Sete Dias Indica

O cinema através dos tempos e sua reinvenção na pandemia

28/09/21 - 08:58

Foto: Getty Images
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Por Sétima Arte

Wellberty Hollyvier D’Beckher

Desde que os irmãos Louis e Auguste Lumière, em 1895, projetaram pela primeira vez um filme em um café de Paris, o cinema passou por diversas transformações. No início, os filmes eram seriados, eram pequenos curtas metragens, que no todo formavam um filme. Eram exibidos em lugares chamados Nikelodeons, cuja a entrada eram cinco centavos. Eram populares entre a classe trabalhadora, pois o preço de sua entrada era inferior ao cobrado pelas peças de teatro. Foi a graças a popularidade dos Nikelodeons que o cinema se estabeleceu na indústria, promovendo entretenimento as pessoas.

Depois veio os longas metragens, filmes que com apenas uma seção contavam uma história completa, mas não tinha som, o cinema era mudo, orquestras acompanhavam as seções e letreiros na tela ajudavam na compreensão do filme. Nomes como Charlie Chaplin, Harold Lloyd e Buster Keaton, lotavam os cinemas. Depois veio o cinema falado. A primeira exibição de um filme falado foi no dia seis de outubro de 1927, com a exibição de O Cantor de Jazz, filme que entrou para história por ser o primeiro a ter cenas faladas e cantados em tela de forma eficaz. O sistema usado era Vitaphone, lançado no ano anterior pela Warner Bros.

Mas o cinema estava em constantes transformações. Foi descoberto recentemente uma das mais importantes revelações históricas do cinema, acreditava-se que o primeiro filme a cores teria sido produzido em 1909, porém, conservadores do National Media Museum, localizado em Bradford, Inglaterra, divulgaram para o mundo aquele  que  realmente teria sido o primeiro filme em cores, com a data de produção provável entre 1901 e 1902. O filme foi encontrado no museu, foi restaurado, e já se encontra em exibição no local.

O ano mais marcante do cinema em cores foi 1939, ano de lançamento dos clássicos, O Mágico de Óz, e do ultra popular ...E o Vento Levou. Este, inclusive ainda hoje, se corrigida a inflação, é a maior bilheteria de todos os tempos, tendo faturado nada mais nada menos do que US$ 3,57 bilhões, aproximadamente R$ 12,86 bilhões. Naquele ano o mundo ficou de queixo caído com estas produções e suas exuberâncias. Se os filmes ainda impressionam nos dias de hoje, imaginem em 1939?

Durante sua história grandes filmes foram lançados títulos como A Malvada, Casablanca, Cleópatra, O Sétimo Selo, Amacord, Ran, E.T O Extraterrestre, Avatar, Vingadores e muitos outros ajudaram a fortalecer o cinema, levando multidões e dando credibilidade. Movimentos cinematográficos surgiram como Expressionismo Alemão, Nouvelle Vague, Nova Hollywood, Cinema Novo e Dogma 95, só para citar alguns. Todos acrescentaram e agregaram algo de positivo ao cinema.

Mas algo impensável aconteceu, o mundo parou e com ele o cinema. Ficamos quase dois anos sem poder ir ao cinema e os Streaming se fortaleceram. Plataformas como Netflix, Amazon Prime, HBO Go, Stars, Hulu, Crakle e Google Play se fortaleceram ainda mais porque já vinham de uma onda crescente. O Oscar 2021 foi dominado por eles, grandes lançamentos foram adiados, outros foram direto para às plataformas. Mas não é a mesma coisa, não é mesmo, o encanto de ver um filme no cinema, naquelas telas gigantes, com o melhor do sistema de som, não tem preço.

Mas agora, aos poucos, o cinema está voltando, mas com público reduzido. Filmes que em outros tempos lotariam as salas de cinema, hoje estão levando alguns gatos pingados, a população ainda está com medo de se aglomerar em uma sala escura, e quem pode tirar a razão dela? Milhões de pessoas morreram em todo mundo, títulos que seriam grandes sucessos de bilheteria, como Tenet, Um Lugar Silencioso parte dois, Velozes e Furiosos 9, mal se pagaram. Acho que ainda é cedo para voltarmos a lotar uma sala escura, até o filme mais esperado do ano, o Duna, do aclamado Denis Villeneuve, pode ser um fracasso de público, mas de quem é a culpa? Não tem um culpado, não foi só o cinema que entrou em crise, o mundo está em crise. No Brasil a carne está 40 reais o kg, o feijão 10 reais, o óleo de cozinha 9 reais, o gás está 110 o botijão. Você vai ao sacolão com 50 reais e não compra nem o básico, então o cinema, que para nós era a diversão do final de semana, hoje é artigo de luxo, mas vamos superar isso, com fé em Deus.
 

imagemWellberty Hollyvier D’Beckher é formado em artes cênicas pela UFMG, pela faculdade do Rio de Janeiro em crítica e análise de filmes, além de cinéfilo desde os dez anos de idade.

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