É preciso equilibrar desenvolvimento econômico e preservação do meio ambiente

Por Priscila Horta

Em entrevista ao Jornal Sete Dias, Maria Honorina Pereira Rocha, gestora do Monumento Natural Estadual Gruta Rei do Mato, fala sobre o desafio de equilibrar a preservação do patrimônio natural com a promoção do turismo. Também ressalta a falta de investimentos em infraestrutura e marketing turístico que considerem a sustentabilidade como prioridade, a crise climática que impacta diretamente o meio ambiente e finaliza dando um conselho às nossas leitoras: “Acreditem em seus sonhos”.

SETE DIAS – Fale um pouco sobre a sua trajetória profissional.
Maria Honorina Pereira Rocha  –
Comecei minha carreira profissional na Secretaria de Estado de Esportes, Lazer e Turismo em Belo Horizonte. Em 1991, fui transferida da Secretaria de Turismo para o IEF em Diamantina, onde permaneci por 20 anos. Em 2012, pedi minha transferência para o IEF de Sete Lagoas. Minha formação acadêmica e a experiência adquirida ao longo dos anos me levaram a assumir a gestão do Monumento Natural Estadual Gruta Rei do Mato, um dos maiores atrativos naturais de Minas Gerais, localizado em Sete Lagoas. Minha relação com a cidade é de participação ativa, refletindo meu compromisso com a preservação ambiental e o desenvolvimento sustentável da região.

Honorina entre a mãe Zilda, o pai Aristides e a filha Maria Clara (direita)

SD – Qual a sua relação com Sete Lagoas?
Maria Honorina –
Minha relação com a cidade de Sete Lagoas é muito intensa. Participo do Conselho Municipal de Turismo (COMTUR), do subcomitê Jequitibá e do Circuito das Grutas. Também atuo em diversos projetos de educação ambiental em escolas e empresas. Tudo isso é fundamental para contribuir com o desenvolvimento e a promoção do turismo na cidade, além da valorização de suas riquezas naturais e culturais.

Maria Honorina Pereira Rocha, gestora do Monumento Natural Estadual Gruta Rei do Mato (MNEGRM), com o companheiro José Milton Neves Leite

SD – Como gestora do Monumento Natural Estadual Gruta Rei do Mato, qual é o seu maior desafio?
Maria Honorina –
O maior desafio na gestão do Monumento Natural Estadual Gruta Rei do Mato é equilibrar a preservação do patrimônio natural com a promoção do turismo. É fundamental que a população conheça um dos atrativos mais importantes do Estado e da cidade. Além disso, é essencial educar os visitantes sobre a importância da conservação e garantir que o aumento do fluxo turístico não prejudique o ecossistema, assegurando o desenvolvimento sustentável.

SD – O que não conseguiu executar enquanto gestora da Gruta, mas que ainda pretende realizar?
Maria Honorina –
Um dos projetos que ainda gostaria de implementar é o estudo de ampliação da área de proteção do monumento e, quem sabe, a mudança de categoria de monumento para parque. Isso traria para os sete-lagoanos uma área extremamente importante e significativa, que poderia ser estruturada e aberta à visitação.

SD – A política pública de preservação do meio ambiente avançou no município desde que assumiu o monumento? Em quais pontos?
Maria Honorina –
Observamos poucos avanços nas políticas públicas de preservação ambiental em Sete Lagoas, principalmente nas áreas criadas como as Áreas de Proteção Ambiental (APAs). Elas foram estabelecidas, mas não houve a devida implementação para a gestão dessas áreas. É necessário conscientizar a população sobre a importância da conservação dos recursos naturais da cidade. Parcerias com escolas e organizações locais podem fomentar ações educativas e incentivar um maior envolvimento da comunidade na proteção do patrimônio ambiental.

SD – As políticas de desenvolvimento econômico associadas à promoção de destinos turísticos podem ser benéficas ao meio ambiente?
Maria Honorina –
Sim, quando alinhadas com práticas sustentáveis, essas políticas podem beneficiar o meio ambiente. O turismo pode gerar recursos para a conservação e promover a valorização dos ecossistemas locais. É fundamental que os investimentos em infraestrutura e marketing turístico considerem a sustentabilidade como prioridade, evitando a degradação ambiental.

SD – Quais são as principais demandas do Monumento Gruta Rei do Mato hoje?
Maria Honorina –
As principais demandas incluem a necessidade de um projeto de videomonitoramento na Unidade de Conservação, a implementação de práticas de proteção contra incêndios e a instalação de sinalização nas proximidades da Gruta para reduzir os atropelamentos da fauna. Além disso, há uma grande necessidade de ampliar os programas de educação ambiental para os visitantes, bem como de manutenção e recuperação de áreas impactadas.

SD – A crise climática impacta diretamente o Monumento? O que você tem observado nos últimos anos?
Maria Honorina –
A crise climática tem, de fato, impactos diretos no meio ambiente, e no Monumento não poderia ser diferente. Nos últimos anos, temos observado alterações no regime de chuvas, que afetam a formação das grutas e a vegetação ao redor. Eventos climáticos extremos, como secas ou chuvas intensas, têm se tornado mais frequentes, o que exige uma adaptação constante nas estratégias de gestão. Um dos impactos mais prejudiciais ao Monumento são os incêndios florestais, que se tornam ainda mais graves com a falta de chuvas.

SD – Estamos no mês de março, período em que várias ações são realizadas em reflexão ao Dia Internacional da Mulher. Qual conselho pode deixar para as nossas leitoras?
Maria Honorina –
Meu conselho é que todas as mulheres busquem sempre o autoconhecimento e valorizem suas capacidades. Acreditem em seus sonhos e não tenham medo de buscar seus objetivos, mesmo diante dos desafios. A união e o apoio mútuo são fundamentais para superarmos obstáculos e construirmos um futuro melhor, tanto para nós quanto para as próximas gerações. E, acima de tudo, acreditem sempre!