Wertheimer, neste livro você vai encontrar a verdade por trás do mito.

O filme pode ser visto nos cinemas, chega dia 29 no HBO MAX nota 3,5/10 

Sétima Arte

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