CULINÁRIA INTERNACIONAL

Wanderlei Guedes da Silva

Ai meu Deus que maravilha,

Eu comi lá em Sevilha!

Salmão com salsaparrilha,

Com bom molho de ervilha,

Servido numa vasilha

Redonda feito uma bilha;

Depois eu fui pra Espanha

E lá comi foi lasanha,

Mui bem passada na banha, 

Que sempre se acompanha,

Com goladas de champanha;

Depois fui pra Portugal,

Um país sensacional,

Onde comi bacalhau,

Oriundo de Nassau –

O de lá não é legal;

Dalí fui para o Japão

Foi uma decepção,

Comi grilo e escorpião,

Assados lá num fogão,

Que ficava ao rés do chão;

E viajei para a China,

Tinha lá uma chininha,

Uma menina miudinha,

Que servia vitamina,

Com sabor de tangerina

E nacos de gelatina;

Daí eu fui para a França,

E foi uma comilança,

Uma tamanha lambança,

Que entupiu a minha pança.

Comi qual uma manipança,

E perdi a esperança

De participar da dança

Que se faz usando lança.

Fui traído na balança;

Continuei a andança

E fui para a Inglaterra.

Onde o cheff nunca erra,

Se errar ele se ferra,

Nem adianta se berra,

Se reclamar vai pra terra,

E numa cova se enterra.

Então voltei ao Brasil,

Um país que é nota mil,

Tratado como nunca se viu.

Aqui eu como é rabada,

Tropeiro com rabanada,

Macarrão, arroz, salada,

Dobradinha, feijoada,

A sardinha empanada,

Queijo com goiabada,

Requeijão, ricota, coalhada,

Carne seca ou marinada,

De sol, charque ou ralada,

É uma fartura danada,

No final não sobra nada.

Mas morar está difícil

Neste querido Brasil,

Pela alta do pernil,

Aqui não come titiu.

Sob um sol de azul anil,

Ninguém mais come Biriu,

Bebem igual a um funil,

Pensando só no xibiu,

E na nota de dois mil,

Que acho que já sumiu.

Foi pra PQP.

Se comer muito desmaia,

Palavras de Chico Maia.