Toninho Horta: Tem uma galera da música muito legal em Sete Lagoas

19/10/17 - 13:58

O guitarrista Toninho Horta comemora 50 anos de carreira e lança o songbook
O guitarrista Toninho Horta comemora 50 anos de carreira e lança o songbook "108 partituras" neste sábado em Sete Lagoas.

O guitarrista Toninho Horta, uma das maiores referências mundiais, vem à cidade lançar seu songbook em noite de bate-papo, autógrafos e música

 

Considerado o 5º maior guitarrista do mundo pela conceituada publicação musical londrina "Melody Maker", Toninho Horta leva na bagagem mais de 20 CDs gravados e outras dezenas de participações em discos de gigantes da música popular brasileira (como Gal Costa, Nana Caymmi, Elis Regina e Milton Nascimento, entre vários outros artistas do Clube da Esquina). Com uma concepção sofisticada, é "um dos músicos mais inspirados no mundo no que diz respeito à melodia e harmonia", como diria Pat Metheny.

 

Artista sem fronteiras, Toninho chega aos 50 anos de carreira com um estilo de tocar que o consagrou mundialmente como um dos líderes no ranking dos melhores e mais admirados artistas da atualidade. Às vésperas de lançar o songbook "108 partituras", em Sete Lagoas, dentro da programação do "Buena Vista Jazz & Blues Festival", neste sábado, 21, às 20h, no auditório da ACI (rua Nicola Lanza, 140, Centro), ele falou ao SETE DIAS. Após a sessão de autógrafos, o músico apresenta algumas canções e estará disponível para autografar seu livro e CDs. Informações: (31) 99868-8300.

 

São quantos anos de carreira?

Completei 50 anos de carreira esse ano. Iniciei profissionalmente em 1967 no 2º Festival Internacional da Canção, o Milton foi com Travessia, eu tinha músicas também. Fiz esse livro em um momento bem propício. É uma retrospectiva do meu trabalho desde 14 anos.

 

Você é uma forte influência para várias gerações de músicos. E para você, quais foram suas influências?

Eu já tocava violão desde os 9 anos. Sou autoditada, mas desde menino ouvi muito jazz com meu irmão; Frank Sinatra, Henry Mancini, Ella Fitzgerald, orquestras de filmes. Minha mãe ouvia música clássica e meu irmão ouvia jazz. Quando veio o disco do João Gilberto, o Chega de Saudade (1959), harmonicamente ali já tinha tudo, o batido da bossa nova, fiquei encantado. Tirei tudo no violão.

 

Como foi a história em que George Benson esteve no Brasil e quis te conhecer?

Ele veio tocar no Brasil há uns 10 anos. Levei uns discos meus pra ele no hotel depois de um show e ele resolveu descer. Eu estava no piano bar com uma turma. Ele veio ficar conosco, tiramos o violão e começamos a tocar. Ele ficou doido. Ficamos até às 4 da manhã tocando, todos emocionados. No dia seguinte os produtores dele ficaram me procurando para produzir um disco dele aqui. Fomos para São Paulo e produzi um disco com ele, que continua inédito até hoje. Foi uma produção independente e a gravadora não quis bancar. Mas ficou um disco lindo.

 

Você tem uma carreira bastante consolidada no Japão. Com que frequência vai lá?

Fiz muitas amizades no Japão, gravei alguns projetos para algumas gravadoras lá, já toquei com grandes músicos japoneses, embora fale apenas uma dez palavras em japonês (risos). Vou lançar esse ano um disco lá com minha Orquestra Fantasma (nome da banda que me acompanha). Eu ia ao Japão todo ano desde os anos 90. Fui lá 28 vezes já. Fiquei apaixonado pela recepção dos japoneses. Sou muito querido lá. É uma história à parte.

 

Por quais outros países já se apresentou?

Tenho ido muito para a Europa. Vou sempre à Italia. Recentemente tenho ido mais à França e Alemanha. Vou ver se consigo uma distribuição do meu songbook lá, já que o livro é bilíngue. Vou pros Estados Unidos semana que vem e darei uma masterclass na Berkeley School of Music, de Boston, a maior escola de música do mundo. Depois farei alguns shows em Nova Iorque.

 

Na sua opinião, quem vem se destacando na nova geração de guitarristas?

Recebo muitas demos, de repente aparecem algumas surpresas. Tem o Nelson Veras, da Bahia, que mora em Paris. É um cara excelente. Tem um baixista de 20 anos do Ceará, Michel Pipoquinha. O cara é um absurdo. É muita gente. Ouço os CDs que o pessoal me dá no carro, quando viajo. É quando tenho tempo. De BH tem o Felipe Vilas Boas, o Mateus Barbosa e o Expedito Andrade, entre outros.

 

Como foi a concepção do songbook?

Foram quatro anos de muita batalha, recolhendo as partituras, tentando manter os arranjos originais o máximo possível. Depois, transcrever as músicas, escolher o modelo de cifragem. Fiz um capítulo só de diagramas para piano e violão. Por isso acabou demorando. As autorizações de direitos autorais, fotos, depoimentos de músicos também levaram um bom tempo. Foi ficando quase uma autobiografia, já que fiz textos com quem toquei, minhas influências. É uma produção independente e custeei tudo do meu bolso. Estou mandando exemplares para o Japão e algumas pessoas na Europa também pedem. E, agora que vou para a América, vou divulgar lá também.

 

Quais são seus próximos projetos?

Em dezembro lanço dois discos em homenagem a Belo Horizonte, com minha banda, a Orquestra Fantasma, com músicas inéditas e alguns clássicos. É um trabalho muito bacana, mais instrumental.

 

Você já esteve em Sete Lagoas outras vezes, inclusive este ano. Tem alguma história envolvendo a cidade?

Sempre tive amigos em Sete Lagoas. Sou muito amigo da artista plástica Fernanda Castanheira, que fará ambientação com alguns quadros no dia do evento. Quando ela vem me visitar, ficamos relembrando alguns clássicos americanos. O Paulinho, que tem uma academia de capoeira, sou muito amigo da irmã dele. Ia aos fins de semana e caminhava na lagoa. O próprio Chico Maia é um amigo muito querido. Vai ser bom que vou juntar as duas coisas: lançar o livro e rever os amigos. Tem muito músico em Sete Lagoas também. Na última vez em que fui, tinha uma galera da música muito legal.

 

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