Conversa ao telefone

21/06/23 - 12:00

O celular facilitou nossa vida. Podemos conversar com pessoas de diversos países só com um simples toque. O zap, zap então nem se fala,  mas nem tudo é um mar de rosas.
    Outro dia fui à Belo Horizonte de ônibus ou melhor lotação, parecia que estava no meio de uma escola de samba, tudo batia, e nem por isto tive desconto na passagem.


    Adoro viajar ao lado da janela, observando as nuvens no céu , as paisagens, lugares, pessoas que passam naquele quadrado ao meu lado. Era uma manhã de sábado, estava um dia lindo, claro, um sol bem radiante. Estava sozinha, momento de reflexão, aquietar um pouco esta pessoa desinquieta , “euzinha”. Mas todo meu entusiasmo passou quando nas poltronas ao lado da minha estava um casal  de idosos. A senhora conversava ao celular, ou melhor gritava, parecia querer compartilhar com todos sua conversa. Mesmo quem não quisesse participar não tinha jeito, num instante percebi que falava com seu filho. Foi a viagem toda dando conselhos, dando dicas de como administrar o dinheiro, do outro lado da linha, o filho também gritava, deve ser costume familiar.
    Todos se sentiam incomodados, menos o senhor ao lado da tagarela, ele parecia estar em casa, na melhor cama, dormia tranquilo, só podia ser surdo ou já tinha acostumado a conviver com aquela gritaria.


    Meu olhar não conseguia focar na paisagem, pensava em como as pessoas estão carentes e expõem tanto suas vidas. Necessitam de alguém que escute o que têm a dizer. Um recurso tecnológico tão importante passou a ser um meio de exposição da vida particular. Resolvi pensar positivo como sempre faço, teria material para escrever uma crônica, mas sossego nenhum, kkkk.
    Quando chegamos em BH logicamente a conversa acabou, era preciso descer, pegar as malas, o senhor espreguiçou calmamente, invejei sua tranquilidade e serenidade. A vontade era de falar com a senhora que da próxima vez mandasse mensagens.
    Lá fora minha filha me esperava , para trás ficaram as nuvens , paisagens que em outra viagem serão admiradas, assim espero. 


                                                  Èlida Gontijo-junho de 2023.
 

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