Ainda não foram registrados casos de intoxicação provocada por bebidas alcoólicas adulteradas em Sete Lagoas ou cidades da região, mas o crescente número de ocorrências, inclusive com cinco mortes, gera desconfiança nos consumidores e já afeta o mercado

Da redação
A recente onda de intoxicações provocadas por bebidas alcoólicas adulteradas com metanol, que já resultou em mortes, em São Paulo, e dezenas de atendimentos hospitalares, mudou hábitos de consumo (veja o Ponto de Vista ao lado) e reflete diretamente no mercado dos produtos. Bares, distribuidoras e produtores de eventos confirmam que destilados e drinks tradicionais com grande saída já estão sendo preteridos.
Segundo o último boletim oficial divulgado pelo Ministério da Saúde, na quarta-feira, 8, no Brasil já haviam sido confirmados 24 casos de intoxicação. Os registros foram confirmados em São Paulo (com cinco mortes), Paraná e Rio Grande do Sul. Apesar de Minas Gerais não fazer parte da estatística, o reflexo desta nova crise já chega em Sete Lagoas e região.
O produtor de eventos Denilson Lanza confirma que essa recente onda de contaminação tem impactado o comércio local de determinadas bebidas, especialmente o gin. “Afetou bastante. Algumas pessoas acabam ficando receosas em consumir. O gin, principalmente por ser a bebida do momento, acabou se tornando o maior vilão. O que procuro fazer é sempre comprar bebidas em locais de procedência comprovada e que emitam nota fiscal. E, claro, é importante que haja uma fiscalização atuante, para não prejudicar quem trabalha de forma correta”, ressaltou.

Alex Meneses é um dos proprietários da distribuidora Club da Bebida e com oito anos de mercado em Sete Lagoas também confirma uma queda nas vendas. “Essa crise causou uma queda nas vendas, justamente em um momento de crescimento natural com a chegada do calor. A confiança do consumidor está diretamente ligada à seriedade e ao comprometimento de quem vende. Por isso, nosso cuidado é comprar exclusivamente de fabricantes oficiais”, comenta. Para ele, a fiscalização tem papel fundamental em um processo de recuperação. “A fiscalização tem que ser constante, com visitas aos estabelecimentos e exigência da nota fiscal de entrada dos produtos, garantindo a rastreabilidade e a origem segura das bebidas”, aponta.

Para Danilo Queiroz, sócio-proprietário da Zero Grau Delivery, em Prudente de Morais, as notícias impactaram todos que atuam no segmento de bebidas, desde os pequenos comerciantes até os grandes atacadistas. “Aqui, as vendas caíram um pouco quando estourou o problema em São Paulo, mas como ainda não há casos em Minas Gerais, o pessoal vai voltando às compras aos poucos”, conta.
Segundo ele, pela experiência no segmento de bebidas, a falsificação normalmente ocorre, principalmente, em garrafas de rosca e sem dosador. Entre as marcas que mais apareceram em reportagens estão Gin Rocks, Gin Eternity e Intencion. “Nós trabalhamos somente com empresas que fornecem nota fiscal, e temos todas elas aqui na loja, caso o consumidor queira verificar a originalidade dos nossos produtos”, conclui.
Adriana Branco foi uma das primeiras promotoras de grandes eventos de Belo Horizonte, empresária do setor, famosa também pelo comando da L’Apogée, boate que foi o maior sucesso da noite da capital nos anos 1980/1990, junto com Jajá Jácome. Com sua larga experiência, faz importante alertas indicando, inclusive que os maiores fornecedores de garrafas vazias para falsificadores são os próprios bares, boates, restaurantes e eventos. “O ideal é que descartem garrafas vazias quebrando o bico. É apenas uma pequena contribuição para derrubar uma gigante cadeia de falsificação”, aconselha.
Para Adriana Branco, o problema também está na compra de bebidas. “Toda oferta de vantagem duvidosa e de produto mais barato, tem que ter algo errado. Só comprar com nota fiscal também não garante a procedência. É importante comprar de fornecedores com credibilidade, e credibilidade significa pagar preço de mercado, nunca abaixo”, ressalta.