por Celso Martinelli
Considerada a capital mineira do ecoturismo, Conceição do Mato Dentro encontra-se na Região Central de Minas, distante a aproximadamente 163 km de Sete Lagoas e Belo Horizonte. É destino de muita gente de toda nossa região. No entanto, com as restrições impostas pela pandemia da Covid-19, o turismo e rede hoteleira do complexo tiveram que se reinventar para atender com segurança e passar quase que ilesos pela crise.
Geraldo Afonso Costa Lima, vice-presidente do Conselho Municipal de Turismo e diretor (de turismo) da Associação Comercial e Industrial de Conceição, conta em entrevista ao SETE DIAS como o segmento turístico vem convivendo com as restrições. Fala também sobre o abre e fecha das principais rotas e cachoeiras da região, a retomada gradual às atividades e como o setor está se preparando para receber bem e com segurança, lembrando que o Carnaval também está vetado por lá:
Qual o impacto da pandemia no turismo local?
O impacto foi muito grande desde o início da pandemia, de março do ano passado, até agora. A crise atingiu toda a cadeia do turismo de forma significativa. Em Conceição do Mato Dentro, o alento foi que o serviço de hotelaria foi considerado como atividade essencial dentro do plano Minas Consciente. Com o turismo habitual comprometido, atendemos o público da mineração, atividade essencial para o país, que continuou na ativa. Dessa forma continuamos a hospedar, com todas as restrições, limitações e cuidados previstos no plano estadual. O pessoal foi capacitado para receber com segurança e evitar a propagação do vírus.
As principais rotas e cachoeiras, como a Tabuleiro, estão fechadas. Como o movimento foi afetado e o setor reagiu?
O turismo de final de semana diminuiu muito com o abre e fecha das cachoeiras. O turista sempre vem em busca dos parques naturais, então com o fechamento esse movimento caiu demais. Consideramos que os parques naturais não devam ser fechados, desde que haja maior controle de acesso. Não é caminhar no meio ambiente, ao ar livre, que a pessoa estará mais sujeita à contaminação, já que também vai ao supermercado, utiliza o ônibus cheio e por aí vai. Então nossa luta é por manter os parques naturais e cachoeiras abertas, com controle, protocolos sanitários e restrições previstas...os restaurantes e rede hotelaria são muito afetados quando do fechamento absoluto.
A atividade mineradora tem sido um alento em meio à crise?
Conceição está descobrindo uma nova vocação, que é a mineração e o turismo. O impacto é positivo no comércio e rede hoteleira, que hoje tem capacidade de atender e com qualidade. Muita gente que veio a trabalho, com a mineração, virou verdadeiro cidadão conceicionense. Assim como o segmento empregou boa parte dos moradores da cidade. Como todo negócio, há impactos positivos e negativos, como a parte da degradação. Mas estamos no estado de Minas Gerais, que como o próprio nome já diz, vive da mineração.
Quais perspectivas do setor turístico para 2021?
Esperamos que o poder público, em suas diferentes esferas, encontre um meio termo para lidar com a crise. A pandemia chegou para ficar e a vacina chegou também, é preciso paciência. Já estamos lidando com o problema através de boas práticas, capacitação de pessoal, disciplina e muita informação. Levamos essa capacitação a diferentes localidades para que os trabalhadores do receptivo turístico estejam preparados, o trabalho é conjunto. Atualmente o IEF está coordenando o lançamento da Rota das 10 Cachoeiras, que já conta com a Bike Station e vai contar com quiosques com energia e pontos de apoio. As perspectivas são boas e vamos buscar fortalecer cada vez mais a cadeia do turismo e também de eventos. Para este ano tem o Brasil Ride Espinhaço (de 4 a 8 de maio), Festival de Jazz, o Jubileu do Senhor Bom Jesus do Matozinhos, Brou Aventuras e o Projeto Matriz. Mas tudo vai depender do andamento da vacinação e das determinações do plano Minas Consciente. Agora é imunizar a população e seguir em frente.
SAIBA MAIS
A Associação Comercial e Industrial de Conceição do Mato Dentro representa cerca de 50 pousadas, que oferecem juntas aproximadamente 1.200 leitos de hospedagem somente na cidade. Além destes, há outros 400 leitos que são locados em povoadas e por famílias da região. A Rota das 10 Cachoeiras consiste em um percurso de 34 km, que poderá ser percorrido a pé, a cavalo ou de bicicleta e que também será sinalizado. O caminho se dá saindo da MG 010, em Três Barras, em direção a Conceição do Mato Dentro até a comunidade de Candeias/Baú. As 10 cachoeiras são: Três Barras, Peixe Cru, das Andorinhas, do Tabuleiro, do Congonhas, do Altar, Rabo de Cavalo, Cânion do Peixe Tolo, da Gurita e Cachoeira do Roncador (ou Prainha).
