Lutar por amor

"O segundo é igualmente importante: 'Ame o proximo como a si mesmo'. Nenhum outro mandamento é maior que esse" (Marcos12:3)

17/12/22 - 10:00

 Qual é o sentido de “lutar” pelo amor de alguém?
Antes de responder a esta pergunta, é preciso abordar outras duas: qual o significado do amor e o que se busca ao amar?
Hierarquicamente, colocamos o amor como o mais bondoso, puro, sincero e sublime sentimento. 
Cientificamente falando “a psicologia do amor, define esse sentimento como sendo, não simplesmente o gostar em maior quantidade. É um estado psicológico qualitativamente diferente. Isto porque, “ao contrário do gostar, o amor inclui elementos de paixão, proximidade, fascinação, exclusividade, desejo sexual e uma preocupação intensa.” (https://psicoter.com.br/o-amor-segundo-a-psicologia/)
Portanto, ao amor se atrela demonstrações voluntarias de carinho, afeto e bom grado em compartilhar, coisas boas e ruins.
Amar é entrega, portanto, o que buscamos é receber exatamente a contrapartida do que é ofertado, na mesma moeda.
Amamos na busca de sermos amados!
Aí é que está o cerne da questão: não faz sentido lutar pelo amor de alguém. 
Por ser puro sincero e exclusivo, deveria ser espontâneo. Pode e deve sim ser conquistado e construído. Mas disputado? Jamais!
Onde existe amor, prevalece a paz. A luta existe onde há interesses opostos, e se são opostos, não há exclusividade e nem reciprocidade.
Porque “lutar” para que aceitem o que você tem a oferecer gratuitamente de melhor? 
Na “luta por a mor”, no meio de uma vontade recíproca, há um abismo que impede a junção de dois polos.


Havendo resistência em um dos lados, alguém, por alguma razão, não optou ou não teve a coragem suficiente de enfrentar a própria luta para estar com vc. O outro lado se mantém convenientemente confortável e seguro em não fazer uma escolha, essencialmente individual e incondicional.
O segundo mandamento transcrito no cabeçalho nos direciona a amar o próximo como a si mesmo.
O que muitas pessoas não compreendem é que ele fala de amor próprio e não de amar incondicionalmente o outro.
Antes de amar o próximo é preciso se amar: “como a ti mesmo”.
Primeiro eu me amo, mantendo onde sou cuidado, aceito, bem tratado e de preferência, amado.
Depois, amo o outro, da mesma forma e intensidade do amor que sinto por mim.
A “luta por amor” é o contrário.  Corresponde à falta do cuidado próprio e ao contentamento de migalhas oferecidas por quem não lhe tem como prioridade.
Quem cobra para amar detém um ego vaidoso e uma personalidade indecisa, que alimenta de fraquezas alheias para sustentar a própria insegurança de não saber quem é ou o que verdadeiramente sente.
Aprendi que nessa vida uma luta só faz sentido em duas situações.
A primeira, interna, contra os próprios vícios, lascivas, vaidades e imperfeições. A segunda, externa, contra todo mal e obstáculos que te impede de vencer a primeira e tornar-se alguém melhor.
Você não luta pelo amor de alguém. Você luta por alguém, que você ama e não pode se defender ou junto dela, em prol de um objetivo comum.
Amor só faz sentido quando compartilhado. Se existe disputa, não há a menor razão de ser.
Quem luta sozinho por alguém, já perdeu a batalha, por estar ocupado demais para lutar por si mesmo. Se renda, pois, ainda que vença e tenha ao lado quem por tanto batalhou, continuará derrotado, por não ser a você mesmo a sua maior prioridade.

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